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Um dos maiores orgulhos da minha vida é fazer parte de uma família que sempre enxergou na educação a maior riqueza do ser humano. Pelo lado do senhor meu pai, sua avó, Dona Iva (a quem chamava carinhosamente de Vozinha), foi uma professora reverenciada por toda uma geração, eis que era praticamente uma escola inteira numa pessoa só. Fazia aquilo com tanto amor que inspirou, alfabetizou e ensinou  muita gente, e fez de muitos pessoas de verdade através das palavras. Era uma mulher com letra maiúscula.

Pelo lado da senhora minha mãe, Seu Afonso, meu avô, foi um homem rude da lida do campo por fora, mas talvez um dos gaudérios mais gentis que já conheci. Apesar de ter na criação do gado a sua “faculdade do campo”, nunca admitiu que seus filhos não tivessem o máximo de estudo, a ponto de construir uma escola lá fora e pagar uma professora para ensinar não só seus filhos, mas também os filhos das fazendas vizinhas. Era um homem com letra maiúscula.

E que saudade que me bateu agora dessa minha gente…

Pois foi com letra maiúscula a Vitória que tivemos, ontem, na noite chuvosa do Gigante da Beira Rio. Vitória gigante, aliás. É claro que o componente ‘voltar a vencer’ depois de tanto tempo é o que mais nos pega; mas a verdade é que o que ficou para este velho saudoso foi a simbologia da glória aquática: o time, enfim, pegou o espírito vencedor e se deu conta que precisa dele para consigo dentro de campo.

Óbvio que em se tratando de Internacional nunca é simples o processo da coisa. Precisamos sair perdendo de forma banal, depois de um bom começo de jogo que foi arrefecendo conforme a chuva apertava mais. E como dor ensina a gemer, dizem os entendidos, nada como um intervalo em castelhano para que voltássemos novamente secos e o principal: sedentos por futebol. E vitória.

Aliás, este jogo de ontem me fez pensar naquela história contada pelo Cláudio Roberto Pires Duarte, o incomparável Claudião, que depois de uma semana produtiva de treino viu seu time ‘fazer de conta’ num primeiro tempo. No vestiário ao invés de “putiar” seus comandados preferiu o silêncio. Aquele silêncio constrangedor… Só abriu a boca instantes antes da volta do seu time a campo para ser curto e grosso: “vocês fizeram aquela porcaria e agora vão lá e consertem”. E os jogadores consertaram.

Agora pensem o mesmo, só que em espanhol. Imaginem uma “putiada” argentina, pois poderia apostar que é o que aconteceu naquele vestiário do intervalo no Gigante, ontem à noite. E putiadas em matéria de futebol são sempre muito educativas.

Fato é que sempre se aprende muito mais com vitórias. E com amor pela causa, como fazia a Vozinha; e com a certeza do que se queria para os seus, como bem sabia o Vovô.

Como amor pela causa e a certeza do que querem pelo Clube e a nossa torcida, os jogadores Colorados chegarão a outras tantas vitórias.

Vitórias com letra maiúscula.

 

CURTAS                                                                              

– Chacho Coudet, “el putiador”, soube fazer ontem do limão uma limonada. Se faltou repertório ao time no primeiro tempo, sobrou vontade no segundo. Falta alguma coisa, mas parece que o próprio conhece do caminho. Dos poucos argentinos que ainda dá para confiar… RáRáRá;

– Não elogiei o Keiller, aqui, depois do jogo no RJ, razão pela qual não criticarei agora. Mas a realidade está posta: a camisa 1 do Internacional é um fardo que não consegue carregar e a sua felicidade profissional só encontrará longe daqui;

– O galego Hugo Mallo está se saindo um pequeno grande zagueiro;

– Ganhamos com gols de laterais. Ganhar era mais importante que os atores principais, mas isso diz muito acerca dos nossos problemas de ataque e a miséria de gols;

– Falando em lateral, o que estão jogando os nossos depois da troca de treinador, hein… Renê é aquele jogador tático que todo treinador facilmente se apaixona. Bustos se melhorar o cruzamento um pouco é titular de sua Seleção. E ainda chegou Dalbert que, ao menos no penteado, se destaca;

– Concordo com o bom “Colorado Corneteiro”: Gabriel ainda não voltou da lesão;

– O que falta ao time é a corda esticada. Quando nossos boleiros jogam por prato de comida a vitória sempre está mais próxima. Internacional não é time de enfeite;

– Eu entendi bem, Fabrício Bustos, a razão daquela raiva toda no chute do primeiro gol. Essa é a raiva de toda uma Nação!

 

PERGUNTINHA

Inter é o time da virada ou da putiada?

 

É para frente que se anda, Nação Colorada! Devagar (mas não muito) e sempre…

P de PACHECO

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