Mauro Loch

O ANO QUE NÃO TERMINOU

4.6
(9)

Já tivemos a virada do ano, férias escolares (alguns), festas de Natal e as tradicionais promessas e desejos para o ano de 2021. Mas, como em outros países, o campeonato, ou os campeonatos, ainda não terminaram.

2020 será um ano inesquecível mesmo, seja para coisas boas, seja para coisas ruins, um ano que terminou no calendário, mas parece continuar em nossas vidas.

Mesmo com essa distopia, já temos presidente novo e administração nova, tomando o lugar de outra que não deixa saudades, com mais erros do que acertos.

Barcellos entra, contudo, sem terminar o ano, dando continuidade principalmente às dúvidas que permearam 2020. Quem será nosso treinador e comissão técnica, como será a preparação física, e, principalmente, o vestiário.

Sua entrevista revela pouco, não dá prazo para Abel, não anuncia reforços e nem mesmo todo o time administrativo do futebol está definido, já que, feliz ou infelizmente, Pedrinho não vem. Tinga parece ser o nome caindo de maduro para a função, mas há necessidade de uma proposta mais detalhada.

Não gostaria de ver Abel com Tinga, acho que esvaziaria Tinga. Na verdade, não gostaria de ver Abel por mais do que Ramirez eventualmente precise compreender o Inter, e isso seria um ou dois meses.

Achei importante a percepção de Barcellos da mudança de metodologia que Coudet trouxe, mas o novo presidente também fala em volume de trabalho e aceitação do vestiário, o que me deixou um pouco preocupado. Coudet não era muito adepto das folgas, o que ficou pouco evidente com a pandemia. Ramirez parece que segue o mesmo caminho, mas também não há uma indicação firme de ele será o novo treinador.

Na falta de futebol nacional, assisti ao duelo entre Real e Celta. Não havia visto nenhum jogo do Real ou Celta nem em 2020. Como reiteradamente o Airton Kikito escreve por aqui, parece ser outro futebol o que se pratica por lá.

O Celta perde mas joga, tem mais posse mas repete alguns preciosismos de Coudet. O esquema é o mesmo, laterais espetados, meio povoado e defender com poucos, pressionado a posse do adversário. Pressionar um time que tem Modric e Kross é bastante ousado, mas o Celta levou gol em contra-ataque, depois de perder um gol, e em duas falhas consecutivas do mesmo zagueiro.

O preciosismo que menciono é a finalização. Celta teve mais posse de bola, o que é uma façanha contra o Real, mas finaliza pouco, em busca de chances ideais, mesmo com mais gente na área, o que se repetia aqui. O Real é mais efetivo e incisivo, e claro, com mais qualidade individual.
Os números impressionam. Se não me engano, um impedimento em todo o jogo.

Ambos os times não tem bons laterais esquerdos, e o Celta também não tem um bom lateral direito. Tapia, que faz a função mais importante do esquema, não é rápido, mas é móvel e inteligente, e há um outro jogador que movimenta o time por ambos os lados, uma peça que faltava ao Inter. O que mais chamou a atenção de diferente é que o goleiro participa da saída de jogo, o que aqui não acontecia.

O Real tem uma dupla no meio que enche os olhos de qualquer fã de futebol. Não existe dificuldade em sair jogando com Modric, que sai de qualquer pressão como se jogasse sozinho no campo. E Kross coloca a bola onde quer, com os dois pés, em passes que independem da distância. Esses dois são a diferença do Real, transformando todo o resto em coadjuvantes, alguns de luxo, como Varani e o próprio Benzema, que não me agrada tanto, mas tem um posicionamento invejável.

Barcellos fala em admiração por futebol com transição rápida e boa marcação, elogiou o Flamengo de 2019. São modelos muito interessantes, mas não tem nada a ver com Abel e sim com Zidane. Mas o ano ainda não acabou.

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