4.8
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Entre idas e vindas somente em Novo Hamburgo morei cerca de cinco vezes. Na mais longa, perto de dois anos, residi num prédio velho de esquina, atrás do que era a antiga prefeitura na época. Tinha lá um vizinho que eu não recordo o nome (aliás, nem sei se ele me disse) e morava certamente em algum andar abaixo do meu, que era o quarto e último. Só de escada.

Cruzávamos com relativa frequência na garagem. Seu Fiat Uno bordô com racks no teto ficava defronte ao Corsinha branco que eu tinha na época. Numa dessas tantas vezes, ele tirava duas caixas plásticas grandes do porta malas e eu não me contive, perguntando do que se tratava. Disse ele que gostava de tirar férias de tempos em tempos, sempre em períodos não maiores que cinco dias, cada. Como era apreciador de mato e fundões de campo, nas caixas detinha suprimentos de primeira hora para, ao menor sinal de chance de folga, colocar tudo no carro e seguir viagem interior afora.

Algum tempo depois passei a acreditar (e concordar com o vizinho) que aquelas férias de cinco dias, em talvez seis períodos ao ano, eram mais produtivas do que um mês corrido. Não foi difícil concluir, afinal, nunca consegui mesmo ficar mais que justamente cinco dias longe de casa. Cinco dias para descansar a mente é algo muito producente, e lógico, podem crer.

Pois depois de mais uma desventura do Internacional, desta vez para um dos ‘expoentes’ do ‘pujante’ futebol de Alagoas, lembrei do vizinho de vereda: ora, preciso começar a tirar períodos sucessivos de férias do Colorado durante a temporada. Sim, o desgaste emocional de torcer para este time que beira o medíocre e apresenta um futebol enfadonho jogo após jogo é bem maior que aquele que a atividade profissional me proporcionava naquele tempo. Logo, preciso remediar ainda mais agora.

Aliás, por falar em remédio, quando na volta do intervalo nosso treineiro me veio colocando mais um lateral esquerdo eu pensei em já tombar o frasco do ansiolítico que sempre tenho comigo nas partidas do Inter. Por prudência tomei só um, o que foi bom, já que os demais eu tive que ingerir ao final da partida, depois de quase que sangrar as vistas olhando aquela salada de fruta com cebola que virou o time e terminou a partida.

Que troço mais deprimente. O que fizeram com o nosso Internacional?

Cinco dias parece um bom período de férias a cada novo insucesso do Colorado. Mas aí paira uma velada incongruência: passou isso desde o último jogo e, pasmem, pioramos. As consequências, ao menos na mente da torcida Colorada, são nefastas. Ora, a paz sem jogos se encerra com atuações cada vez mais ignóbeis. Medonhas. Depressivas. Inqualificáveis.

Ou seja, termino com mais dúvida que comecei, já sem saber se a minha sugestão dos cinco dias de férias do Inter realmente está nos fazendo bem. Dúvida não tenho, todavia, quanto a essa afirmação: mais cinco dias é o que vai durar Mano Menezes como nosso treinador.

Longos, porém derradeiros dias. E tchau e benção.

 

CURTAS          

– Os versos do magistral Jayme Caetano Braum cabem aqui de maneira incontestável: Quem não sabe pra onde vai, não vai a lugar nenhum”;

– Carlos de Pena, admitiu que joga mais como meia adiantado. E mostrou um pouco disso no primeiro tempo. Nada justifica seguir comprometendo de volante;

– Soubesse que o plano de aposentadoria do Inter é tão melhor que o do INPS, teria trabalhado no Colorado. Está aí o Luiz Adriano pra provar minha escolha errada na vida;

– Eu que cheguei a elogiar recentemente Mercado, chego à conclusão que temos uma dupla de zaga batendo cabeça;

– Baralhas decerto entenda de jogo de baralho. Já do jogo de futebol começo a ter dúvidas;

– Jean Dias talvez não tenha mesmo estofo para jogar no Inter. Mas gostei muito da sua entrevista. Bem articulado e sabedor do que quer pra si. Vou esperar um pouco e dar um voto de confiança;

– Nas duas Libertadores conquistadas tivemos operários do futebol do interior nos grupos. Fosse hoje as redes sociais nos privariam de bons e honestos valores.

–  No futebol nada se resolve na véspera. Na falta de qualidade, agarramo-nos à mística;

– Quando a “oposição”, enfim, conseguiu assumir o poder do Internacional esqueceu de se comprometer justamente com aquilo que mais importa num clube de futebol: o futebol! São os maiores cabos eleitorais dos outros;

– Falaram em atraso no direito de imagem. Não pode. Mas podem os jogadores esculhambarem a imagem do Clube em campo?

 

PERGUNTINHA

Repiso-me: o que fizeram com o nosso Internacional?

 

É Nação Colorada, que o véinho lá de cima tenha piedade de nós.

Feliz Aniversário, Arthur! Colorado chato que eu ajudei a forjar. Um grande cara Colorado!

PACHECO

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