4.7
(17)

Em um jogo com times de idêntica campanha, e idêntico histórico nos enfrentamentos, o empate não destoou do passado, embora os últimos resultados tenham sido favoráveis  ao Inter.

Foi um jogo em que, apesar dos quatro volantes da escalação, o time começou com marcação alta, apostando no erro de saída de bola. Contudo, o gol saiu de um estreante em bola espirrada para a área. Mercado teve calma e habilidade.

O Inter não soube aproveitar o momento. Patrick, sempre ele, deixou de definir o jogo, depois, Dourado erra cabeceio sozinho quase na pequena área, e Yuri desperdiça um cruzamento por baixo. Não poderia ficar impune. Aliás, já estava, pois Mercado proporciona o melhor lance do jogo para o Santos.

Depois, Dourado erra no posicionamento, mostra porque digo que não tem velocidade, mostra que está sem força física, e deixa Pirani empatar, quando o Santos não mostrava alternativas.

Pouco depois, Lucas Braga dribla facilmente Mercado, dá um balãozinho para a área, e Moisés, novamente Moisés, fica pregado no chão, olhando a bola, esperando que chegue até ele, permitindo a antecipação de Madson, que acerta um cabeceio inusitado. O Santos vira.

Termina o primeiro tempo e o mapa de calor do jogo mostra que o Inter não usou seu lado direito do ataque; há um vazio em todo o lado direito a partir do círculo central, evidenciando que algo estava muito errado. Era o lado por onde o Santos mais se fazia presente.

O Inter também se apresentou mais “quente” pelo lado esquerdo, o que mostra o quão foi improdutivo aquele termômetro.

O segundo tempo já veio com diferenças. Boschilia, ainda longe de ser o jogador de antes da lesão, veio compor um meio um pouco mais agressivo pela direita. O Inter voltou para empatar, talvez até ganhar. Só que esbarra na improdutividade de alguns de seus jogadores, que parecem jogar bem uma partida, e descansar outras quatro.

Mendez segue como destaque da zaga, embora tenha errado todos os passes longos, e o time fica carente de uma armação, mesmo trocando passes buscando alternativa. Guerrero vem no lugar de Mercado, e o time começa a usar o lado direito, com um lateral, Edenilson, que apoia. Taison e Boschilia trocam passes e se movimentam, abrindo espaços, mas ainda com dificuldade. PV retoma o lugar de Moisés, e Patrick deixa o time para Palácios.

O Inter teme apenas contra-ataques, tem a bola, mas conclui pouco. Guerrero não passa, Edenílson não parte pro gol e Yuri desperdiça contra-ataque em passe ridículo. Três situações perdidas.

A redenção de Dourado vem com um passe perfeito, a partir de uma infiltração perfeita em velocidade, e uma assistência maravilhosa, para o empate com Yuri. Dava pra ter ganho.

De bom, o Inter não desistiu, não arrefeceu com a virada e buscou até a vitória, coisa que não acontecia em passado recente. De ruim, meio time. Lindoso, Dourado, Moisés, Patrick e Mercado. Sim, Mercado foi um erro, apesar do gol. Completamente desembocado, errou quase tudo na lateral, e foi salvo por um erro do atacante santista. Por ali, o Santos se criou, foi driblado facilmente e esteve ausente no campo ofensivo. Edenílson sumiu com ele, Lindoso sequer apareceu e foi um lado quase inexistente no primeiro tempo.

Por mais que se queira dar ritmo ao jogador, o que será necessário, colocá-lo fora de sua posição habitual foi um erro, mesmo que já tenha sido lateral de seleção. O time melhorou muito com sua saída, assim como ganhou mais qualidade com as saídas de Moisés e Patrick. Não entendo, aliás, porque Moisés bate faltas.

Empatar na vila não é um resultado teoricamente ruim, mas esse Santos é time para vencer, joga com individualidades ainda, e tem dificuldades com defesas mais postadas. Contou com os erros graves do Inter, de jogadores carimbados por esses erros.

A arbitragem pipocou feio ao não expulsar com o segundo amarelo o zagueiro santista, em falta clara para amarelo. Não compensa não ter expulsado Mercado, que só fez o que fez pelo primeiro lance absurdo do árbitro.

E as transmissões seguem irritantes. Nem na transmissão privada do Athlético Paranaense os narradores e comentaristas torcem tanto contra um time. Mas isso só afeta a torcida.

Contudo, não creio em mudanças profundas no atual estágio. Estamos estabilizados, com o grupo dominante jogando como quer, quando quer, e Aguirre vai administrando. Lindoso fora é uma janela para mudar um pouco o time. Com placar adverso, a opção foi Boschilia.

Espero que Aguirre corrija os erros da escalação para o próximo jogo. O Dragão só ataca pela esquerda, com Natanael, que não sei se pode jogar. Com Mercado, o Inter não existiu pela direita, e com a ideia de que um lateral mais marcador, liberaria Edenilson, o que vimos em campo foi nada funcionar pelo lado direito, nem no meio, nem no ataque, nem na defesa.

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