Cristian

Era uma vez na Metrópole

4.4
(13)

Acredito que, se não todos, a grande maioria de nós tem sonhos. Coisas que temos “vontades” de fazer, ver e/ou experimentar. Alguns deles meio malucos enquanto outros, para alguns, inconfessáveis. No meu caso, em particular, o mais destacado desses sonhos está de certa forma “quase” no escopo de minhas possibilidades é confessável:

A cena se desenrolaria no Autódromo do Estoril, Portugal. Uma tarde de um dia qualquer, talvez um sábado – por ser meu dia favorito da semana. Nesse dia especial o sol desponta e se mostra entre nuvens nos últimos momentos antes de se por, após uma pancada de chuva ter ido embora e deixado toda a pista molhada, destacando, com isso, o tom preto do asfalto e tornando mais desafiador, eu diria interessante, guiar um automóvel em alta velocidade. Nesse instante eu dou partida no motor de um Porsche 911 cinza gravite e ligo o som, fazendo a talentosa Tina Tunner cantar a plenos pulmões “I call you when I need you, my heart’s on fire…” (palavras iniciais da música “The Best”). Nisso, autorizam a minha partida e eu inicio a melhor volta de todos os tempos do circuito… ao menos para mim.

Por outro lado, não sei se as pessoas envolvidas com o futebol do Inter tem as suas intenções e ligações tão confessáveis quanto a minha. E nisso a gente perde um tempo irrecuperável de vida tentando mudar o que não está no nosso alcance. Cobrar jogador é aceitável e necessário, mas isso não vai resolver o nossa situação.

O que nós temos de ter em mente é que todo mundo defende seus próprios interesses. Isso é natural e saudável. Mas, as vezes, a gente é preso num romantismo de anos 80 caindo no conto de amor a camisa e gratidão…

Assim como na primeira oportunidade os jogadores vazam fora. Na primeira oportunidade deve-se qualificar o grupo e por pra jogar OS MELHORES. Qualquer coisa diferente disso é só esquema.

Boleiro não pode ter voz final de comando. Devem ser ouvidos, claro. Mas não podem ter poder de decisão. E se fizer motim deve ser posto na geladeira. Nem que pra isso seja preciso escalar o sub-12 nas competições oficiais.

Ao dar-se as chaves do cofre aos boleiros e empresários levou-se o clube (o futebol brasileiro como um todo) a mediocridade. A relação de poder clube-boleiros só pode ser estabelecida sobre um tripé: profissionalismo, transparência e poder econômico (pagamentos em dia). Quando falta uma dessas partes vira confraria onde um “deve” favor a outra parte e isso nunca acaba bem. Pois, quando o ambiente é uma zona, cada um faz o que bem entende e via de regra isso não é o que é preciso.

O que é urgente é focar no que está sob nosso controle. Gestão, profissionalismo e transparência são os únicos parafusos que podemos apertar de fora, ou seja, se não pressionarmos o presidente e seus pares de comando nada vai mudar.

A torcida vaia um jogador hoje que amanhã estará passando férias num hotel 22 estrelas em Dubai com uma bela e jovem companhia, tomando vinho que a garrafa custa o salário do anual da maioria dos torcedores. E na próxima temporada chegará em outro clube como grande estrela e solução dos problemas, e o ciclo se reinicia.

Apertar os parafusos que podemos: quem tem poder de mando!
O resto é pranto e ranger de dentes. Algo diferente disso é jogar nosso tempo fora.

Quis custodiet ipsos custodes? (quem viagia os vigilantes? – Juvenal)

 

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