Então, era uma vez….
Inicío hoje uma longa (espero!) jornada como colunista do BV,
Agradeço ao “Big boss” pela oportunidade e a todos que de alguma forma incentivaram o começo dessa nova atividade.
Mesmo já tendo alguns anos (3 ou 4) de convivência com vocês no BV me apresento:
Sou gaúcho, nasci em Erechim, engrossei as pernas correndo atrás de bola em Passo Fundo e passei toda uma vida, faculdade e profissional, em Porto Alegre. Fui médico lá por uma eternidade (agora sou um dos felizes aposentados pela Previdência Social) e depois, mudei para São Paulo (fiquei ali por 5 anos) e finalmente, estou já há 5 anos residindo em Sant Cugat del Valles.
Essa cidade é próxima de Barcelona, Espanha; são uns 25 minutos de trem até a Plaça Catalunya, centro de Barcelona, e uns 20 km de Montserrat (por favor, olhem as imagens no Google, se não o conhecem).
Sempre fui e serei colorado, seja lá o que isso significa de bom ou não para o meu atual estado de ânimo. Seja o que for, é como promessa de casamento: Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.
Nos anos dourados (nada a ver com o atual Dourado) possuía cadeiras cativas no Gigante, estacionamento, almofadas, bandeira, rádio de pilha (sim! Existiu!) e ia domingo sim e outro também assistir nosso time jogar (jogar, sabe? Jogar mesmo).
Era o programa de domingo à tarde, quando havia jogo no Gigante. Íamos depois do inevitável churrasco: cerveja Norteña, carne e salsichão do açougue do Leonço – salsichão embutido por ele – que ficava na Avenida Alegrete, quase esquina com a Taquara; quem comeu, comeu e quem não, não vai comer mais pois ele se aposentou.
Ia com dois dos meus filhos, que eram pequenos na época, e cansei de levar um deles dormindo nos meus braços para o carro.
Tive a sorte de ver jogar toda uma geração de craques que parecia interminável; fui assistente privilegiado (estava atrás da goleira) da falta que Nelinho do Cruzeiro chutou e a bola, feminina e caprichosa, fez duas curvas e o grande Manguita inventou uma volta no ar e a espalmou para fora. Não vi muito bem o gol iluminado do Figueroa pois estava do outro lado do campo, mas digo uma coisa para vocês: Meninos, eu vi! Estava lá! Corria o ano de 1975. Parecia que os céus do futebol (existe isso?) só se abriam para o Inter.
Estava no Gigante quando Valdomiro chutou aquela falta que bateu no travessão, caiu dentro do gol e saiu. Golllll! Isso contra o Corinthians na final do Campeonato Brasileiro de 1976; muitos de vocês nem eram nascidos.
Como se isso não bastasse, rebobinando a fita (sim, isso se fazia: pergunte ao seu avô o que significava), eu estava nos Eucaliptos quando Larry entrou no segundo tempo (nem lembro contra quem jogávamos), fez dois golos em 10 minutos e foi expulso. Ali, na minha frente; eu estava em pé, agarrado no alambrado, todo molhado de mijo (sim, mijo: urina, pipi) que atiravam em sacos plásticos.
Tenho histórias. Mas agora é só isso. Voltamos aos tempos atuais; temos assuntos: de tédio não morreremos. Hoje, meu dia de estreia aqui, tenho que aparentar ser amável, gentil, cordial: não falarei de paulões, zagos, medeiros, andersons e outros quetais.
Não estou seguro se isso que vou escrever agora soa como uma ameaça ou não, mas volto na próxima segunda feira. E não mais com “recuerdos”. Tchau!