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A  bem da verdade é que para um clube se formar um time campeão é preciso ter projeto. Sei que o termo ficou batido, e que talvez eu poderia usar a palavra ‘planejamento’, todavia, entendo que ambos tem significado distinto, em se tratando de futebol. Explico.

Um candidato qualquer à presidência do Inter pode, em campanha, dizer que o planejamento de sua gestão é fazer o Sport Club Internacional voltar a ser a glória do desporto nacional. Para isso, contudo é preciso dar um pontapé inicial. É aí, na minha humilde opinião, que entra a necessidade de se ter um projeto vencedor.

Excetuada a nossa perniciosa gestão anterior, que parece, de fato, ter alcançado o que realmente queria, eu tendo a acreditar – ainda que andando em linha tênue com a ilusão, que o objetivo da Direção seja sempre colocar uma nova taça no nosso pujante e reluzente museu.  De preferência, daquelas que fazem curvar a coluna do capitão do time tamanho o peso de sua importância.

Um projeto de time vencedor eu devo admitir que é bastante complexo. Mas me parece que algumas premissas são básicas: um treinador competente, que conheça das quatro linhas e do vestiário; jogadores de qualidade indiscutível, ao menos na espinha dorsal do time; jogadores com personalidade e espírito vencedor; jogadores que carregam o piano, que apesar da qualidade discutível, são fundamentais dentro do grupo; diálogo e cumplicidade com a torcida…

Vejamos o Inter campeão de 2006. Não foi em 2005 que começamos a saga que culminou num dos títulos mais importantes da nossa história. Em 2003, depois do ano anterior deprimente (que salvou apenas Clemer), buscamos Muricy Ramalho como treinador. Um bom trabalho no Figueirense e eterno tapa furo no São Paulo. E só. Mas suas virtudes foram reconhecidas logo pelo Brasil inteiro. Depois duma derrapada no início de 2004, com o finado Lori Sandri e o folclórico Joel Santana na casamata, retomamos o rumo com a volta do Muricy. Foi no mesmo 2004 que chegou aquele que hoje é o nosso eterno capitão: Fernandão! Em 2005 vieram Iarley, Tinga, Índio e Jorge Wagner; apareceu Rafael Sóbis. Em 2006 ainda chegou o Fabiano Eller e Gabiru, sim, o homem gol tem de ganhar destaque, além de Abel Braga que soube conduzir e lapidar o que faltava no time.

No campo da personalidade, incontestável as lideranças formadas por Clemer, Fernandão, Iarley e Tinga. Mas também, tinha a irreverência de Perdigão, Gabiru, Renteria… . O projeto, portanto, oriundo do planejamento de se ver o Internacional Campeão da América, veio sendo executado a partir de 2002 e não começou seis meses antes do título, pois.

Voltando à nossa realidade, preciso afirmar que não morro de amores pela gestão Marcelo Medeiros, mas duvido que ele esteja disposto a colocar a história da sua família, de serviços prestados ao Clube, em jogo. Irrita-me o jeitão água morna do Roberto Melo e me parece que sua competência deixa a desejar dentro do vestiário, embora tenha tido relativo sucesso até chegar nele. Mas é o que temos.

Enfim, onde quero chegar é que a direção atual tem apostado em treinadores que vêm de encontro a uma mesma filosofia. Nunca concordei com o Guto Ferreira, e quando efetivado o Odair Hellmann confesso que torci o nariz. Mas a verdade é que, hoje, tenho preferido o risco do Odair a apostar no mais do mesmo que virou o mercado de técnicos no Brasil. Vamos combinar, toda glória ao Abelão, mas deu né?

Portanto, entendo que em futebol é preciso ter projeto de time vencedor. Não vamos confundir com o “pojeto” do “profexô Luxa”. Embora não se veja resultado do dia pra noite, os contornos parecem estar lá, seguindo a ideia inicial, a do planejamento, da taça no nosso pujante e reluzente museu, que é o que importa a ser lembrado, mas que não chegou lá sozinha.

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