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Foi um jogo muito ruim das duas equipes. Talvez pela classificação antecipada, a informação tirou qualquer ímpeto dos jogadores de buscar a vitória, o que é preocupante.

O Inter, com muito mais condições técnicas que o Ypiranga, não poderia apresentar um futebol tão modorrento e sem criatividade, e não há desculpas de time que nunca jogou junto ou cheio de reservas, péssima arbitragem ou gramado sofrível. Os suplentes já jogaram antes e foram melhores, pelo menos apresentaram um pouco mais de vontade ofensiva, o que não existiu no confronto de sábado.

Mesmo com as improvisações, ou testes, o time jogou de forma igual apenas no quarteto defensivo, composto pelos dois zagueiros, e os dois volantes da saída de bola, o resto do time jogou de forma diferente do primeiro jogo, com muito menos movimentação e busca da bola. Individualmente, quase todo o time esteve mal.

Lomba fez uma defesa apenas, assistindo ao jogo dentro do campo, mas sem sair nas bolas aéreas que não são óbvias. Heitor fez um jogo muito ruim. A alternativa de ataque pelas laterais dependem, no mínimo, de um domínio razoável da bola (coisa que os argentinos são mestres), e Heitor falhou barbaramente no quesito, desperdiçando as melhores bolas longas.

Zé Gabriel foi uma surpresa, talvez improvisado pela capacidade de sair jogando, quesito em que Roberto foi muito mal quando jogou. Pouco testado como defensor, foi razoável na saída de bola. Não sei se Coudet procura um substituto para o substituto de Moledo, que também tem dificuldades com a bola, mas é nosso zagueiro rápido.

Pedro Henrique, ainda incomodado, mas um pouco mais à vontade pelo lado esquerdo, foi bem, ressalvando uma entregada que seria fatal contra um time um pouco melhor e a bola aérea. Mas fez bons lançamentos longos, desperdiçados pelos laterais.

Uendel não fez um jogo ruim, mas não gosto de vê-lo no time. Uma hora vai falhar feio. No melhor lance de ataque do Inter, em que conseguiu o cruzamento desperdiçado por M. Guilherme, tropeça na bola e quase perde o tempo do passe.

Jonnhy foi a surpresa, por dois motivos. Primeiro porque não foi bem na sua estreia, e segundo por jogar na função do Musto. Isso significa confiança do treinador e esperança que o futebol que Coudet viu nos treinos apareça nos jogos. Foi bem considerando a estreia na função, fez boas coberturas dos zagueiros e laterais. Sigo achando que é jogador que merece atenção.

Nonato foi novamente muito mal; definitivamente, nestes dois jogos, não entendeu a função e não conseguiu executá-la. Tem talento, é leve para jogar ali, mas não conseguiu achar o posicionamento e passe para saída de bola.

Seria por demais injusto colocar a culpa só em Nonato. M. Guilherme não repetiu as atuações, não apareceu para o jogo, não trocou passes e errou um gol sem goleiro, não teve jogadas individuais e não infiltrou. Boschila também não fez uma boa estreia, não se entendeu com Uendel ou Nonato ou M. Guilherme, muito menos com Galhardo ou Sarrafiore. Tentou uma ou outra jogada individual e mostrou talento, mas não conseguiu o jogo coletivo.

Sarrafiore e Galhardo foram espectadores, a bola não lhes foi alcançada em nenhum momento, e, nos poucos momentos em que desceram para buscar jogo, não houve movimentação dos demais para avançar. Foi um jogo coletivo muito ruim e as individualidades não apareceram.

Praxedes e Pato não modificaram o panorama do jogo e o coletivo da equipe. Pato mostra muita velocidade, e Praxedes enxerga muito bem o jogo.

Em suma, foi um jogo pra lembrar como não deve ser. Coletivamente, o time repetiu fielmente o esquema, mas com poucos jogadores buscando a bola pra jogadas, e sem continuidade. A marcação alta segue, mas nada de intensidade coletiva ainda. Preocupa que, até os 30 do segundo tempo, todas as bolas aéreas foram cabeceadas pelo Ypiranga na área do Inter.

Mas temos que fazer um elogio ao treinador. Quase não lembro a última vez que um guri de 17 anos jogou entre os titulares, e poucas vezes o time foi tão recheado de recém alçados aos profissionais. Heitor, Pedro Henrique, Jonnhy, Pato e Praxedes jogaram. Netto foi sacrificado aos 43 minutos, não conta. Insistir com Jonnhy e Nonato, que foram mal no jogo anterior, é mostra de que o treinador não vai avaliar um jogo só, ou 30 ou 45 minutos, como era praxe anteriormente, mas tentar construir a carreira dos novatos, e veremos até que ponto.

Sempre defendi que o gauchão é momento de testes, de avaliar jogadores e esquemas, e Coudet fez isso até o momento, testando em situações reais, buscando variações de posicionamento, esquemas e jogadas, e o tempo foi muito curto, pois precisa de um time titular para amanhã. Não dar certo é parte essencial do teste, desde que tenha entendido que não deu certo.

De constante ruim dos jogos foi a pouca intensidade (Red Bull jogou com intensidade contra o Palmeiras, o Inter ainda não) e pouca produção ofensiva. Mesmo a quantidade de gols anotada até o momento não revela a baixa produção ofensiva. Compreensível ainda, mas fico um pouco incomodado com a deficiência ofensiva e pouca troca de passes mais objetivos.

A mudança do posicionamento do time é incontestável, e a disciplina tática do posicionamento também, mas falta a mudança dos jogadores, do ímpeto, e de virar pra frente mais vezes do que estavam acostumados a fazer. E o Inter não tem tempo esse ano.

p.s.: nossas gurias trazendo mais um título, parabéns campeãs, que sirvam de exemplo e objetivo.

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