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Bem gauchão e pacholento que sempre fui, o carnaval não foi dos eventos que mais me cativou ao longo da minha trajetória. Só que, apesar de gaudério, nem sempre tive estes meus mais de 70 e nos tempos da mocidade havia algo que eu gostava bem mais do que o meu jeitão de gaudério: a fuzarca. E carnaval sempre foi e continua sendo sinônimo de festa. Logo, todos aqui já devem imaginar que até mesmo do carnaval eu resguardo alguma história para contar.

Numa delas, o ano eu já nem bem sei qual foi, apenas que faz tempo, embebido em uma inspiração juvenil de verão, eu não só decidi participar ativamente do carnaval de salão do velho e finado Clube Estrela, como fui determinado a me destacar na fantasia; naquela época, tinha prêmio pra tudo, inclusive, para a melhor fantasia. Só não recordo qual era o brinde, mas certamente ganhar aquilo era ter bem mais do que eu tinha, eis que com a guaiaca sempre à míngua. Sem muita inspiração, já que meu chão era outro, deixei a Dona Mosa, uma costureira de mão cheia, escolher o que me cabia e cheguei naquela folia do Momo de Aladin.

Sim, o Aladin do gênio da Lâmpada. O mais engraçado é que fiquei tão empolgado com aquela história que passei os dias anteriores convencido de que precisava de uma lâmpada tal qual a da história famosa. Só que achar como algo assim num fundão de campo daqueles? Restou-me, por fim, uma chaleira da minha tia Neuzinha que, de tão ariada, já estava em bronze e enganou muito bem. Num tempo que eu era jovem e bonachão, com qualquer coisa eu faria sucesso em meio aquele monte de “pêlo duro” mesmo.

Pois sem medo de errar, aquele primeiro tempo da partida de ontem pareceu um desfile do time do Internacional na Marquês de Sapucaí. E em pensar que um ano antes não tínhamos nada com nada, fez-me achar que encontramos a lâmpada e o gênio ao sair já nos concedeu o segundo desejo: o bom futebol. Sim, porque o primeiro desejo foi o Barcellos que pleiteou, meses atrás, para que Chacho Coudet ficasse livre no mercado e voltasse pro Gigante para poder terminar o seu bom trabalho que havia ficado perdido pelo caminho.

Ressalvado o adversário frágil, foi um primeiro tempo de uma supremacia técnica e tática que eu há algum tempo não via. Amassamos e empurramos o adversário que, quando tentava respirar com a bola, já sentia um jogador Colorado fungando em seu cangote, buscando a bola com se ela fosse uma das tantas mulatas maravilhosas do Carnaval ou uma “Dona Onça”…

Foi três e devia ter sido muito mais.

Atacamos com volúpia e avidez, com todos os dez jogadores de linha no campo adversário, e ainda assim com paciência para rodar a bola, recomeçar a jogada quando necessário, tontear o adversário que não viu a cor de nada e fez seu treinador silente na beira do campo, meio que sem entender qualquer coisa do que estava acontecendo.

O jogo de ontem, ainda que com algumas ressalvas no tocante a segunda etapa, foi daqueles de valer cada real do ingresso. Partida daquelas que na saída dá vontade de cruzar a bilheteria e pagar de novo.

Pois nos meus tempos de folião e da fantasia de Aladin, muita guria deve ter pensado em fazer o mesmo, sair e pagar de novo só pelo prazer de me ver na festa. Quem disse que o gauchão não pode se divertir no carnaval? Quem disse que o time do Internacional não podia jogar um bom futebol?

É coisa de gênio!

 

CURTAS                                                                              

– Bastou não ter Coudet com aquele berreiro todo à beira do campo para o time jogar por música (rsrsrs);

– Primeiro tempo do Colorado destacou tanta gente que é difícil escolher um só. Mas na pessoa de Bruno Henrique represento (e bem!) os demais;

– Todavia, Renê destoa (e muito). É a ovelha desgarrada;

– Alario custou a marcar seu primeiro gol, mas sua carteira de trabalho não mente a profissão: centroavante! Mas falta-lhe ainda bastante ritmo de jogo;

– O bastidor sempre elogiou Anthoni. Mas ainda não está pronto para o fardo que é envergar a meta Colorada;

– Lateral esquerdo tem que ser a prioridade máxima;

– Ninguém deve ter notado, porém eu sim: a exceção de ontem, pelas circunstâncias, terminamos algumas partidas com uma linha de 3 zagueiros em campo. Pode ser uma solução para o lado canhoto capenga;

– Seguimos fazendo menos gols do que podemos e isso reflete nos placares que ainda não ultrapassaram a diferença de dois na temporada;

– Melhorou um pouquinho na bola parada, mas falta tem que treinar e muito ainda;

– Como diria Chaco Coudet, estamos todos “ilusionados” com o que vimos ontem.

 

PERGUNTINHA

Qual o teu desejo, meu bom Colorado?

 

Vamo, vamo meu Povo do Inter que a folia só começou!

PACHECO

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