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Costumo ser bem pragmático com relação a maioria das coisas da minha vida. Muito cético, eu diria. Talvez por isso ainda não tenha alcançado o sucesso que já esperava ter quando ainda jovem pensava no momento atual. Tal ceticismo talvez tenha me impedido de cometer alguns riscos e de ter de conviver com a angústia da indecisão.

Só o que difere de tudo isso é o Inter. Não consigo deixar de ser passional quando o assunto é o meu time. E mais uma vez, a propósito, voltei a não conseguir assistir as partidas. Elevo meu grau de ansiedade e fúria. Minha esposa, então, vetou.

Mas vamos ao que interessa, já que pouco tenho vindo aqui. A lógica do título é bem simples: eu acreditei num processo de gestão diferenciado (que até existe, embora vagando a remo pelo Guaíba) e numa nova perspectiva de futebol, afinal, como já li por aqui, o Internacional é um clube de futebol e nada mais importa. O começo da gestão foi atípico, pegou o barco andando e embalado pelo sucesso efêmero do time e a estrela do treinador.

Convicta a direção pagou pra ver.

Primeiro trocou o caro diretor executivo que só faz sucesso com bastante dinheiro. Não julgo, era o que precisava ser feito – problema foi ter apostado num ilustre ninguém para seu lugar. Depois, dispensou o treinador multicampeão ao término do contrato. Hoje parece não ter sido uma boa escolha, mas louvável a “coerência” mais uma vez. O novo, com ideias novas, logo foi engolido pelo vestiário que, convenhamos, deveria ter sido o primeiro a ser implodido.

Logo, a primeira ação efetiva da diretoria foi tomar banho, é verdade, mas sem trocar de roupa.

Em abril ou maio daquele ano, trouxeram um treinador com passagem aqui e que ficou no quase, um cara gente boa – dúvida disso não há, mas um amorfo da profissão. Não ganhou nada como tal e nem vai pelo visto. Final aos trancos e barrancos e uma campanha pífia. Antes disso, trocaram o executivo por outro contestado no futebol catarinense – que dizem ainda torcer para nosso maior rival. De técnico, tentaram um português que preferiu o primo rico e acertaram noutro uruguaio que nada mostrou (e desandou na carreira assim como o primeiro técnico da gestão).

Em abril, mais uma queda, quando veio Mano Menezes.

O atual começou a rigor vacilante, sendo eliminado por um timeco qualquer numa competição que tínhamos até chance de ganhar. Disse depois da eliminação que o time não estava preparado para ser campeão (como???) e essa declaração desastrada acabou por passar batida, afinal, conseguiu um improvável vice campeonato nacional. O time ganhou liga, mostrou repertório e me fez achar que, enfim, estava ‘chegando a hora’ da desforra.

Aí veio o ano corrente e o time de Mano desaprendeu; o próprio treinador não sabe mais o que fazer. Está nítido nas suas próprias manifestações desalentadas.

Chegamos a maio precisando mais uma vez de um novo treinador, numa sina que parece ser marca da atual gestão: ao término do campeonato regional se tem pouco ou quase nada de trabalho a mostrar; além da não conquista do próprio título – perdido para times ruins ou medíocres.

E eu fui tapeado pois não somente acreditei que a coisa poderia ser diferente e que a ideia era mesmo de implantar gestão eficiente e competente do Clube e, principalmente, do futebol. Eu fiz “campanha” de certa forma. Convenci sócios conhecidos primeiramente a votar, depois a votar nestes que hoje estão no comando. Acreditei que os processos ao serem modernizados nos colocariam noutro rumo; contudo, o que vejo são dirigentes fracos e perdidos que, por serem muito menores que o treinador, agora se mostram reféns de um trabalho que despenca a cada nova partida.

Aliás, é triste ter de reconhecer que o trabalho de Miguel Angel, Cacique e Mano são bem parecidos. O primeiro ainda nos encantou em algumas partidas. O último o que conseguiu nesse sentido foi algo aleatório na temporada passada. No mais, os primeiros meses das últimas duas temporadas são bem parecidos: futebol paupérrimo. Porém, nisso acho que Mano perde. Com Cacique, ainda tivemos uma atuação incontestável, o que nos deu ainda por cima uma vitória em clássico. Depois, parece que coragem não lhe faltava. Agora, nem isso mais temos.

As verdades do futebol são implacáveis muitas vezes. Elas vão sendo demonstradas dia após dia, naquela velha máxima do “nada como um dia após o outro”. Ou uma temporada após a outra, como no caso. E quando os erros vão se repetindo e se agravando, sem que para tanto os atores cumpram os seus papeis (e nos falta comando – bastante), começo a achar que estes que nos dirigem sequer sabem a razão pela qual venceram ou que tinham mesmo um plano para alcançar algo que não a suposta “glória do superávit”.

Como se isso na história algum dia possa ser um título efetivo a se comemorar. A verdade é que um time de futebol vive do futebol e não há glória que possa alijar do processo a nossa atividade fim.

Estão vendo como são as verdades do futebol? Pois é, parece que eu fui tapeado mesmo.

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