2.6
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Encruzilhada é o título em português desse magnífico filme musical dos anos 2000, que traz uma batalha épica da guitarra de Ralph Macchio, ator, com o músico Steve Vai. Por vezes vejo só essa sequência final do filme no you tube, também porque tem uma dançarina fantástica em coreografia que nunca tinha visto antes, nessa mesma parte.

Em dado momento, no filme, o blueseiro diz ao jovem músico, no abandono da namorada, que o blues não é mais nada do que o sofrimento transformado em música, mas com outras palavras.

A torcida do Inter sabe bem o que é um blues, e tem sofrido muito com desmandos da arbitragem, já bem destacados nos posts que antecedem.

Agora é bola pra frente, e, novamente, estamos em uma encruzilhada, tal qual ano passado, mas não como em anos anteriores. Coudet chegou no início da temporada passada com a missão de mudar o jeito do Inter jogar. Foi escolhido porque os times que treinava tinham um padrão de jogo diferente do que o Inter praticava nos dois anos anteriores, e arrisco dizer, praticou depois da saída de Aguirre.

Coudet trouxe novo desenho tático e conseguiu implementar a ideia. O Inter fez bons, e até excelentes jogos com esse novo formato tático. Mas Coudet deixou o Inter e veio Abel, repetindo o futebol reativo, com ênfase na defesa e jogar no campo próprio. Deu certo por um bom período, engatamos 9 vitórias seguidas e perdemos o almejado título um por falhas nossas também, mesmo tendo feito 3 gols anulados contra o Corinthians.

Mas o time jogou bem algumas partidas, foi pouco propositivo, embora em alguns jogos tenha dominado o tempo todo.

Abel saiu, como tinha que sair, embora ninguém mais merecesse esse título que o grande Abelão. A ele, todas minhas homenagens, mas não sou fã do estilo do Abel, e até acho que partiu pra cima deles em menos oportunidades do que deveria, até porque nosso elenco não apresentava tantas opções assim.

O que se avizinha é um novo treinador com uma proposta também diferente do que o Inter apresentava como modelo de futebol nos anos anteriores. Miguel Ángel Ramirez, ao que tudo indica, vem, e já vai chegar sob trovoadas da imprensa, situação muito similar ao Coudet.

A encruzilhada de que falo é o caminho a ser escolhido também pela torcida. Ao que parece, a direção fez sua opção, de mudança de modelo de jogo, de contratações e até mesmo da utilização da base. Será um novo período de chuvas e trovoadas e a torcida, nós, temos que escolher o caminho sabendo o que vamos enfrentar.

Ano passado disse que não esperava nenhum título ou disputa, pois viveríamos um ano de transição, de preparação, e quase fui engolido pelo desempenho do Abel. Mas sigo com a mesma ideia de que uma mudança dessas, ainda que contemos com a contribuição de Coudet, não é uma mudança que alcança resultados imediatos, ainda mais com a carência de contratações e a necessidade de vender jogadores para equilibrar as finanças.

Essa mudança pode passar inclusive por abandonarmos jogadores que foram importantes esse ano, como Edenilson e Patrick, em relação aos quais tenho muitas restrições, mas reconheço sua importância ao time na temporada passada. Aí podemos incluir Cuesta e Dourado.

Há quem pense que esses jogadores, por terem sido vítimas do surrupio, junto com o clube, jogariam com sangue nos olhos a próxima temporada, para recuperar o que nos tiraram na mão grande. Não vejo assim, não acho que esse emocional dos jogadores atue dessa forma, e penso que nova temporada é nova história.

Claro que se o novo treinador ver possibilidade de aproveitar as características desses jogadores em seu esquema, deve ficar, mas não penso que repetiríamos 2005/2006.

A nova temporada, que começa hoje com o time repleto de guris, deve ser encarada pela torcida como uma temporada de mudanças, de formação, de recuperação do DNA colorado que se fortaleceu com as crias da base e com jogadores identificados como clube, por mais raro que isso seja hoje em dia, e não como uma caça desenfreada a um título.

Não quero dizer que desprezo títulos e não quero ganhar nada; pelo contrário, quero ganhar mais, de forma consistente, passando por cima das arbitragens e entregadas de adversários. Só vejo isso possível com um futebol impositivo, propositivo, que alie força e velocidade. Mas se a cobrança, que virá da imprensa, também for da torcida, vier não pelo futebol jogado, mas pelos resultados, retornaremos ao mesmo ponto de onde não conseguimos sair.

Creio que a escolha dessa encruzilhada não é títulos ou mais do mesmo, e sim uma rota que nos traga novamente um futebol que passe mais confiança, que meta um pouco mais de medo nos adversários. Aí os títulos serão consequência.

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