FIFA 98
Em meados de 1997 era lançado um jogo que levou com ele várias horas de minha adolescência, o FIFA 98 (FIFA: Road to World Cup 98, para os íntimos). Como efeito da prática, a gente vai melhorando a performance. Dormir? Pra que?! Estudar para a prova? Dane-se! Ia subindo a dificuldade e com o tempo os placares ficavam elásticos, cada vez mais elásticos: 3×0, 7×0, 14×0… Até o ponto em que virar o primeiro tempo com o placar abaixo de 5 era restart garantido. Minha mágica era colocar o Batistuta no Ataque, independente do time. Todos meus times eram montados com Batigol+10. Acho que o senhor Gabriel Omar nunca fez tantos gols e assistências na vida quanto fazia atuando no meu PC por uma tarde ou noite qualquer.
Mas por que esse assunto de videogame? Porque o rebaixamento de um clube é um assunto muito mais sério que não traz consigo a solução “reiniciar”. Acho que todos que acompanham futebol sabem o que faz um time vencedor: além de boas escolhas, talento, vontade e competência, nada acontece sem dinheiro. NADA! A parte de recompensar a incompetência, como tem acontecido no INTER nos últimos anos – pagar altos salários a nabas, bonificação por coisas básicas ficar na série A, dentre outros.
É uma coisa tão séria que a história recente está cheia de casos vergonhosos, incluindo virada de mesa (não é mesmo Fluminense e Flamengo?), mudança de regras com campeonato em andamento, Trazer um clube da série C direto para a A e deixar ele como se nada tivesse acontecido (olha o Fluminense de novo!). Até mesmo promover mais clubes para a Elite do futebol nacional para trazer um Big13 de volta da segunda divisão (né Grêmio?).
Não nos cabe ser puritanos ao ponto de esperar a jornada perfeita, isso não existe. Vamos ter objetividade. Vocês preferem cair com pompa e circunstância? Eu nunca! Quem reclama de ser garfado contra o Corinthians não pode achar feio SE VALER DAS REGRAS. O INTER tem a seu lado um grande jurista que é o Doutor Daniel Cravo e se houver embasamento, jurisprudência e outros bichos da lei eu acredito que ele reverte a nosso favor o caso. Mesmo que isso não aconteça, não pode-se ter vergonha de estar certo. Se o clube que torcemos tivesse cometido algum deslize básico ninguém teria misericórdia. Imagino que nem nós, torcedores puristas em busca da jornada escrita com perfeição, ousaríamos perdoar. A vida em competitividade é isto:
“É muito difícil você conseguir vencer numa boa. Pra vencer você tem que lutar, e essa luta muitas vezes significa indispor de certa forma com algumas pessoas, pra prevalecer aquilo que você acredita. Teu ponto de vista, tua cabeça, a tua personalidade acima de tudo. E se você não lutar pra valer, você acaba perdendo teu próprio rumo. E se você perde o teu próprio caminho, você não é ninguém. Então, pra conseguir manter essa linha de conduta, você tem que lutar muito. E, muitas vezes, tem que brigar mesmo. Deus é forte, Ele é grande, e quando Ele quer, não tem quem não queira.” (Ayrton Senna)
Na vida, alguém sempre vai querer o teu lugar, fato. Para tanto, vão buscar isso seja por merecimento ou por meios escusos. Quanto a rivalidade doméstica, se não conseguirem melhor desempenho sempre vão procurar argumentos para legitimar o que for contra o time do grêmio (vide “vale mais ser primeiro da segunda, que segundo da primeira” – para os mais jovens, um senhor senil disse isso ao vivo em um telejornal para enaltecer que ser campeão da série B era feito maior que ser segundo colocado no Brasileirão de 2005). Por isso, amigos, independente do que aconteça nas próximas semanas TAPEM OS OUVIDOS! A RGT.jr vai dizer que é feio, entrevistará “torcedores aleatórios” para provar que a grande massa condena e acha vergonhosa a situação e o grêmio é um time imortal-peleador-copeiro que ganha e faz história ou é prejudicado.
Torcedores rivais farão chacota, mais para esconder seus pecados do passado e desqualificar o INTER do que para qualquer outro fim… E por aí vai. Mas não se importem, a vida não vem com botão de reiniciar e após o apito do juiz ou o final de uma “corneta” é a vida real que segue. Leve o esporte na esportiva!
E quanto ao time, mesmo se for na bola ainda vão achar motivos para desqualificar o clube. Não que a equipe esteja merecendo algum elogio, mas sempre acharão motivos para desqualificar o que for conseguido. Assim, o que for preciso e o que for possível, por meios legítimos deve ser buscado. Afinal a arrogância que permeia a gestão do INTER passa longe de quem usa a camisa vermelha por amor. Como ensina São Fernandão: sedes humildes e tudo alcançarás, para vencer precisamos dos outros. E eu completo: precisamos até mesmo dos adversários. Respeito e humildade nunca fez mal a ninguém, mas sempre forjou grandes seres humanos e acompanhou grandes histórias.
PS: já pensaram, que louco seria o Galo fazer 2×0 na Arena, ganhar a final nos pênaltis e o INTER se manter na primeira divisão? O ano não acabou ainda… nem a esperança.