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Há algum tempo venho tentando falar sobre D’Alessandro, quase sempre interrompido pelos resultados de campo e por outras patifarias da nossa direção. É um tema espinhoso, eu sei. Muitos aqui entendem que os problemas maiores passam pela sua (in)gerência dentro do vestiário e, quiça, do próprio Clube. Outros acreditam que sua presença no campo limita a ascensão de outros jogadores ou mesmo a busca de jogadores da mesma características; ou ainda que o time fica previsível com sua titularidade. Muitos, aliás, acreditam em tudo isso que já escrevi.

Mas, e a vida é cheia deles, ainda boa parte da torcida (quem sabe uma ligeira maioria) acreditam que D’Alessandro ainda é indispensável ao time, ao vestiário e ao Clube. Uma relação de amor e ódio, enfim, entre tapas e beijos.

E o que eu acho de tudo isso? Serei honesto: não sei. Estou em cima do muro? Não. Primeiro que eu nunca quis ser dono da verdade por aqui, tanto que já admiti mudar de ideia muitas vezes. Assim como já defendi a manutenção do D’Alessandro no time, ou ao menos no grupo. Particularmente, fosse ele, já tinha parado ou procurado uma liga mais tranquila para jogar futebol. Nos EUA, por exemplo, aliando a manutenção da pratica do que mais gosta com uma qualidade de vida indiscutível para a família. Mas talvez ele não queira isso. Talvez entenda que falte alguma coisa para marcar seu nome de vez na história do Internacional. Se ficar mais uma temporada, por exemplo, tende a alcançar a segunda colocação do jogador que mais vezes vestiu o manto sagrado Colorado. Um grande feito, gostem ou não. Ou quem sabe pense o gringo que lhe falta um título nacional. Se tivéssemos vencido a Copa do Brasil ele pegava o boné no final do ano? Eu penso que sim, mas tudo o que escrevi nesse parágrafo é o que eu penso, obviamente.

A realidade é que tirando um fato evidenciado de conflito com o atual técnico da Seleção Brasileira, há uma década, não se tem registro de reclamações acerca da sua postura quer por dirigentes ou mesmo por jogadores ou treinadores. Logo, tudo é muito imaginário, de que a derrocada passa pela centralização do poder, dentro e fora de campo, na figura dum único jogador: D’Alessandro. Por isso eu não vou entrar na onda de culpabilização que muitas vezes ocorre por aqui, ao passo que também não vou achar que o argentino é santo. Eu não sou e você leitor também não é, convenhamos.

Nesta toada, creio que um talvez endeusamento da figura do D’Alessandro como único capaz de ser o maestro do time, por nós mesmos torcedores e muito por dirigentes que na maioria das vezes terceirizam a sua responsabilidade à figura do Capitão (ainda não surgiu outro efetivo, vamos combinar. Dourado? Lomba? Não dá né.), como cortina de fumaça a gestões ou incompetentes ou insuficientes, seja quem sabe o problema gerado com o tempo. E com isso o jogador é uma clara vidraça, que a meu ver está sempre exposto e não se furta disso. Ahhh mas nas crises ele nem sempre aparece. Senhores, eu empurro muita bronca para a minha mulher quando não estou com saco para determinadas coisas. Porque D’Alessandro teria de dar a cara a tapa sempre? Sei lá, as entranhas dum clube de futebol fedem na maioria das vezes, de modo que ficar quieto talvez seja até melhor em um ambiente movido pela paixão. Erra, todavia, com os constantes “pitis” dentro de campo, algo realmente injustificável após tanto tempo.

A culpa maior, todavia, é de quem deixou o D’Alessandro se tornar um intocável dentro do time e mesmo do grupo, quem terceirizou a ele as responsabilidades, quem colocou para comandar ele pessoas que não ganharam um décimo das faixas que ele tem no peito; e, principalmente, quem nunca tentou ao menos buscar uma sombra e que sequer procurou, até o momento, um substituto. Fica difícil taxar D’Alessandro quando as comparações não ajudam. Como reclamar do D’Alessandro em campo quando no banco tem Neílton? Ou mesmo Sarrafiore que sequer a mesma característica possui…

Entendo quem esperava uma posição mais firme minha, mas eu não me julgo seguro para tal. Contudo, penso que essa relação de fato já vem se alongando demais e uma ideia diferente de futebol para o Internacional passa, talvez, por uma virada de página. E se um ciclo tende a terminar em 2019 para o Inter, talvez seja a deixa para D’Alessandro ter seu nome ventilado somente na história, daqui para frente, com o maior camisa 10 que já pisou no Beira Rio.

E a vida continua, como ordem natural das coisas.

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