DOMÍNIO E RESULTADO

Talvez tenha sido um dos melhores primeiros tempos do Inter em muitos anos. Fizemos bons jogos esse ano, mas o Palmeiras é conhecido por sua solidez defensiva, organizada pelo seu treinador independentemente dos jogadores. Desfalcado sim, sem seu zagueirão, e sem o lateral esquerdo, mas a campanha do Palmeiras fora de casa é respeitável com qualquer time.

O Inter não apenas dominou, tomou conta do jogo, como perdeu chances de matar o jogo nos primeiros 45 minutos, com Mano surpreendendo na escalação com Wanderson pela direita, e dando chances ao Matheus Dias. Aliás, nunca tivemos problemas com quantidade de volantes no time, e esse ano tivemos, logo o de melhor campanha; não é por acaso.

O segundo tempo foi de administração. Depois do golaço de Maurício e de outra jogada tramada, com posse de bola, sem simplesmente arriscar, veio o gol de Alemão, aliás, de belíssima participação no jogo.

O Palmeiras veio para o segundo tempo para empatar e fazer gols, talvez virar; não era jogo festivo ou de testes, ainda que já campeões. Nitidamente, Abel tentou jogar, e até conseguiu no segundo tempo, quando o Inter recuou e esperou, e quando precisou, Keiller estava lá. O terceiro veio como redenção, na boa jogada de Estevão e na velocidade vertical de Romero, um gol muito comemorado, deixando transparecer que Romero fica.

Vice novamente, não é o lugar que temos que comemorar, mas o desempenho do time após o fracasso contra o Melgar. Em outras épocas não muito distantes, uma eliminação desandaria a temporada, e abateria nossos jogadores; mas o desempenho do Inter após sair da Sul Americana foi muito melhor, também porque alguns jogadores saíram e melhores entraram.

Agora é projetar 2023, finalmente com uma boa estrutura, que pode ser modificada por questões econômicas, como o preço de Vitão, mas temos laterais, zagueiros, meias, atacantes pelos lados, centroavantes, e temos quase nada de volantes, considerando apenas Matheus Dias na posição. Acho que vou repetir isso umas dez vezes, pois é inacreditável que o Inter tenha terminado a temporada sem um volante na equipe titular, tendo que se valer da base para completar a posição. Isso é maravilhoso.

Permanecendo essa base, trata-se de acrescer, e de termos substitutos melhores, talvez alguém para disputar posição, mas o Inter não é um time que tenha carência no time titular, daquelas evidentes, que saltam aos olhos nos primeiros 15 minutos de um jogo qualquer.

Mas serão quatro competições no próximo ano, cartões, cansaço, lesões, o grupo precisa melhorar. Não temos um reserva do Bustos; por mais que Weverton tenha ido bem em 45 minutos, não parece ter a confiança do Mano.

Ainda em penitência por dizer isso, mas só temos um primeiro volante rápido, e só volta a jogar no meio do ano de 2023. O Inter precisa contratar, pois Johnny rendeu muito mais como meia, fazendo De Pena render muito mais, além de Maurício e Bustos.

A zaga parece completa, e Tahuan Lara, penso, dá conta da lateral esquerda, onde Renê tem feito muito boas apresentações.

O crescimento de Lucas Ramos e Estevão, mais Alisson  da base, mostra que o time tem alternativas pelo menos para começar, mas é um setor que a qualificação e experiência nunca são demais, e volto a insistir em Faravelli como reforço importante, que se adaptaria no jogo do Inter.

No ataque, temos dois velocistas que jogam dos dois lados, mas creio que dois é um número pequeno para as necessidades. Embora Maurício jogue aberto por um dos lados, e dificilmente Wanderson e PH jogam juntos, era um setor que poderia ser reforçado, assim como o miolo do ataque. E nada a ver com a seca de gols do Alemão, mas é o único que joga fazendo a retenção da bola longa. Romero é outro tipo de jogador, não para receber a bola de costas para o zagueiro, e Lucca acredito que precisa de mais tempo.

Enfim, terminamos o ano com um time titular bem consistente, com um treinador já alinhavado para o próximo ano, que conhece o clube e os jogadores, precisando de reforços pontuais não para suprir deficiências, mas para aprimorar o time. No início de 2022, ninguém acreditava nisso.