Mauro Loch

GRENAL SE GANHA!!

2.8
(32)

Sei que é uma frase de efeito e tem muito a ver com clássicos, ainda mais com a rivalidade suprema que existe no grenal, mas não gosto da frase que grenal apenas se ganha, se é que o “apenas” cabe neste momento.

Sim, grenal se ganha, mas se não jogar, não ganha, e nosso problema ultimamente é que não estamos jogando, esperando ganhar assim.

Mas quando jogamos, normalmente somos melhores e encurralamos o adversário. Já comentei isso em outro post, sobre nossa intermitência nos jogos, e nossa decadência até os bons momentos se transformarem em lampejos, e isso aconteceu novamente, repetindo outros jogos também.

Essa ideia de que só podemos jogar a partir de tomar um gol é que não pode seguir acontecendo. Por certo que há um risco em jogar como Coudet começou em seus melhores jogos, e atacar a partir da linha do meio campo oferece um latifúndio para contra-ataques, mas foi esse o modelo que o melhor Barça ofereceu, e o que fez o Liverpool levar 7 ontem, e é o modelo que fez o Barça inesquecível, e o Liverpool ganhar quase tudo.

Claro que não há comparações, muito menos grenal é o momento para chutar o balde, e a história recente nos mostrou isso, mas incomoda muito dos 90 minutos esperar tomar um gol para atacar com mais gente, correr mais riscos e tentar fazer gols, e isso aconteceu contra o Bahia, Fortaleza e grenais. Se antes jogávamos até fazer um gol e depois cadenciávamos, agora cadenciamos e só jogamos se levarmos gol, o que é um retrocesso em relação a si mesmo.

Passa muito pela escalação, um time com muitos volantes, repetindo a tecla, sem habilidade e com poucos recursos ofensivos, permeados por uma insegurança de resultados ruins, tende a jogar com segurança de bolas laterais e recuadas, o oposto de tentar jogar.

Também é certo que falta qualidade, mas isso não significa que precisa manter os mesmos jogadores nas mesmas funções. Se é certo que Coudet achou um  time, é certo que esse time não tem as mesmas peças e algumas caíram muito de rendimento, abaixo do mínimo esperado, aí a solução é trocar, tentar algo diferente, como o próprio Coudet fez até chegar ao time ideal que jogou contra a Católica e grenal na Libertadores.

O jogo começou novamente com os dois times morrendo de  medo um do outro. O grêmio se resume a ultrapassagens dos laterais e jogada individual de um jogador apenas. As ultrapassagens foram bem bloqueadas pela direita, com Heitor renascendo jogando simples e Boschilia fazendo a proteção. O mesmo não aconteceu pelo lado esquerdo, com Patrick curtindo de atacante e permitindo as subidas do lateral. Patrick, novamente, não acrescentou nada ao time na parte ofensiva e segue facilmente desarmado.

Abel, embora ganhando algumas, deixa claro que jogar de costas pro adversário não é a dele, e Galhardo tentava impressionar em vez de jogar simples. O grêmio, com a bola, pouco sabe o que fazer quando os laterais são bloqueados, e a bola aérea é sempre a tentativa. Nossa zaga foi segura nisso, com dois erros apenas. Bloqueados, eles chutam, por isso concluem muito, e acertam muito pouco.

Do nosso lado, lampejos e posse de bola inútil. Heitor, talvez em sua melhor partida pelo Inter, perde gol em jogada típica do Coudet, quando o lateral domina bem e avança, um dos pilares do esquema. Mas o time anda ansioso, nervoso, chutando do meio campo e, principalmente, sem nenhuma coragem para um ganho pessoal sobre o marcador. Sequer tentamos, exceto Patrick, sem sucesso.

Aí tomamos um gol em que nossos dois zagueiros são vencidos pelo gordinho Diego Souza, e no único momento em que Heitor desgrudou de Pepê, vimos Musto olhar a infiltração e gol.

Coudet resolve jogar, coloca D’Ale que novamente passa a ter enfrentamentos diretos e passes melhores. Galhardo erra um gol que não poderia errar e, já com Musto expulso, vem o pênalti com um volante na área, isso é sintomático.

Aliás, estamos há 3 jogos terminando com um expulso. Entendo expulsão por dois cartões, falta violenta até, mas não aceito expulsão como a dos dois argentinos, esperados malandros, marrentos e provocadores, por agressão depois de provocados ridiculamente, um sem VAR, mas Musto foi inaceitável, e até fazia partida quase sem comprometer (sim, tentou entregar).

A boa notícia daí foi, primeiro a tentativa errada de Patrick na primeira função, depois Edenílson, que melhorou sensivelmente o time. Edenilson é nosso único volante rápido, e as mudanças necessária passam por aí.

Musto e  Lindoso são lentos, amarrados, não é à toa que um de nossos melhores jogos foi sem nenhum deles, com Jonnhy. Se Coudet ainda quer trabalhar Jonnhy, então que use Edenilson ali, e abra espaço para jogadores com mais interação com o ataque. Não temos um volante rápido na primeira função desde o famigerado William.

A partir daí, o meio pode ficar mais leve, com mais toque e mais coragem para enfrentamento pessoal, seja com Nonato, Peglow ou Marcos Guilherme, que vem muito mal, ou mesmo Praxedes, esse mais lento. Penso em Nonato, Boschilia e Peglow, mesmo sabendo que Patrick dificilmente deixa o time.

E acho que vale a inversão de Galhardo com Abel, já que o uruguaio não se adapta a função e Galhardo fez mais gols como centroavante depois da saída de Guerrero.

Enfim, as mudanças são necessárias pra que o time se sinta mais á vontade para atacar,  e retome a vontade de fazer gols, que foi decrescendo vertiginosamente, mas pode ser recuperada. Jogando, as vitórias retornam, e com elas, a confiança.

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