4.8
(66)

E lá fui eu engrandecer o time do Colorado para, na segunda curva do caminho, já tomar um tombo daqueles. Foi o tempo que eu conseguia passar vergonha sozinho. Criei aqui um ambiente confortável para fazer isso em público. Provavelmente maduro estava eu, emocionado com a garrafa dum ótimo 12 anos que ganhei dum antigo cliente; e como já aprendi que não se leva nada para o caixão, sem cerimônia se foi mais da metade em míseros dias. Não adianta o Internacional sempre me obriga a voltar a beber um trago mais forte.  Afora que as garrafas devem estar menores. Não quero acreditar que bebi tanto em tão pouco…

Nunca fui fraco para bebida, aprendi a beber com umas graspas que tio Gervázio fazia num alambique rudimentar construído pelo próprio lá no fim dos anos 40 – num local bem escondido; porém, conhecido por todos. Penso hoje que aquilo beirava o álcool puro. Não tinha como ficar doente municiado com aquele acalanto e se ficasse, era um gole só para destravar a chiadeira do peito ou alguma junta meio torta.

Mas, quis o destino que das poucas borracheiras que tomei na vida, a pior (ao menos nas conseqüências) foi com uma cachaça do nordeste deste país de nome Rainha (tinha mais um nome, mas eu não lembro mais do resto – por motivos óbvios). Senhoras e senhores, aquilo era de tirar as crianças da sala. Em algum momento após a décima dose (ou mais) pensei ter visto minha alma saindo do meu corpo e ficando ali apenas um monte de ossos sem qualquer serventia. Canha das brabas e merecedora do título de ‘aguardente’ que tanto gostam de usar lá pelo sertão.

Admito, já que a vergonha perdi faz tempo em alguma encruzilhada, que em determinado momento pensei mesmo que não voltava mais e estava ali entregando minha vida a Deus. Nem mesmo quando perdemos aquela pro baêa eu contestei tanto o sentido da vida. Foi um total desencanto.

Quero acreditar, pois, que no contexto aquele, do “time maduro”, desenhado por este que vos escreve, nossos heróis sem capa para aguentar o ‘tirão’ da viagem do Peru até Fortaleza, embarcados em algum “pau de arara” providenciado pela diretoria, chegaram amasiados no nordeste brasileiro e, com o intuito de “reequilibrar a lenta”, nada mais do que isso, meteram um ‘liso de soco’ daquela mesma Rainha que quase me apresentou mais cedo ao Patrão Velho. Atletas desacostumados com as coisas ‘marvadas’ da vida, certamente sentiram mais a ponto de parecerem, realmente, bêbados em campo. Logo, a derrota acabara sendo, de todo, esperada. Assim como o fiasco e tudo mais.

Ora, se eu fiz fiasco com uma dúzia de doses, por qual motivo não podiam fazer o mesmo nossos jogadores com uma apenas, não é mesmo? Uns guris fracos, de apartamento…

Sorte a nossa, e a minha principalmente, que a rainha dos nossos jogadores é a vitória e não tem nada que os impeça – hoje – de que possam sorver dos seus encantos e da alegria que ela proporciona. Aliás, quero seguir acreditando que o time está mesmo maduro para ser campeão e a borracheira de domingo foi apenas parte do processo todo. A tal “pegadinha do malandro”, como diria o meu neto.

Que nosso time hoje conquiste sua rainha e que aquela outra fique somente pra mim, numa dose só, como que um último ato de coragem que farei. Por isso só reitero o mesmo pedido: só te peço mais este campeonato, Internacional! E quando este dia chegar, e que seja logo, já sei o que terá no meu copo em meio à comemoração.

Só te peço mais este campeonato, Internacional!  Liso de soco…

 

CURTAS

– Gosto do Mano e concordo com o que disse em sua chegada, de que precisávamos dele e ele de nós. Mas as vezes penso que não sou só eu que assisto borracho os jogos do Inter;

– Se é verdade que um time italiano cogita levar o Caio Vidal, concluo que no futebol não só tem mais eu de bobo;

– Dos vigários da bola que empatam o nosso time, agora restam poucos. Graças a Deus;

– Seguimos precisando dum quarto zagueiro, camisa 4, titular e de pé esquerdo. Pra ontem. E dum centromédio também;

– O Johnny parece insistir em me dar razão: conhece do soccer, mas de futebol são outros quinhentos;

– Este time não parece, é um choque de desfibrilador. Dentro da ambulância andando, ainda por cima.

– Não faltarão almas Coloradas para gritar hoje e empurrar o time à vitória. Tudo em meio à fumaceira das ruas de fogo. Nunca comparem esta torcida com nada!

 

PERGUNTINHA

Nos encontramos todos no Gigante?

 

Hoje é dia de Rainha, Nação Colorada!

PACHECO

How useful was this post?

Click on a star to rate it!

As you found this post useful...

Follow us on social media!