AJUSTE

O Inter sofreu uma atuação extremamente preocupante. Não vou dizer que estava esperançoso com o resultado, sem laterais, com meio campo novamente envelhecido, e Alan Patrick mal posicionado, minhas esperanças se resumiam ao empate.
E logo no início do jogo já foi possível constatar que não empataríamos sequer, dada a falta de marcação pela esquerda, e pela incapacidade de fazer um passe que encontrasse Alan Patrick ou Carbonero em condições.
Não vou isentar Ramon, que ainda padece de testes com tantos desfalques, mas a ideia de desarrumar um setor para deixar outro também desarrumado não tende a funcionar.
Isso porque Bruno Gomes, na carência de meio campo, não pode ser deslocado para a lateral. Por pior que seja nosso bravo paraguaio, ainda tem uma certa velocidade para chegar na frente, coisa que Bruno Gomes não tem, e a lateral deixa pouco espaço para um volante que consegue construir jogadas pelo meio.
Creio que não há dúvidas de que Bruno Henrique não tem fôlego, ainda mais para a função, e que T Maia fica totalmente perdido pela esquerda, querendo ser meia atacante e se descuidando da marcação. Se a ideia é jogar com velocidade, não é Carbonero que tem que marcar o lateral, e o lado esquerdo do Inter, já enfermo com a lentidão de Vitor Gabriel, ficou exposto sem cobertura.
Alan Patrick, no melhor jogo do Inter com Ramon, não jogou adiantado, e sim vindo de trás, inclusive fechando o meio. Mas não é uma função que goste de fazer, e simplesmente não faz, e o Inter jogou no 433, deixando o meio exposto, exatamente onde o adversário se impõe.
Ramon precisa corrigir isso, porque dois atacantes com velocidade, jogando por dentro, é mais eficiente que o 433 sem a bola.
Ainda assim, salvos pelo Ivan em diversas oportunidades, até milagrosas, o Inter quase abre o marcador. Vitinho tem sido o escape do time, e já errou dois gols que poderiam mudar a história dos jogos, contra o Bahia e Fluminense. Está afobado na conclusão.
O Inter foi mais presente no segundo tempo, não muito, mas não foi melhor em nenhum momento, ainda se dando o luxo de perder bons ataques, inclusive com Borré, que segue em dificuldade de acertar o gol.
Ouvi falar das entrevistas pós jogo, e do desânimo que a imprensa que colocar no time como obra do treinador. O jogo foi absurdamente desanimador, mas temos outros, e não dá pra ficar chorando o whisky derramado.
Ramon precisa encerrar os testes, jogar com cada um na sua posição e ajustar a função e posicionamento de Alan Patrick, que mais vale orquestrando o time por 60 minutos do que jogando como centroavante por 90. Tem banco de reservas para isso, e Ramon sabia que não tinha um time ideal até o final do campeonato.
Agora é pés no chão, trabalhar uma semana, esperar que o departamento médico devolva alguém e jogar como se fosse um campeonato, e não um amistoso.