Cristian

A Teologia do Rogerismo

5
(21)

Empatar fora de casa com o Bahia, depois de empatar com o Flamengo, é como beijar pela metade: não é castigo, mas também não é glória. Parece pouco — porque o torcedor está sempre com fome de muito — mas, se olhar com atenção, vai perceber que o Inter não está apenas jogando bola. Está performando uma resistência. Está encarnando o Rogerismo.

Sim, senhoras e senhores: o Rogerismo já é realidade. Um tipo de teologia encarnada na grama — onde o milagre não é vencer com brilho, mas sobreviver com dignidade. O time mostra que sabe sofrer. E mais: sabe buscar. Não se entrega fácil. É o tipo de time que apanha de cabeça erguida e volta pro segundo tempo com cara de quem vai roubar a carteira do destino. Tipo um Rocky Balboa dos pampas.

Teve um momento no jogo, ali pelos 27 do segundo tempo, que eu juro que achei que o pai Danilo tinha errado o feitiço. Cruzamentos tortos, passes que pareciam dados com a parte de dentro do joelho, e uma tensão no ar digna de missa de sétimo dia. Mas não. Era só o script do sofrimento sendo seguido à risca, como se cada erro fizesse parte de uma liturgia secreta da superação. E a eucaristia veio pelo gol oportuno do Valência – ele de novo. Salve Valência!

No fim, o empate soou morno, mas no peito de quem assistiu com o coração batendo pelo lado esquerdo, houve calor. E calor é coisa rara nesses tempos em que tudo parece morno por dentro e histérico por fora.

A verdade é que esse Inter do Roger é mais do que parece. Não é time de espetáculo — é time de vísceras. E talvez seja isso o que nos resta: um time que reflete exatamente o que a gente sente todo dia tentando sobreviver a um país esquisito, a boletos com prazo e a relações que só dão certo no modo avião.

Então sim, meu caro: o empate foi meia-boca. Mas, às vezes, meia-boca é tudo o que temos — e o que temos, se soubermos olhar direito, já é muito.

Talvez não seja coincidência que tudo isso tenha acontecido às vésperas do 4 de abril.

Porque em 1909 nasceu um clube que, 116 anos depois, continua ensinando o que é viver sem favores, sem promessas, mas com entrega.

Um clube gigante que, como o gol no fim, sempre renasce… Sempre!

FELIZ ANIVERSÁRIO, Sport Club Internacional!

 

How useful was this post?

Click on a star to rate it!

As you found this post useful...

Follow us on social media!