O Que Aprendi com Celso Roth
Estava eu me preparando para começar a escrever. Pego uma água quente e jogo sobre o café dentro da xícara. Nesse pequeno momento de prazer, enquanto vou organizando as ideias, o meu celular avisa que chegou uma mensagem. “Compra autorizada no cartão de crédito”… Autorizada? Autorizada o cacete! Eu cancelei a porcaria que estão me cobrando a quase um ano e segue debitando.
Me irrito, jogo o café fora, esbravejo com o cachorro, ligo pra operadora do cartão, faço reclamação para a empresa, lanço uma reclamação no Reclame Aqui… e lá vou eu vivenciando nas emoções como tenho me sentindo ao ver as equipes que o Roth escala: é um roubo, um atentado, uma cobrança indevida em nossa paciência, um crime ao tentarmos consumir bom futebol. E não tem “Reclame Aqui” que de jeito, já que ele é “A” solução dos problemas (sic).
Começo a recuperar o humor quando brinco com a atendente se meu cartão agora pode virar palheta para o violão enquanto ela acabava de pedir um novo plástico pra mim. Pronto! Cobrança indevida nunca mais. Seria tão bom se numa ligação pudéssemos bloquear o acesso de um incompetente. Já pensou? “Perdeu pro Mazembe! Com Damião, Giuliano, Oscar e Andrezinho no Banco? Manda outro técnico e bloqueia para acesso a nova contratação!” Pronto! Não teria dirigente com síndrome de amor antigo e assim, se perdesse, pelo menos seria por conta de erros novos.
Então, conforme vou amansando meus pensamentos, corre pela minha mente a frase que foi o estopim de hoje. O que Celso Roth me ensinou?
- Um homem é resultado de suas convicções
Se você tem medo, aliás! Medos todos temos, mas se você é dominado por ele, não importa quão bom você seja no que faz, tem menos relevância ainda o que você sabe sobre seu ofício, você sempre será menor do que poderia ser e arrastará todos a sua volta pro buraco junto com você. Somos todos reféns das escolhas feitas e elas sempre vem de suas convicções, da forma como vê e interage com o mundo a sua volta, e se você interage com medo sabe o resultado: merda!
Alguém que aos 35 minutos do segundo tempo, perdendo de 2×1 diz “o jogo acabou”… defina você!
Pode ser que diga, “fez certo, manteve o time vivo na competição, poderia tomar mais”. Ou ainda pense “cagão! Devia ter ido pra cima e buscado no mínimo o empate!”. Qual está certa? As duas ou nenhuma, depende na mente de qual pessoa partir a ideia e lá dentro o pensamento se confrontar com a maneira que essa mesma pessoa enxerga o mundo do lado de fora.
Eu, por exemplo, sou adepto da segunda teoria. Sou daqueles que prefere perder com gosto do que ganhar se escondendo. Gosto do incontestável e, também, daquilo que é lutado. Não gosto de ganhar com as calças na mão, ganhar quase perdendo. Time recuado, acuado e escondido no próprio campo é mostra de covardia. Isso não é jogo. Pra mim valor está mais no que se é do que naquilo que se tem.
Inter anos 70: ganha com autoridade! Inter 1992, conquista com sacrifício. Inter 2005, perde com honra! Inter 2006 vence com garra. Inter 2010, conquista com classe e depois definha, definha, definha… E cá estamos nós hoje tentando achar explicações.
Não precisamos de nenhuma teoria pra explicar o que está acontecendo. A equipe está trabalhando assustada e com medo. Não consegue ativar o “modo sobrevivência”, confunde garra com medo e joga como se fosse começo de campeonato. Passam a impressão de que, acreditam, havendo qualquer pequena sequência de vitórias o perigo será sepultado. Se não venceu hoje o problema pode ser resolvido no próximo jogo… E assim vão a cada rodada colocando seus nomes mais próximos da porta dos fundos da história do clube, aquelas lembranças que ninguém tem orgulho de contar, pelo contrário, prefere esconder.
Hoje eu não quero ensinar nada. Não quero mostrar nenhum caminho. Como permite entender o título, estou aqui disposto a aprender. Quero que os responsáveis me ensinem como eles veem o mundo. Porque, francamente, parece que enxergamos coisas diferentes. O time perdendo joga bem, jogador com técnica e com personalidade é reserva, atacante que não sabe chutar a gol é solução e centro-avante que nos trouxe diversos 3 pontos (1×0) não é escalado. Francamente me sinto mais vendo uma reverssal russa. Algo tipo, no Brasileirão o INTER supera as vitorias, no mundo da SWAT as vitórias superam o INTER.