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Foi em 2006 minha última ida ao Paraguai. Marquei o ano na mente, obviamente, em virtude de tudo que o Internacional nos brindou naquele ano. Meio entediado, nos idos dos anos 1990, recebi o convite do amigo Quati pra uma viagem despretensiosa ao Paraguai certa feita: entrava num ônibus na quinta-feira à noite, cruzava os estados do sul, descia em Foz do Iguaçu, atravessava a fronteira comprava uns chibos e muito cigarro pra compensar os custos da viagem e no cair da noite seguinte se atracava de volta. Metade da tarde, no sábado, já estávamos de volta.

Mal dava tempo de prestar atenção no que era o Paraguai naquele tempo, mas se puder resumir: um cortiço de lojas, ruas sujas e povo de bem. Repeti, muitas vezes sozinho até, aquela rota. Por fim, buscava uns whiskys só pra meu consumo, vez ou outra um telefone sem fio para as amigas da mulher, um videogame para os piás de bosta da vizinhança; cigarro eu logo parei, não era minha praia. Até que cansei da indiada e não fui mais.

Só que em 2006 a minha senhora queria porque queria fazer um passeio, independente da indiada que fosse. O mais assustador foi que ela mesmo sugeriu Foz do Iguaçu, talvez por pensar que matar a saudade das idas ao Paraguai ajudaria a me convencer. O ânimo era pouco, admito, mas lá fomos nós. Ônibus de linha, ida e volta. Na primeira parada, numa bodega em algum lugar da BR 386 (talvez Pouso Novo), o motorista precisava jantar e eu tentar assistir o jogo do Colorado, contra o time paulista aquele que não falo o nome e nos tomou o título do ano anterior na mão grande.

Joguinho estava modorrento e eu não ia conseguir olhar tudo mesmo, tanto que não foi difícil desviar o foco: olhei para mesa do motorista e, além dum prato de fazer inveja na fama dos pedreiros, um copão de vinho tinto para “equilibrar” a bóia. Aquilo, certamente, tirou todo o sono que eu já não teria no restante da viagem.

Tal qual tem me tirado o sono o time do Internacional. Aliás lembrando desta ‘estória’ que vivi em 2006 pensei se Cacique Medina seria tal qual aquele motorista bem “equilibrado” na condução da vidas das pessoas, lá uma porção de passageiros e aqui toda uma nação de torcedores inquietos e angustiados. E no meio dessa estrada toda uma coincidência: eu mesmo, em ambas as situações periclitantes.

Contudo, chegamos vivos a Foz do Iguaçu. Conheci todos os pontos turísticos da cidade, mesmo aqueles que ninguém sabem que existem; afinal, estava lá a turismo com a mulher. Dei uma escapada no Paraguai, os cortiços eram os mesmos, mas então com uma pintura nova e lojas internas mais bonitas, numa época que o verdadeiro atrativo de lá eram já as coisas digitais. Trouxe uma câmera fotográfica pra mim, um telefone sem fio também que nunca funcionou (perdi a embocadura, fazer o quê) e um videogame pro guri mais novo, o temporão. Mas faltou o principal: nada de Whisky.

Aliás, até parece o Internacional contratando na janela: três jogadores, que enganam bem e agradam pra lá e pra cá. Mas faltou o principal: o centroavante.

Espero, enfim, que o Internacional também permaneça vivo, depois desta estrada. E que o Paraguai, terra do adversário de hoje, dê sorte também agora, assim como me deu em 2006, em se tratando de fé e esperança pro time dentro do campo. E sorte não faz mal a ninguém, vamos combinar. Todavia parece estar de mal com o Internacional e a torcida Colorada. Mas, sei lá, sorte guarani parece ser até mais forte. E tomara que seja mesmo.

Que nossa suerte guaraní esteja lançada.

 

CURTAS                                                                              

– Perder pra time grande e bom como o atual campeão nacional é do jogo, contra esses se “trocam pontos”. A questão é não achar que perder é normal por si só;

– Alan Patrick não é um 10 clássico, mas deve herdar este número místico. Que faça muito bom uso dele;

– Não sei, mas gostei do que vi deste PH Konzen. Pode se tornar uma grata surpresa;

– Na falta do centroavante, creio que o David vai virar o titular por ali mesmo. Não gosto nem desgosto: é o que tem;

– Apesar dos pesares e do time tateando futebol em campo, como eu gostaria de estar no Gigante da Beira Rio esta noite. Só que velho não pode pegar frio; nem beber Whisky.  Preciso ter esta consciência.

 

PERGUNTINHA

Hoje seria a noite do vai ou racha?

 

Vamos de novo, Nação Colorada!

PACHECO

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