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Reposicionar as laranjas podres dentro do cesto de frutas é somente adiar o inevitável; mais dia menos dia todas acabarão iguais. Veja-se que a palavra da moda para as bandas do Beira-Rio é ruptura. E de fato algo precisava ser feito uma vez que o projeto iniciado duas décadas antes já registrava fadiga na metade do caminho, chegando ao seu derradeiro leito impondo estragos à instituição Sport Club Internacional. A queda de divisão e o déficit histórico (talvez de difícil solução) não vieram por acaso. O grupo capitaneado por Alessandro Barcellos ganhou a eleição amparado no projeto de ruptura e sua primeira ação efetiva, neste contexto, foi contratar Miguel Angel Ramirez.

Não dá pra negar, então, que a perspectiva aparenta ser boa ao menos na teoria. E tanto por isso mereceu o voto da maioria e uma sinalização de confiança para que se faça o que realmente já devia ter sido realizado há bastante tempo. Só que na prática, ao menos na atividade fim, o buraco até o momento parece que segue sendo cavado e mais fundo está ficando cada vez que o time entra em campo. Noticiou-se logo após a perda do ruralito que Marcelo Lomba poderia perder a condição de titular; ora, todos sabem que não vamos ganhar nada com ele em campo. Pois, ontem, pareceu prestigiado mais uma vez. Que ruptura é essa, então? História parecida a despeito de Edenilson que, não somente estava titular, como mais uma vez não jogou absolutamente nada: displicente, descompromissado e paro por aqui antes que escreva o que não devo. E Rodinei (que se despediu instantes pós jogo nas redes sociais) fazia o que no banco se não vai ficar? E Lindoso que negocia com o próximo adversário fazia o que começando o jogo?

Lembrem-se, não basta apenas reposicionar as laranjas…

Sim, tivemos uma porção de oportunidades desperdiçadas no fiasco de ontem no Beira-Rio. Vexame. Papelão. Nada justifica: não tinha altitude, nem precisou viajar e o campo é o melhor do país. Também não salvam as estatísticas de passes, posse de bola e sei lá mais o quê. A atuação foi patética e o trabalho nitidamente não detém qualquer evolução; MAR parece ter se perdido na Venezuela quando, embora a rigor não tenha poupado efetivamente quase ninguém, fez transparecer privilégio à final do estadual e ainda assim perdeu. Contrário às próprias convicções que pareciam relegar o estadual a segundo plano. Suas substituições durante o jogo tem sido cada vez mais confusas e beiram a incoerência, vez ou outra. Não falo só de ontem, obviamente. Não serei fatalista em dizer que o trabalho não vai chegar a lugar algum, contudo, também não ficarei apegado à dogmática por muito mais tempo. Ora, MAR também está inserido no processo de, tão somente, reposicionar as laranjas.

De um jornalista “das antigas” ouvi que as mexidas no time não podem ser muito drásticas pois é preciso fazer uma “gestão de grupo”. Claro, jogadores vencedores tem um peso absurdo no vestiário… Façam-me o favor! Heróis do fracasso que ganham dinheiro demais pra viverem à “sombra dos eucaliptos”. Barcellos foi elevado à condição de presidente justamente para fazer essa ruptura, desfazer-se dos anéis em detrimento dos dedos. Penso, aliás, que a torcida seguirá comprando o projeto se enxergar perspectiva, o que não vem ocorrendo de modo que a turma dos abutres de plantão tá ganhando cada dia mais adeptos. Ora, Presidente, tá visível que mais uma vez não chegaremos a lugar algum, ficaremos em alguma encruzilhada qualquer. A torcida está cansada… Eu estou cansado.

Só que mesmo cansados, saberemos reconhecer uma ruptura necessária, ainda que não ganhando nada, caso briguemos até o fim; caso plantarmos as novas mudas do pomar; caso possamos crer na esperança de novo. Mas pra isso não basta reposicionar as frutas: tem que tirar as laranjas podres do cesto.

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