WISLAWA
PRIMEIRA PARTE
Wisława Szymborska, polaca, prêmio Nobel de Literatura 1996.
Não estou seguro se essa amável Senhora gostava de futebol. Também, creio que isso não é relevante, além de que é uma frívola dúvida. Desculpas.
Dela, temos o poema Autotomia.
Autotomia é a capacidade que alguns animais possuem de liberar partes do corpo, ou uma auto-mutilação usada como meio de defesa, podendo essas partes regenerar-se ou não após um período de tempo.
Aí temos a Autotomia; qualquer semelhança com o que temos hoje em termos de – de quê mesmo? – do clube que admiramos é coincidência. Ou não!
Diante do perigo, a holotúria se divide em duas:
deixando uma sua metade ser devorada pelo mundo,
salvando-se com a outra metade.
Ela se bifurca subitamente em naufrágio e salvação,
em resgate e promessa, no que foi e no que será.
No centro do seu corpo irrompe um precipício
de duas bordas que se tornam estranhas uma à outra.
Sobre uma das bordas, a morte, sobre outra, a vida.
Aqui o desespero, ali a coragem.
Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.
Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.
Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.
Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.
Aqui o coração pesado, ali o Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um voo.
O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.
SEGUNDA PARTE
Porque hoje é sábado amanhã será domingo, quer queiramos ou não. Se nada de ruim acontecer no Mundo entre hoje e amanhã, ao sábado sucederá o domingo.
E esse domingo tem Gre-Nal. O resultado do mesmo já está conhecido pelos astros, búzios, está nos signos e nas cartas. Quem domina o conhecimento de algum desses oráculos já sabe o que vai acontecer. Eu, que quase nada domino e nem mesmo minha cabeça que insiste nesses devaneios exotéricos, pouco sei alem do que sei: que o amanhã virá depois de hoje.
Isso é bom pois esse post terá vida breve como convém a toda existência intensa. Essa última condição é outro devaneio mas adoro me enganar.