Não fomos aquele time de 95, Roger?

Se alguém ainda tinha dúvidas de que a Libertadores é um bicho traiçoeiro, a última quinta-feira tratou de esfregar a verdade na nossa cara colorada. O Inter foi a Medellín e voltou com um 3 a 1 nas costas, mas o placar, meus amigos, conta só metade da história. A outra metade está na falta de atitude, nas escolhas de Roger e no ataque que, como um leão velho, só ruge — morder, que é bom, nada.
Roger Machado entrou no Atanasio Girardot armado até os dentes: três volantes para “fechar a casa”. Era para segurar a pressão, cadenciar o jogo, baixar a rotação do Atlético Nacional. Na teoria, parecia prudente. Na prática, virou um convite para os colombianos tomarem conta do meio, das pontas e da nossa cozinha. Era como se tivéssemos ido à guerra com escudos de papelão. Quando o primeiro gol saiu pelo lado, ninguém no banco se levantou assustado. Era só questão de tempo.
No ataque, a coisa foi ainda mais melancólica. Enner Valencia vagou em campo como quem perdeu o endereço da festa — e para piorar, saiu machucado. Lucca entrou no sacrifício, correu, se doou, mas parecia correr contra um rio que vinha na contramão. O golzinho solitário que fizemos foi mais um lampejo de orgulho ferido do que um sinal de reação. E foi só isso mesmo: lampejo. Nada de fogo de verdade.
A torcida, que já tinha engolido tropeços demais, começa a se impacientar. O Inter virou aquele amigo que promete arrumar a vida toda segunda-feira, mas segue afundado no sofá. E Roger? Precisa urgentemente recalibrar a bússola. A Libertadores não perdoa quem anda em círculos. Time grande que joga pequeno paga o preço — e o Inter pagou.
Ainda há tempo de virar essa história. Restam dois jogos, e o grupo é embolado o suficiente para que duas vitórias nos coloquem de volta no caminho. Mas, pra isso, não basta correr mais — tem que correr certo. O Inter precisa reaprender a morder. A ter sangue nos olhos. E Roger, a ousar. Ou ficaremos, mais uma vez, contando histórias de um quase que não aconteceu.
Por ora, fica o recado: menos prudência, mais coragem. E, quem sabe, no próximo texto eu venha aqui falar de um Colorado que reaprendeu a ser gigante.