Mauro Loch

Não foi um desastre

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Imagine uma filmagem de um exemplar de cinema catástrofe, quando os carros são demolidos, prédios caem, o fogo se alastra, o chão se abre e tudo o mais que pode acontecer e que já vimos diversas vezes.

Agora imagine como se sentem os dublês, e todo o resto da equipe que produziu as cenas de desastres. É a pura felicidade, pois aconteceu exatamente o que se esperava.

Temos um exemplo recente no Inter, quando Aguirre recebeu Anderson gordinho, fora de forma e falastrão, com todo o apoio do Presidente, aquele cujo nome não se deve pronunciar. Aguirre teve que engolir a escalação, e assim o fez no primeiro jogo da Libertadores, na altitude, e a imagem de Anderson recebendo oxigênio no banco, se não me engano, ainda no primeiro tempo, é digna de cinema catástrofe, e de comemoração por quem idealizou a cena.

Não na mesma proporção, porque os idealizadores da cena atual talvez não quisessem o desastre, mas era esperado desde o início da escalação.

Odair insistiu no esquema que foi esgotado ano passado, com três volantes dois meias atacantes de velocidade pelas pontas, e um suposto finalizador. Esse esquema rendeu bons frutos até o esgotamento e previsibilidade, e não se entende porque as férias o revigorariam.

Para piorar, ou referendar o desastre previsto, usou jogadores piores que quando o esquema deu certo, ou em fase pior. Sim, Rytheli não é melhor que Dourado na função, e Lindoso sequer é possível avaliar, ante sua completa ausência em campo em qualquer função. Patrick é o mesmo do final do ano.

Wellington Silva vai acumular chances sem nenhum resultado, e Neilton até pode ser utilizado, mas precisa de companhia. Sobis, deslocado, não se justifica.

Na defesa, Lomba é Lomba, e se recusa a sair da pequena área, ou mesmo falar com os zagueiros. Ano passado já tomamos gols por conta dessa absurda falta de comunicação verbal do goleiro, e o erro se repetiu novamente. Não há necessidade de afastar balão, a bola vai chegar para o goleiro, desde que ele diga que não há adversário por perto. E quando o zagueiro afasta, o meio tem que ir na bola, e não ficar olhando como Lindoso ficou.

Bruno José, o atacante que começou a carreira como lateral, é melhor que Bruno; tem mais vontade, futebol, vigor e técnica, mas, é da base, e foi escolhido para uma substituição ridícula. Klaus desembocado, lento, avoado, sentiu a reserva e não foi sombra do jogador que chegou aqui. Roberto, com o desconto necessário da adaptação do gramado, é nosso melhor zagueiro reserva. Iago até produziu quando teve companhia, mas caiu no marasmo do time e errou passes que não costuma errar.

O time até que começou com um certo ímpeto, pela esquerda, onde se revezaram Neilton e WS, trocando bolas e movimentação com Iago e Sobis, mas faltava alguém para complementar as jogadas, Patrick até que tentou. WS pela direita não funcionou, talvez porque Lindoso não existia, e Bruno José foi contido em seus avanços.

O campo sintético prejudica sim, mas é só adotar outra forma de jogar, que não os passes longos. O Inter conseguiu alguma coisa nos primeiros 20 minutos com passes curtos e movimentação, depois resolveu adotar a ligação direta, até porque não havia meio para uma ligação melhor, com os desastres de Rytheli, Lindoso e Patick.

A mudança no segundo tempo era necessária, mas Odair gosta de insistir nos erros, e um São José chutando a gol desde o tiro de meta, era questão de tempo até acertarem. Aí sai o lateral, como faz no time principal, e tira o único que tentava passar a bola no meio. Patrick recuado jogou melhor na contenção, mas o time piorou sem passes. Não adianta ter velocidade quando a bola é muito mais rápida, e Parede apenas pode mostrar que é rápido e tem um drible, tal qual era Rossi. Trellez também ingressou para nada acontecer, até que Odair colocou alguém que sabia o que fazer com a bola nos pés e não tinha medo de fazer. O Inter cresceu com Sarrafiore, mas o castigo do segundo gol veio bem a calhar no cinema catástrofe, na hora programada.

Gosto de tirar algumas lições dessas más jornadas, ainda que alguma sejam repetidas. Precisamos de um goleiro que saia do gol além da pequena área, e não apenas nos cruzamentos. Lindoso já recebeu chances e provou que não está pronto, e não sei se um dia vai estar, então é hora de buscar uma alternativa. Sarrafiore é titular em qualquer das equipes, e Odair que encontre uma maneira para que ele jogue. O resto ainda tem algum crédito do desentrosamento e piso anti-futebol, mas está no fim.

Odair tem apenas o crédito do teste, mas está se esvaindo, porque não testou Richard, Nonato ou Ramon, e preterir Pedro Lucas por uma improvisação de Sobis é um grande equívoco.

Espero, realmente, que tenha sido um desastre programado, embora tenha sérias dúvidas sobre isso.

 

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