3.7
(36)

Por vezes o placar engana, Liverpool tomou 7 do Aston Villa, mas teve mais posse e mais conclusões. Ontem o placar não foi nada enganoso, talvez pudesse ter sido mais, e o Inter, no primeiro tempo sequer chutou ao gol.

Não foi apenas um jogo ruim, mas um time desconectado, tomando decisões absurdas, e recheado de falhas individuais. Lomba, Pedro Henrique, Zé Gabriel, Moisés, todos repetiram falhas tão absurdas que Lindoso é destaque por errar menos.

Tomamos gol depois de expulsão, e logo no início do segundo tempo, ambos em falhas individuais gritantes, e aí Praxedes tentou, Boschilia tentou e até Edenilson tentou, mas o time não produziu nada.

Não dá pra falar muito sobre o jogo, pelo menos nada além do que foi visto. Nenhuma palavra explica o  que aconteceu, e, depois do desastre, o Inter precisa fazer alguma coisa.

As opiniões se dividem em duas linhas bem claras, troca de treinador, troca de grupo. Duas pontas radicais, com poucas opiniões em via mais central.

Começo com os jogadores. Nosso time tinha a base como referência. Heitor, Pedro Henrique, Zé Gabriel, Nonato, Praxedes, Caio e Yuri, que não é da base, mas recém subiu para os profissionais. Praxedes fez gol e umas duas boas jogadas pela esquerda, mas foi tão desarmado quanto Patrick. Nonato inexistiu. Pedro Henrique resolveu agredir o adversário em um jogo morno, Caio e Heitor jogaram mal, Yuri esteve desaparecido, embora lutando, e Zé Gabriel não pode seguir no Inter, não há como se reerguer depois de sucessivas falhas de todas as maneiras em tantos jogos.

Dentre os veteranos, Lomba falha duas vezes nos dois primeiros gols, se coloca mal em vários outros lances, e tem reposição de bola absurdamente terrível. Cuesta, embora o melhor, está abaixo do desejável. Moisés não justifica nem a reserva, e Lindoso apenas faz hora-extra pela inércia da direção.

Não temos zagueiros, temos um lateral, três ou quatro jogadores de meio, e uns quatro atacantes, com o destaque que vários jogadores do meio fazem a mesma função.

O quadro e esse, um tanto quanto desesperador, e não pode ser desconsiderado quando avaliamos o trabalho.

Colocar os mesmos 11 em campo, com pequenas variações, é um risco em uma temporada emendada, mas o time não tem reservas que possam sequer estar um pouco abaixo dos titulares, e a base não resolveu. Não é por acaso que está sendo reformulada, que tantos foram dispensados. Não e só a parte técnica, mas a estrutura emocional da base é abalada, não formamos jogadores e atletas, no máximo uns boleiros.

Não dá pra isentar o treinador. Lomba é inaceitável, embora até tenha ficado feliz de não ser Daniel com o resto do time sem vontade de jogar. Moisés, que cansa no meio do primeiro tempo, não pode ser melhor que Léo Borges, e, se for, precisamos ver. Embora Léo não tenha aproveitado as chances, não comprometeu como Moisés. Ramirez demorou para dar ritmo ao Jonnhy, mas, principalmente, demora para ver as falhas no seu esquema de jogo. Não falo de sistema, penso que o jogo com toques e movimentação não deve ser abandonado, mas é necessário que seja adaptado para potencializar as virtudes de alguns poucos jogadores, e falo principalmente no ataque, com Galhardo e Yuri. E sem laterais que minimamente saibam o que é jogar pelo meio, não é possível isolar os meio campistas, como está acontecendo. Ramirez precisa rever o esquema, como já fez em algumas partidas, pois os 3 do ataque não estão aparecendo em lugar nenhum.

Mas não podemos deixar de considerar, também, que esse foi, até onde sabemos, o combinado. Sem reforços, jogar com o que tem, e mudar a forma de jogar.

Isso está sendo feito. Não vemos uma linha de 5 e outra de 4 e um atacante isolado. Estamos tentando construir jogadas a partir da movimentação e não da recuperação de bola (um erro, penso), mas não há movimentação suficiente para o passe, e, principalmente, o passe está lento e previsível, como nos últimos anos.

Nos bastidores, onde muito se fala mas pouco se sabe, há informações de jogadores que não querem jogar dessa forma, não querem o treinador, não gostam do esquema de treinos, da preparação física, ou de alguma coisa, e a direção está em encruzilhada que todos sabiam que iria aparecer: ou aceita o que os jogadores querem, ou segue com o treinador e suas orientações.

Há muito que se fala em falta de profissionalismo do jogador brasileiro, mimado e birrento, mas não sei se é só isso. Nitidamente Ramirez não agrada imprensa e oposição, inclusive a que disse que iria contratá-lo se ganhasse, mas treinador não é RP, tem que mostrar trabalho.

Vejo trabalho no Ramirez, vejo suas ideias em campo, vejo alguns jogadores fazendo o que pede, mas não vejo mais jogadores fazendo do que não fazendo, e isso é um problema que nos remete à encruzilhada.

E, por mais que não veja evolução nos últimos jogos, pelo contrário, uma nítida involução, não vejo o momento de troca de treinador, até por falta de opção no mercado, mas é essencial que Ramirez se ajude, faça uma autocrítica, reveja algumas escolhas de elenco e esquema, e tente fazer o time funcionar.

Mas também não posso deixar de apontar o dedo para a direção. O time colocado em campo, ontem, mostrou que precisamos de um elenco um pouco mais confiável. Sei que a situação financeira é ruim, e que as copas rendem mais trocados que brasileirão, mas a direção precisa oferecer um pouco mais ao treinador, principalmente opções defensivas, que, desde o ano passado, sabemos que são deficientes. Paulo Bracks foi contratado pela sua habilidade em trazer nomes sem muito custo, e creio que a fase do balanço acabou, e é hora de suprir as deficiências com imaginação. Alguns dias atrás, imaginava que era possível esperar a janela dos euros, mas já revejo minha posição.

Em suma, não a derrota, mas a atuação do time, não pode passar impune e sem reação, e precisa ser rápida, forte e eficiente.

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