XAVI
Neste link se pode ler uma entrevista com Xavi Hernandez: https://elpais.com/deportes/2018/01/08/actualidad/1515368650_150263.html
Está em espanhol mas ao clicar na tela com o botão direito do mouse se pode escolher a opção de traduzir para o português. Fica mais ou menos pois é uma tradução eletrônica mas bem aceitável.
A matéria é imperdível para quem quer aprender algum coisa sobre o futebol moderno. A começar pelo título – O futebol se converteu no futebol americano. Esse, ao contrário do que parece, é um jogo altamente intelectualizado, com tudo sob controle, nada é aleatório e que é feito para agradar ao público.
Da matéria do Xavi destaco a referência à “rodinha”, que para minha santa ignorância sempre seria uma brincadeira para matar o tempo mas não!!!! A função de preparação que ela oferece é fantástica. Depois que li a entrevista comecei a prestar atenção em uma das formas de jogar do Barça, na qual eles colocam os adversário na roda em espaços diminutos e conseguem passes improváveis.
Outro aspecto interessante é sua observação sobre o espaço-tempo, ou sobre o entendimento do jogo. Por esse, como se posicionar para dar espaços ao companheiro, procurar os espaços no campo, se deslocar e para trabalhar como um acordeão, em um abre e fecha contínuo (imagem que ele atribui ao Cruiff).
E a suprema máxima que traduzo : “Eu me pergunto (Xavi): como eu me defendo melhor? Me dê a bola O adversário já não pode atacá-lo. Ele deve roubar a bola primeiro. E se ele roubar de você e está a 70-80 metros do seu objetivo, a conclusão é clara. O mais seguro é ter a bola no campo oposto. É por isso que não entendo os treinadores que dizem: “Vamos jogar em nosso próprio campo”.
Não é fácil jogar como o Barça e Xavi reconhece isso.
Segundo ele o futebol explorou e desenvolveu a parte física e tática. Agora, o que resta ser explorado é a técnica, isso é, por que as coisas acontecem, como atacar. Esse é o talento! E isso ainda não está suficientemente desenvolvido. Pergunta ele: Porque no topo do futebol há mais simmeones do que os guardiolas . Você vê isso no Premier League: que equipes jogam como Guardiola? Três? Quatro? E o que equipes jogam como Simeone ou eles deixam o domínio do jogo? 70%. A desculpa desses treinadores é: “É que não posso competir contra Barcelona ou Real Madrid”. Mas eles fazem o mesmo contra o Leganés! (É um time menor da Espanha).
Comento eu: esse modelo de futebol jogado por aqui é ultrapassado. É um futebol acomodado, preguiçoso, que não atrai e nem encanta. O jogador dá um passe e como um burocrata, acredita que já cumpriu sua função, terminou o trabalho e pode ir para casa. Inexiste movimentação, troca de posições, deslocamentos. A prática do “chuveiro” para a área oferece a bola ao adversário e é uma aposta no improvável golo de um jogador de costas contra outros de frente. Claro que golos acontecem mas se formos analisar a relação de “chuveiros” e os golos ocorridos veremos que a mesma é pobre em bons resultados.
O mesmo dos tais “lançamentos” ao acaso, tipo cara ou coroa: se der, deu. Com isso se entrega a bola novamente ao adversário. Menos mal que aí o adversário tampouco sabe o que fazer com ela e fica esse jogo morno, bobo, de irritantes trocas de passes entre os defensores até que um deles, pressionado, dá um chutão para a frente. Ora, se era para fazer isso, porque perder tempo sendo antes medroso e pouco criativo?
E o que dizer do tiro de meta? Goleiros dão um balão para a frente, a fim de se livrar dela. Como se ela nunca mais fosse voltar!
Para mudar isso há que se aprender a jogar futebol, coisa que não se dá nenhuma importância. Meninos nas categorias de base são escolhidos por critérios duvidosos, muitas vezes a preocupação é mais com o cabelo, brincos e outros adornos, e menos, muito menos, com o preparo intelectual. Como diz Xavi: O talento ganha do físico.
Em um post que é escrito mais por outros do que por mim, não poderia faltar um parágrafo da coluna de Tostão na FSP no dia 07.02. Eis o que diz o mestre:
Disse tudo.