3.7
(16)

Não falo da derrota, mas dessa fritura do treinador em todas as instâncias.

Medina tem 40 dias de trabalho, não tem lateral direito, o único volante de velocidade chegou há uma semana, só tem um atacante de velocidade pelos lados do campo, e não tem nenhum outro zagueiro canhoto.

Recebeu um vestiário cheio de manhas e com valorização de um jogador que, quando ausente, o time teve a melhor atuação do ano. Mas a carga recai em cima do treinador. Faremos isso de novo?

Medina mudou o sistema de jogo do Inter, isso fica bem claro no posicionamento em campo. São dois volantes em linha, laterais mais avançados e um atacante que faz o pivô. O time joga mais avançado que com Aguirre. Não começou assim, já há mudanças táticas desde o primeiro jogo, e Medina segue testando o time.

Ainda, não repetiu escalação, precisando vencer, trocou laterais por atacantes.

Só que a parte da torcida e parte dos conselheiros não gostam de testes, e sim da repetição do esquema que vem sendo usado desde Odair, e que não deu bons resultados em termos de desempenho. A escolha é fazer o mesmo ou tentar fazer algo diferente.

Claro, Medina esbarra em situações que deveriam ter sido resolvidas pela Diretoria, e não foram. Renovar com Moisés e Lindoso foi erro grave. Não trocar Edenílson foi erro grave, e Cuesta não ter substituto é outro erro.

Não é por acaso que Paulo Paixão citou os nomes de Patrick, Dourado e Cuesta, e é pouco compreensível que a diretoria não tenha se movimentado para efetivar o que vinha sendo conversado, mesmo com a demissão dele.

Ainda assim, nitidamente Medina faz testes. Palácios fora de forma em campo, Liziero na ala esquerda, Lindoso entre zagueiros e David no comando do ataque são testes, como foram David na ala direita e Boschilia na esquerda. Na verdade, me agrada mais tentar ganhar o jogo com um atacante na lateral do que com troca de volantes.

Olhando dessa forma, parece claro que Medina ainda não colocou seu time titular em campo. Mostrou apreço por dois times, o do segundo tempo contra o Caxias, e primeiro contra o Brasil, mas ainda não definiu quais seus 11 titulares, ou mesmo seus 15.

E não é pra testar o óbvio. Nesse quesito, Wesley e Cardorini (bem ontem) são os homens de referência. David é atacante de lado e pode trocar de posição com Taison, e Gabriel é nosso melhor primeiro volante, sendo que a melhor dupla até o momento inclui Johnny.

Medina precisa resolver alguns problemas que a Direção não resolveu. O principal deles é onde colocar Edenílson, o craque que fizeram tudo para segurar. Essa mensagem foi bem clara ao treinador. Renovaram e aumentaram o salário, dever render, mas ainda não rendeu. Ontem, suas limitações e falta de recursos ficaram bem claras; não tem passe bom, e não sabe chutar, além de se desestabilizar muito fácil.

Difícil, na cabeça do treinador, retirar do time alguém tão valorizado, e vale para Moisés e Cuesta. Já para a posição de Dourado, temos 6 opções. Fácil entender.

Ainda assim, Moisés deve perder a posição, embora aposte que jogue o grenal, e a tendência é que Edenílson vá perdendo espaço ou pense novamente em jogar como segundo volante, posição onde rende mais e tem mais recursos.

Claro que esperava mais, o lado torcedor pede a definição de um time, mas o lado racional segue dizendo que gauchão serve para testes, principalmente do que não vai dar certo. E vimos que Johnny e Kaíque cresceram com dois jogos seguidos, e que PV precisa ser titular, e que um lateral direito não basta, porque não temos nenhum. Heitor teve todas as chances possíveis, é um guri colorado e aguerrido, mas se perde no jogo com muita facilidade, e ultimamente, já nos primeiros minutos.

O meio precisa ser móvel, e se Taison e David trocam de posição e de lado campo, o terceiro que fez isso até o momento foi Maurício.

Acredito que Medina viu isso, e insiste em testar Edenílson na função mais avançada, que até o momento não deu bom resultado, e até outro jogador foi contratado.

Daí a fritar o treinador, como Pedro Ernesto e seus miquinhos amestrados de redes sociais vem fazendo, é coisa que o próprio Inter tem que evitar, sabendo que há torcedores e conselheiros que ainda não estão satisfeitos com o resultado da eleição, e principalmente com as mudanças no clube. Esse é o momento de testar a tal convicção da Direção. Certo que Medina não é o melhor treinador do mundo, que comprou essa ideia é bem obtuso, e quem achou que, sozinho mudaria toda a cultura do clube, é iludido.

Mas é o treinador escolhido pelo que fez em seu time anterior, jogando com intensidade (que ainda não vimos) e velocidade (que pouco vimos), características já buscadas antes, mas vencidas pelo eterno vínculo ao esquema do Odair. Não seria em 40 dias, com as mesmas peças centrais que faria isso, embora já mostre indícios disso.

Especificamente sobre o jogo de ontem, o time demorou para se adaptar ao campo, mas encontrou a fórmula. Fez o gol, poderia ter feito com Johnny, David (duas vezes), Edenílson e Maurício, antes de Caio Vidal.

Levou o primeiro gol em impedimento e falha de PV (driblado no segundo chute, e cabeceou para a área depois), o segundo em cruzamento limpo pelo lado direito da defesa e falha de Cuesta, e um terceiro onde vi impedimento do que não chutou, mais uma falha de posicionamento na entrada da área.

Preocupa mais a pouca força para fazer os gols necessários. Nosso problema maior é não fazer gols, ainda que tenhamos chutado um pouco mais ontem.

De qualquer forma, é um resultado ruim, que atrapalha o trabalho, mas que não justifica abandonar o que foi feito.

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