4.4
(18)

O Inter não é um time difícil de descrever quando joga, o que está difícil é ver quando o time joga. Tomo como exemplo depois dos 2 gols sofridos contra o Flamengo, aí tivemos um time aguerrido, buscando o gol e se arriscando. Havia troca de passes e tentativas individuais, aproximação e dribles, até chutes.

O Inter do primeiro tempo de ontem foi novamente acomodado. No momento em que sentiu o domínio do jogo e os poucos riscos que corria, jogou no ritmo de quem faria um gol em determinado momento e depois seguraria o jogo e o ímpeto de um Santos individualista e desorganizado. Salvam-se Palacios, Yuri e Johnny, que mostravam vontade de ganhar o jogo por iniciativa própria, além de Taison.

E o gol veio, contra, em lance que, sem ajuda do zagueiro santista, não seria marcado.

Satisfatório para a acomodação.

O segundo tempo já veio errado, com Zé Gabriel no lugar de um injustamente amarelado Johnny, e foi coroado com outro erro defensivo de Patrick, já que nem mais considero Lomba não sair do gol em bolas fáceis.

O empate viria de qualquer modo, pois a recusa de Edenílson e Patrick em fechar o meio foi notória, e sem a velocidade e fôlego que Johnny mostrou na primeira etapa, o Santos dominou o meio simplesmente adiantando uns quatro passos o seu time.

Aí a limitação de nossos super jogadores aparece mais ainda. O medo do passe rápido de primeira, a preguiça do deslocamento, o receio de avançar nos espaços livres.

Aguirre coloca Maurício e o time ganha mobilidade, vontade, definição. Quase marca, e Maurício merecia o que a trave impediu. Mas antes, o time já merecia tomar a virada, desorganizado na defesa, e Aguirre não conseguiu, até hoje, resolver o problema da proteção na frente da área. E dá mostras que não sabe como fazer.

O conserto veio com a esdrúxula solução de três zagueiros, ou dois laterais direitos, suprindo a má vontade de Edenílson em ser volante. Aliás, é incompreensível, tecnicamente falando, que Edenílson e Moisés cobrem faltas no Inter, seja de onde for.

Daí até o final do jogo foi um replay do último jogo, com bola e sem saber o que fazer com ela, esperando que Taison resolvesse sozinho, ou que Yuri acertasse alguma bola perdida, que quase aconteceu na única jogada coletiva eficiente, mas que caiu nos pés de Moisés.

O Santos não virou porque só chutou em cima do Lomba ou por cima do gol. É um time recheado de guris habilidosos e dinâmicos, que encontraram terreno fértil na imobilidade do Inter.

Confesso que assisti de sangue doce, nossa temporada tumultuada tem um fim igual ao começo, e, na verdade, terminou no greNal. O que vier é lucro.

Minha dúvida mais cruel é saber o que é melhor, pré Libertadores, SulAmericana ou nada.

Libertadores, ainda que seja a pré, é importante pelo dinheiro. Pouco me preocupa o calendário esse ano, seja em razão da copa ou da antecipação dos jogos. Se não passar da pré com um time misto, melhor nem ir adiante mesmo.

Sul Americana talvez fosse uma boa ideia, principalmente para atrair alguns jogadores que buscam visibilidade sem a pressão de uma Libertadores, e dar rodagem sem a mesma pressão.

E nada também é uma alternativa para montagem de uma equipe com mais tempo de preparação.

O risco da pré Libertadores é o discurso da necessidade de manutenção do grupo, ante o calendário mais apertado e dificuldade de entrosamento com caras novas. Coudet enfrentou uma pré mudando o esquema de jogo e a forma de jogar, mas levou tempo. Esse seria o pior dos discursos e a pior prática possível.

Essas ilações sobre o próximo ano simplesmente contam com algumas premissas absolutamente necessárias para qualquer projeção. A reformulação do elenco e a troca de treinador.

Gosto do Aguirre, veio como solução para encerrar o ano sem desastre, e entregou. Mas Aguirre, de longe, não é meu treinador para um time que resolva jogos contra times mais fracos, e mostrou ideias que não tinha antes, como a insistência em usar dois laterais no mesmo lado, além de não resolver o problema da proteção na frente da área.

Do elenco já falei várias vezes. São mais necessárias as saídas do que as chegadas, embora estas últimas sejam imprescindíveis. Lomba, Moisés, Cuesta,  Edenílson, Dourado, Lindoso e Patrick são os jogadores que não deveriam permanecer, talvez dois desses, e ficaria com Edenílson e Cuesta. A reformulação deve ser grande, sob pena de entregarem uma panela que demitirá qualquer próximo treinador que não agrade e exija treinos e jogos mais efetivos.

Paixão, é claro, tinha razão, e ainda tem. Se ele foi, que as ideias tenham criado raízes e a direção faça o que tem que fazer. Ou 2022 será pior que 2021.

Paralelamente, a base foi campeã, novamente. Um time desacreditado, sem grandes estrelas, que perdeu o treinador no meio do campeonato e foi tratada como patinho feio do certame, não muito diferente do Palmeiras em relação ao Flamengo.

Mesmo jogando sem três titulares, Thiago Barbosa, Cuesta e Cardorini, enfrentou um SP cheio de individualidades. Como já havia dito no post anterior, não é um time com grandes destaques, mas Tauan Lara, com 17, é muito melhor que Moisés. A escola de goleiros segue firme, a zaga também tem o mesmo padrão (que não é bom, mas zagueiro novo dificilmente desponta). O resto do time, tirando os que já atuam no principal, não tem destaques, embora o volante Matheus Dias, que fez o gol, tenha jogado em todo o campo o tempo todo, e Estevão parece promissor.

Vamos lembrar que o titular Vinicius Melo se lesionou, abrindo espaço para Cardorini se firmar, e cujo aproveitamento no principal abriu espaço para um improvisado Nicolas mostrar que é jogador inteligente e merece atenção.

Enfim, Paulo Bracks terá muito trabalho, e espero que já o esteja fazendo. Se a direção entender que não é tanto trabalho assim, já começamos com um problema.

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