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Estado de ânimo: desânimo.

Vontade de escrever em uma escala de 0 a 10 onde 0 é 0 mesmo: 2,5.

Tudo que tinha que ser dito já o foi; agora ou há anos. Redundar é humano mas insistir na redundância é falta de educação com o leitor (assim mesmo, no singular, pois creio que nesses tempos bicudos só haja um que vá ler essas bem traçadas linhas: eu e aqui, onde escrevo; nem será quando estiver publicada).

Comecei e deletei esses escritos inúmeras vezes. Se fosse um filme, teríamos a clássica imagem do escritor arrancando o papel furiosamente da máquina de escrever, amassando-o nervosamente e jogando-o em um cesto de lixo, já abarrotado.

Estado de ânimo: desânimo (ponho nova folha na máquina e recomeço).

Não esperem que surjam aqui brados homéricos contra um técnico ou jogador; ou vão se ouvir gritos e palavras de ordem que pretendam levantar batalhões de torcedores, iludidos pela propaganda enganosa, armados com algumas pedras do acaso, a lutar contra treinados policiais de escudos e capacetes, com armas de efeito moral (ou seriam armas imorais?), balas de borracha para não matar mas machucar.

Nem pretendam mais reclamações do esquema tático, do desmando do comando, dos alexes santanas que vêm do paraná para sentarem no banco de reservas vendo jogar pessoas que não são da posição e por faltarem a um treino que não irá lhes agregar nada são castigados a voltar para o nojento porão do sub-23 vendo sua chance de crescer no futebol sendo arrancada como um feto à fórceps e depois querem comprometimento e interesse de pessoas em jogar nesse time que arrasa corações e mentes (ufa!), ou de como havendo ao menos 5 pessoas que nominalmente se dizem laterais direitos se utiliza um que ia ser mandado embora mas como ninguém quis agora é o bruxo da vez e fica jogando ali pois tem que jogar e esperam que os pretéridos  preteridos se comportem como esperançosos e interessados nessa porra de esbórnia que distingue os amigos dos amigos do rei e segrega os outros (ufa de novo!).

Nesse mundo de vídeos e velocidade esses dois momentos estáticos captados pela câmera da memória; dois momentos que bastam para ilustrar essa página sem cor da nossa história.  Pronto, a edição já pode ir para a rua ou para o ar. As páginas em branco que também é uma cor revelam o que se têm para dizer: nada. Páginas para serem amassadas nervosamente até que escorra entre os dedos uma única palavra: desânimo. Palavra que não foi escrita por ninguém, mas tampouco teve geração espontânea; não surgiu do nada mas representa o nada e foi criada incansavelmente dia após dia, ano após ano. Alguém gerou essa aberração, a pariu e amamentou.

Pronto: já tenho aí o desânimo e o nada. É irrelevante se um leva ao outro ou o outro a um.

Alguns cujo nome o tempo fará o favor de apagar da história são pagos para mentir; não tem hombridade para chutar a porta do vestiário – se cagam de medo de apanhar dos que estão lá dentro entrincheirados – e vêm à público afrontar a inteligência do torcedor que torce.

A semana no resort de luxo – propriedade do Lúcio e do Sandro Becker, e mais outros ocultos e mal sabidos – serviu para o que se viu. “Ah! Mas uma semana é pouco tempo”, argumentam os amestrados jornalistas.

Quanto tempo seria o tempo certo? Mais uma semana? Um mês? Dois? Tempo para que e para quem? O MIG está no poder desde 2001; desde sempre o rei ordena os sumos sacerdotes que irão “presidir” e os grãos sábios que serão os “diretores de futebol”, em um fantasioso ballet de trocas de chefias, em que bundas sentam em cadeiras de “comando”, as bundas fingindo que mandam – marionetes do rei – sabendo que na nova troca da guarda bundas amigas virão ocupar o mesmo espaço, usufruindo pelo rodízio definido das benesses dos voos fretados, da mesa farta e do cofre aberto. Amigos forever! Que lindo!

Desde 2011 (foram 10 anos de fartura e prosperidade) se amarga o fel da terra e o fundo do poço nunca chega. O tempo de validade do MIG acabou em 2011, quando o Inter foi Bicampeão da Recopa Sulmericana. Depois desse ano foram ganhos apenas campeonatos gaúchos, esse charmoso “Gauchão”. Não precisamos de Mapa de calor do MIG para ver  a gelidez de suas atividades voltadas para os interesses do Inter (atenção: para os interesses do Inter).

Desde 2011 assistimos o descer ladeira do MIG que já morreu há algum tempo. Daí que o corpo fosse encomendado, preparadas as exéquias, exposto para visitação pública e outras honrarias, o tempo passou na janela e, justiça seja feita ao BV, aqui alertamos e alertamos para o mau cheiro que o cadáver exalava. Agora, deu no que não deu: o corpo jaz já fétido, em adiantado estado de decomposição, atirado na sarjeta da vida e, como um zumbi, insiste em viver e atormentar os vivos.

Não derramo uma maldita lágrima pela morte do MIG; choro pelo mal que fez e faz em arrastar um crédulo inocente – nosso time, sim, nosso time e digo isso com muito orgulho – para esse mundo de trevas e ignominia. Não atiro a primeira pedra no MIG por absoluta falta de oportunidade: outras já foram atiradas antes. E tampouco serei o último a jogá-las. Esse Movimento e seus asseclas merecem o desprezo – é a única arma que temos – por ser o grande e único responsável pelo humilhante local onde estamos. E ainda querem construir um novo CT!

Sabemos o que significam obras nesse País: favorecimento de amigos do rei, superfaturamento, comissões. Esse morto-vivo tem um apetite voraz que nunca se satisfaz.

Até quando?

Sábias palavras de Jesus: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.” (Mateus 7. 6).

Não vi o jogo e isso nunca aconteceu antes; não sou mais sócio há anos, minhas camisas vermelhas mofam no fundo das gavetas a espera de um dia, se acaso….

Corremos um outro grave risco: o de voltar à Série “A”. E com isso a soberba do MIG vai alardear sua competência e capacidade pelo histórico feito, de ter causado o renascer do que matou. E teremos ai mais 10 anos em que o zumbi vai deitar, rolar e seguir se lambuzando do que lhe apetece.

Estado de ânimo: desânimo.

 

 

 

 

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