Mauro Loch

SALADA MISTA TÁTICA

4.3
(11)

O primeiro gol saiu antes de o Vasco ter posse de bola efetiva, mas o sentimento não era de alegria (sim, também), mas de uma certa preocupação em fazer gol cedo demais e retrancar.

Pouco tempo depois, com o Inter ainda dominando as ações, veio o segundo gol, nas raras vezes em que o centroavante surgiu na frente do zagueiro, provocando bela defesa do goleiro e subsequente precisa assistência para Wanderson marcar seu gol.

Confesso que o misto de alegria e preocupação tinha maior parte de alegria, pensando em imposição sobre um adversário fraco.

Os momentos seguintes, contudo, mostraram o modelo Mano Menezes de jogo, recuando o time para tentar jogar nos contra-ataques.

Não vou criticar o modelo, embora não goste dele; vou criticar a falta de preparação do jogo para esse modelo, porque o time apenas recua, sem nenhuma preparação  para recuperar a bola, e menos ainda do que fazer com ela quando recupera, o que detona por completo a proposta de jogo ao recuar o time.

O natural, com time postado para recuperar a bola, seria uma linha de quatro com laterais e zagueiros, e uma segunda linha, com Rômulo, Campanharo, PH ou Wanderson, e Alan Patrick,  perto de Luiz Adriano, para receber a bola e despachar para o velocistas ou para a parede do Luiz Adriano.

Mais, com a bola recuperada, o time precisava de um posicionamento de contra-ataque, com um dos extremas pronto para receber uma bola longa, ou Luiz Adriano com o passe engatilhado para um dos extremas.

Nada disso. Mano insiste numa segunda linha de três marcadores, sendo eles ora Wanderson, ora PH, e um trio ofensivo com Alan Patrick, Luiz Adriano e um dos velocistas. Quando o Vasco cruzava a primeira linha desses três atacantes, tinha superioridade numérica no meio, com quatro jogadores marcados por três, e tomou conta do meio, só não alterando o placar porque é um time muito ruim em termos de conjunto.

Recuperada a bola, era balão sem direção, nem para Luiz Adriano, nem para direita, nem para esquerda, simplesmente se livrando da bola.

Ou seja, nem armado para o contra-ataque o time estava, e se beneficiou da ruindade coletiva do Vasco.

Tanto que o gol é uma sucessão de falhas individuais e mal posicionamento do time desde o cruzamento até o gol, renovando a preocupação que a frente da área segue sem proteção nas bolas vindas do fundo, independentemente de que esteja como primeiro volante. Isso não é preparo físico (aliás, recuar aos 20 minutos não é preparo físico) ou característica de jogador, mas posicionamento orientado pelo treinador.

Já havia dito que, no campo, via claramente Mercado orientar Baralhas nos posicionamentos, e ontem, Bustos falava com Pedro Henrique a todo momento sobre onde deveria se posicionar. Não uma ou duas vezes. E a pergunta que fica é o que o treinador fala para os jogadores sobre posicionamento, que tanto eles tem que discutir em campo?

Bem, o Vasco, com o time limitado, tomou conta do meio, e Mano insistiu no 433 até os 40 minutos, sendo salvo por novo milagre do John, e por uma deficiência brutal do jogador vascaíno. Mas não achei John em boa partida, embora o milagre tenha garantido mais dois pontos e não teve culpa no gol. John segue inseguro na bola aérea, hesitante, faz o pior possível, faz o movimento de sair e recua. Na final da Champions, o goleiro brasileiro do City, em bola alçada na área do meio campo, sai quase na linha da grande área, e sinto muita falta disso nos nossos goleiros.

Dito isso, nesse esquema, nenhum dos laterais está indo bem defensivamente, e a presença de PH mata qualquer avanço de Bustos, embora ambos tenham trocado bons passes duas vezes, o que é muito pouco. PH tem dificuldades para jogar com outro atacante aberto, e a sincronia entre os dois, de um ou outro aparecer na área está muito fraca.

Destaque positivo para Rômulo, além do gol, muito combativo, e Luiz Adriano fez uma partida melhor em relação a si mesmo, o que não é quase nada, mas produziu muito, muito pouco, saindo da área e perdendo as disputas individuais.

Bom que somamos três pontos, mesmo com sorte nas falhas dos adversários, e vamos para o intervalo FIFA com um pouco mais de tranquilidade, retomando provavelmente com o time mais reforçado.

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