3.6
(12)

Inevitável falar da inevitável demissão de Medina, que caiu por fugir de suas convicções, mudando o time depois de acertá-lo, optando por três zagueiros quando o problema a ser resolvido era no ataque. Soma-se a isso a não escalação de lateral esquerdo, mesmo com dois à disposição, principalmente contra o lanterna do campeonato paraguaio. O treinador gere o grupo, mas não pode ficar refém dele na escalação, e a permanência de Wesley após um primeiro tempo sofrível na quinta, já era motivo, e não ter arrumado o time com a saída de Edenílson levou à insustentabilidade da permanência.

Página virada, inevitável constatar que o time corre e tem mais ímpeto no ataque sem a presença de Edenílson em campo. Foi assim com o ingresso de Caio Vidal na quinta, que buscava a ponta e a jogada individual, abrindo espaços para o meio e para a jogada com o lateral, o que não ocorre com Edenílson em campo. A situação se repetiu ontem, com tentativas de jogadas individuais, inexistentes com o regista em campo.

Também inevitável ver que Wesley parece ter técnica e fazer uma boa função de pivô, mas ainda se movimenta como um paquiderme em campo, o que talvez corrija com o tempo e ritmo. Mas o problema principal que vejo é a falta de noção de onde vai a bola. Atacante, e principalmente centroavante, tem que saber onde a bola vai, e tentar chegar lá. Wesley não tem essa noção. A bola está onde ele não está, e vai para onde ele não vai. Embora tenha mostrado muita vontade nos últimos jogos, e feito dois bons giros, um para cada lado, a lentidão facilita o bloqueio. Medina já tinha optado por um ataque mais móvel com David na função, e o time melhorou com Alemão na mesma função mais móvel, esbanjando estrega.

Inevitável esquecer tudo o que D’Ale fez de ruim em anos anteriores no dia de sua despedida. Com críticas, na minha opinião merecidas, ou não, foi jogador longevo e Carpinejar soube descrever a trajetória falando no jogador que se transformou em torcida. D’Ale se despediu com um gol improvável, com falha do goleiro, mas precedido de um belo drible e um potente chute, mas no momento ideal do jogo. Com toda a deficiência inexorável da idade, mostrou entrega, luta, técnica e criou um ambiente favorável depois do revés do pênalti. Que se aposente mesmo e vire torcedor. Foi um privilégio vê-lo em diversas ocasiões, que não serão ofuscadas pelos momentos ruins. Faltou a la boba, a última.

Inevitável falar de Moledo, em quem não apostava mais nada, mas renasceu e mostrou o que é um zagueiro com imposição física. Mesmo descontado pelo tempo parado, Moledo tomou conta do seu lado e da bola aérea. Merece a titularidade pelo jogo de ontem, principalmente com o declínio evidente de Mercado, que não parece saber jogar pelo lado esquerdo, pelo menos até o momento.

Inevitável lembrar que o Inter tem titulares que só são descobertos por lesão. Assim foi com Alisson, Nonato e agora com a preservação de Mendez. Espero muito o tempo em que os substitutos não percam a vaga no carteiraço, como todos os que jogaram no lugar de Patrick.

Inquestionável que o Inter precisa muito rever sua política de contratações, e abandonar a ideia de não contratar bons jogadores para as funções e posições ocupadas pelos donos do vestiário. Inacreditável que não tenhamos um zagueiro pela esquerda nesses anos todos, nem um meia direita ou segundo volante de qualidade, nem mesmo um armador. Não por esse motivo, mas inacreditável que não tenhamos um lateral direito reserva, pois Bustos não deve aguentar todas as partidas e terá suspensões também.

De resto, Cauã fez uma excelente leitura do jogo do Fortaleza, um time muito bem treinado, com excelente mecânica, embora sem peças muito talentosas. O Fortaleza ataca pelos lados e foi bem bloqueado, mesmo que a defesa tenha sofrido com os movimentos circulares dos meias e laterais. Também optou por jogar com um lateral esquerdo, o que fez grande diferença.

O time não foi mal, mas carece de velocidade. Maurício e Pena não são velocistas, muito menos Wesley. Seria um jogo bem mais fácil com pelo menos um atacante com velocidade, já que o Fortaleza se expôs no ataque e havia bastante campo para jogadas mais agudas. Espero que David ou Wanderson sejam esses nomes.

Aliás, Pena mostrou qualidade, várias qualidades, e, desde quinta, vemos como bolas paradas podem ser melhor aproveitadas com um bom batedor no lugar de Edenílson. Só o fato de ter tirado a bola de Boschilia para cobrar a falta já agrega qualidade. Além disso, sabe cruzar, tem bom passe, disputa todas as bolas e chuta.

Inevitável também falar da péssima arbitragem, que se repetirá com outros nomes em função da estapafúrdia orientação de não marcar faltas em nome do jogo correr mais. A arbitragem brasileira não consegue diferenciar contato físico de faltas, e essa orientação de deixar o jogo correr, com menos intervenção do VAR, somada à fragilidade e insegurança dos árbitros, conduz o jogo a um grande número de faltas não marcadas, reduzindo as estatísticas, mas prejudicando os atacantes.

A falta não marcada em D’Ale, no segundo pênalti, é exemplo disso.

Sobre o jogo, o Inter foi salvo pelo erro na cobrança do pênalti, e talvez pela lesão de Wesley. É um time que precisa de ajustes, principalmente no ataque e no posicionamento da defesa e laterais quando o time ataca e perde a bola. Gabriel significa retorno rápido, mas a defesa fica muito aberta.

Só que o Inter buscou o gol, Maurício e D’Ale organizaram o time e variavam o posicionamento. Wesley ganhou o combate físico com os zagueiros, mas faltou aproximação da área dos demais jogadores. Na retomada da bola, o Inter era lento, com um ou outro jogador com a bola e nenhuma opção na frente. Isso só com velocidade.

Não falarei do novo treinador ainda, mais por falta de espaço depois de longo texto, mas pelos nomes cogitados, a direção abandona a ideia, novamente, de mudança na forma de jogar. Paga pela falta de convicção e demora na mudança da fotografia do time.

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