D’Alessandro NUNCA mais
Senhores, D’Alessandro NUNCA mais! O ano era 2012… Não lembro exatamente o dia e o mês. Mas era um jogo importante e o D’Alessandro estava entrando pela primeira vez como capitão. Além disso, haviam alguns rumores de que ele estava com negociações em andamento para transferir-se ao futebol chinês, que, na época, era o novo Eldorado para os boleiros na segunda metade das suas carreiras.
Não sei quem de vocês estava presente, mas eu estava lá. Quando os jogadores estavam todos perfilados a torcida começou a gritar como se fosse um refrão no show do Queen: Fica D’Alessandro! Fica D’Alessandro!
Foi muito bacana e a energia estava incrível! No final, conseguimos o que havia sido pedido: ele ficou no Internacional. Além da inegável habilidade dele, juntou-se a isso nossa carência para um novo Fernandão, a necessidade técnica do time e a nossa ingenuidade.
Aqui cabe uma explicação. Falo ingenuidade – ou tonguisse mesmo – porque, primeiro, Fernandão foi um cara diferenciado a um grau extremo. Diria sem medo de errar que ele é um caso dentre bilhões. Tanto que desafio qualquer um que tenha tempo e recursos para tal a sair pelo mundo e encontrar alguém com o mesmo perfil, liderança, caráter, dedicação e que os deuses abençoem com vários sinais de que está no caminho e no lugar certo. Aposto que vamos gastar uma soma gigantesca de dinheiro e tempo com uma chance mínima de sucesso.
Fernandão foi tão único que nem ele sequer conseguiu se equiparar a ele mesmo. Quer seja no seu retorno (refugado pelo Inter e contratado pelo São Paulo), quer seja na sua curta e traumática carreira de técnico.
Segundo, porque seguindo a tese da ingenuidade – onde eu prefiro dizer tonguisse, mocoronguisse – a gente esquece de que jogador profissional de futebol é apenas mais uma dentre todas as profissões existentes. E o que o profissional quer? Aham! Isso mesmo! Ele quer Plata, dinheiro, money… e não há nada de errado nisso!
Voltanto ao ponto, a culpa das más interpretações e muitos erros de análise é nossa mesmo. Na paixão pelo clube nós, por ingenuidade – leia-se topeirisse, confunde a pessoa jogador com o sujeito torcedor. As vezes ele se encontram? Claro! Pode acontecer! Mas é raro! 100% dos jogadores (assim como qualquer profissional) torce primeiro para o “Eu Futebol Clube”. Há algo de errado nisso? Nada! A carreira é curta e eles tem de tirar o máximo proveito dela.
Porém, podemos apontar vários erros grosseiros na gestão de carreira dos profissionais da bola. Um desses problemas na gestão de carreira é comunicação. Um exemplo disso ocorreu com um ex-atleta do INTER quando ele não tendo muita calma e inteligência (emocional, de comunicação, etc) soltou uma declaração como a do vídeo abaixo no final. Isso aconteceu no mesmo ano ao qual a torcida, no início, havia colocado ele num pedestal:
Por acaso eu fiquei com raiva? Não! Eu ainda tenho raiva! É um pouco diferente…
Mas isso não me impede de analisar num contexto amplo (nem impede de gostar dele). Quando falo “D’Alessandro NUNCA mais”, não estou me referindo ao habilidoso e marrento meia “doble chapa” (duas cidadanias, argentina e brasileira). Até gostaria de pagar umas cervejas pra ele e rir dos seus causos.
Quando digo D’Alessandro NUNCA mais eu apenas pego emprestado o nome dele para uma situação: idolatrar jogador. A isso que me refiro o nunca mais. Não devemos mais por ninguém num patamar acima do humano. Logo podemos mudar para “D’lessandros nunca mais”.
Com isso quero dizer: nunca mais idolatrar jogador algum, sequer ousar por num pedestal. Devemos respeitar a pessoa? Sim! Admirar o trabalho bem feito? Com certeza! Comemorar as vitórias? Óbvio! E de preferência com muita cerveja!
Mas sem paixão nas análises porque jogadores são profissionais e eles não tem atributos que possam sensibilizar nosso coração. Não os conhecemos pessoalmente, ao passo que longe do convívio não podemos confundir as coisas. Profissional e pessoal são duas expressões do mesmo ser, mas não são a mesma coisa.
O que eles fazem sim é que tem sentido para nós e nos toca, não quem eles são. A nossa simpatia ou antipatia peplo o que eles fazem em campo é que vai nos fazer catar fatos isolados para respaldar nossa afeição (ou ódio).
Por isso, devemos sempre manter o foco no trabalho que é realizado em campo e no resultado que ele constrói. A profissão deles, se for bem feita, pode leva-los a fazer coisas que colocam o nome deles na história do clube e também na quase-eternidade de nossas lembranças… no final é para isso que eles trabalham (mesmo que alguns não saibam). As benesses financeiras são consequências disso e não o contrário. Se ninguém antes de mim tinha dito isso pra eles… de nada!
PS: a Cesar o que é de Cesar! No caso, a Bruno o que é de Bruno! Esse post foi inspirado num comentário dele, Colunista Bruno, de que não devemos idolatrar jogadores de futebol.