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Foi um jogo tenso, jogadores tensos, torcida tensa, clima tenso. Depois de uma eliminação catastrófica, em que o time todo jogou mal, e até Daniel falhou, a partida contra o Aimoré era bem significativa.

5.000 torcedores, menor público da nova era, e não dá pra culpar a chuva no dia quente de verão. Nesse quesito, David tem razão, a culpa é deles.

O que se viu, e eu não tinha visto antes, foram vaias severas para Cuesta, Edenílson, Dourado e Moisés, estes dois últimos anunciados na reserva, mas vaiados com igual intensidade. Outros foram vaiados em bem menor intensidade, como David, Wesley, Johnny, Liziero. Medina também experimentou a vaia, média; mas D’Ale e Taison aplaudidos.

Isso tem significado forte, talvez parte da torcida que sempre elegeu alguns heróis sem futebol tenha visto que jogam muito pouco pelo Inter. Moisés, chamado para substituir um bem cansado PV, foi muito vaiado. Ed, fazendo tudo para não sair, levou a pior na substituição, caminhando aos gritos de pipoqueiro até o banco. Gritos uníssonos, coletivos, organizados.

Fora isso, um jogo tenso, um time com muito medo de errar. Medina alterou o time colocando Maurício pela direita e Ed pelo meio, Taison pela esquerda e David como um atacante móvel, pouco ou nada presente na área. Os dois volantes em linha, posicionamento corrigido depois do gol, e laterais espetados na intermediária adversária.

As jogadas saiam quando Taison conduzia, e quando Maurício jogava, embora faltasse meio, já que Ed foi figurativo novamente, perdido, errando passes e posicionamento. Medina precisa acertar esse homem do meio, já acertou com Taison por ali, mas a necessidade inexplicável de Ed no time não permite repetir o mesmo melhor Inter do ano, com Taison, Maurício e David, com Wesley de centroavante.

Kaíque toma conta da posição, é jovem, falta um pouco de imposição física contra os atacantes mais fortes, mas acerta muito mais passes que Mendez, e Cuesta fez outra partida abaixo da média.

Gabriel mostrou porque um volante com velocidade na recomposição é importante, e Liziero, com muitos erros, ainda é melhor que Dourado; mas peca por saber jogar apenas com a perna esquerda, até para passes simples, e tem poucos recursos para suprir essa falha. Muito nervoso, demorou para acertar o posicionamento. Na minha opinião, Johnny, mesmo fazendo um jogo muito ruim na Copa do Brasil, é melhor que ele, e tem mais recursos. É nosso único volante que passa de primeira, com os dois pés.

PV estava mais contido nas jogadas individuais, como todo o time, mas dele se esperava mais ímpeto, embora ainda não tenha se acertado com David. O ruim é que cansa logo. Aos 15 do segundo tempo já mostrava sinais de cansaço puro. Medina viu, reforçou a marcação e substituiu. Enquanto isso, Thauan Lara ainda não jogou.

Do outro lado, um esquecido Bustos clamava por atenção e algumas bolas, mas não recebia. O boicote ao lado direito é incrível, mesmo sendo o lado por onde Maurício, o melhor do time, fazia acontecer alguma coisa, e chutava. Sim, Maurício chuta, com os dois pés, coisa rara, e coisa mais rara ainda no Inter dos últimos tempos. Por ali, Nico chutava, não lembro de outro.

E foi em um chute mascado que saiu o gol, em roubada de Gabriel, passe de Ed, e chute da entrada da área de David.

O gol fez com que o Aimoré avançasse, e o nervosismo apareceu mais ainda, já que o Inter tocava a bola para criar espaços; mas era uma troca lenta, curta, com necessidade de domínio, olhar o jogo e passar, nada automático, nada de reflexo.

O retorno do intervalo foi ruim, Daniel salvou em cabeceio de quem era marcado por Edenílson. Maurício desperdiça o melhor contra-ataque, depois de uma arrancada muito boa, mas mesmo o contra-ataque é falho no posicionamento, com jogadores amontoados. Patrick fazia isso.

David até funcionou como jogador de movimentação no comando do ataque, mas não havia outro na área. Por vezes, Ed era o último homem na linha de ataque, o que diz muito.

Medina tem erros, mas dá pra ver que o time vai se ajustando muito aos poucos. Do estádio é possível ver conversa com Liziero que muda o posicionamento do volante e dá mais fluidez ao time, assim como há mudança na estrutura do jogo com a entrada de Wesley.

Mas esses acertos estão muito lentos. Medina depende de um homem de meio que chame o jogo e tenha qualidade para acompanhas os pontas e construir jogadas com igualdade ou superioridade numérica. Isso funcionou, até o momento, uma única vez com o trio Maurício pela direita, Taison pelo meio e David pela esquerda, com intensa movimentação e troca de posições entre esses três, que têm recursos tanto para movimentação e conclusão.

Bem claro, volantes não tem esses recursos, até por isso são volantes, daí porque nossa baixa sempre ocorre quando dependemos de volantes para atacar e construir.

O jogo foi todo controlado, mas tenso, com a sensação que alguém falharia em alguma bola idiota. O ingresso de D’Ale novamente deu controle ao jogo, mas nada de criação. Boschilia até tentou jogadas individuais, mas não chutou quando era pra chutar, de forma inexplicável.

Medina precisa definir o time titular, o quanto antes, e insistir no entrosamento para termos uma mínima mecânica de ataque, e não apenas o giro da bola contra retrancas. Precisa apresentar um time mais intenso e mais rápido na troca de bolas, principalmente mais confiante.

Acredito que essa definição poderá ser traumática, pois nosso melhor time até o momento não tem Dourado nem Ed, e acredito que Cuesta só está no time pela falta de um zagueiro canhoto, embora Kaíque já tenha atuado naquele lado.

O momento é de Medina mostrar porque o chamam de cacique, tomar as decisões que todos veem como necessárias, e administrar o repuxo. Será com ele, porque a direção perdeu a oportunidade de fazer, e não dá mostras de que consiga fazer.

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