Há Sempre Um Começo
Não é bom começar com um lugar comum, mas é fato: tudo sempre tem um começo.
Podemos pensar diferente do que pode ser a melhor forma… mas, independente disso, qualquer coisa precisa começar de alguma jeito. E, diferente do mundo das ideias, onde as variáveis são controláveis, os instintos e impulsos externos domados, todas as nossas vontades e todos os nossos desejos colaboram para chegarmos a um objetivo e, além disso, no mundo teórico somos perfeitos na execução… na realidade nem tudo ocorre como num cenário imaginado.
Diferente de quem está na execução, quem está apenas opinando não precisa admitir que errou ou que fez uma análise errada. Como ocorre a anos com a imprensa esportiva. Palpiteiros podem ignorar esse fato e seguir adiante sem explicações. Quem está na execução não tem essa prerrogativa.
Se eu acho errado quem está na execução ser confrontado com seus erros? De maneira nenhuma. Até acho que se a pessoa for suficientemente inteligente vai se tornar melhor após isso. O que eu acho que não está certo é que palpiteiros não tenham esse mesmo crivo.
Eu acho que o debate seria muito mais honesto e enriquecedor se tivéssemos a força moral suficiente de admitir a nossa fraqueza. Isso inclui a fina arte de puxar a brasa para nosso assado (hoje vou bater o recorde de lugares comuns). Nem sempre estamos num embate em que precisa haver um vencedor. Quando existe um objetivo em comum, dois pontos de vista conflitantes podem trazer a tona uma perspectiva nova que seja mais efetiva pra atingir esse objetivo. Parece que estou falando de mundo corporativo, mas nada a ver com a firma, isso se aplica perfeitamente ao futebol.
Tem algum problema errar? A menos que você seja um cirurgião, um piloto de avião ou profissional de uma das tantas profissões que um erro significa provocar mortes e tragédias, imagino que não seja um problema. As pessoas esquecem que erro e acerto são duas faces da mesma moeda: o risco de quem executa.
Precisamos aprender a respeitar o erro tanto quanto admiramos os acertos. Se eles ocorrem num cenário de honestidade, entrega sincera ao trabalho e buscando o melhor resultado, precisamos ser respeitosos. Não que isso impeça a gente de mandar quem errou, solenemente, tomar no cú.
Até hoje não vi nenhum palpiteiro morrer por ter admitido estar errado. Mas, isso de admitir que uma ideia está errada, é tão raro de acontecer que até nos deixa receosos de que possamos conhecer o anjo da morte em pessoa se fizer essa ousadia.
Stirling Moss, um piloto de Fórmula 1 dos anos 50, disse certa vez que existem duas coisas que um homem não admite que não faz bem: dirigir e fazer amor. Eu espero não ter de acrescentar, pelo menos aqui, “admitir que alguma opinião sua está errada”.
Por isso, eu, por exemplo, se tivesse o poder de escolha e decisão não teria contratado o Guerrero e achava que o Coudet era um Celso Roth que falava espanhol, dificilmente o contrataria.
Como tudo tem um começo… Qual foi teu grande palpite furado?