Maria Tchá Tchá TChá! (VAR a merda 2)
Para “comemorar” três meses sem consumir álcool eu me permiti uma longneck da poderosa Heineken (patrocina nóis?) durante o jogo do Inter contra o Melgar. Foi uma escolha prudente, pois, aquele jogo não era pra gente sóbria. Não que uma longneck iria me proporcionar alguma embriaguez, mas, pelo menos, teria alguma coisa boa acontecendo naquela enfadonha partida.
Sabe aqueles sonhos que a gente tem as vezes em que tudo parece acontecer de maneira mais lenta, pesada… morosa? Alguns dizem que isso é uma visita a um dos círculos do inferno. Se alguém me dissesse que um dos infernos é ver o INTER jogando uma partida burocraticamente, como se fosse vencer de maneira natural a qualquer momento, eu confesso que naquele dia acreditaria. O desfecho não poderia ser outro a não ser a classificação merecida do time peruano. NUNCA aprendem!
Daí, para nossa surpresa, dias depois, já na partida seguinte, surgiu um time top 3 da Premier League para jogar contra a equipe de ShowBol do Fluminense.
Tudo ia bem, até que os árbitros responsáveis pelo VAR (sempre ele!) confundiram o Alemão com o Hulk ou o Michael Jackson fazendo o passo de “Smooth Criminal” e conseguiram marcar um impedimento do jogador PARTINDO DO PRÓPRIO CAMPO! Por conta deles, minha mulher não aguenta mais ouvir essa frase… eu devo ter falado até mesmo dormindo: ele partiu do próprio campo! Tanto é verdade que o auxiliar, vulgo bandeirinha, estava posicionado EXATAMENTE na linha do meio de campo quando o Alemão recebeu o passe e deu início a arrancada em direção ao gol tricolor para, em seguida, servir o Maurício.
Mais do que um belo gol anulado, fica escancarada a incompetência (ou despreparo) dos responsáveis pela análise dos lances, além da baixa qualidade dos equipamentos do VAR. Marcaram impedimento com uma imagem que tinha resolução digna de uma Tekpix.
Dado o elevado número de erros grosseiros do VAR, eu não deveria, mas vou ajudar com algumas sugestões.
Primeiro, a mais barata. Com um simples realinhamento das câmeras encerraria boa parte das polêmicas. Precisaria de 5 câmeras de alta resolução. Uma dessas câmeras posicionada na linha de meio campo (perpendicular ao campo, não em ângulo que gera margem para interpretação). Já em cada lado do campo uma dessas câmeras deveria ser posicionada atrás do gol e outra lateralmente com enquadramento fixo na grande área e, assim com a do meio campo, estar reta (perpendicular a linha lateral). O primeiro problema a resolver com isso seria a isonomia nas decisões, uma vez que os lances seriam analisado pela mesma perspectiva. Outra questão que melhora com essa solução são as imagens que eles teriam para analisar, além da resolução, eles teriam um melhor material de trabalho. Com uma câmera de alta resolução, por exemplo, teriam mais takes por segundo e isso possibilitaria uma decisão mais isonômica.
Agora, a solução mais cara, que eu imagino que eles irão gostar mais: qualquer professor de matemática vai dizer pra vocês “três pontos não colineares determinam um único plano que passa por eles”, ou seja, três pontos formam um plano em qualquer dimensão. Por exemplo, é por isso que o famoso tripé tem três pernas. Três pontos de apoio ficam mais estáveis do que quatro por esse mesmo conceito.
Se eu fosse maldoso diria: vocês já devem saber onde quero chegar! Mas como não sou, é óbvio que não sabem porque ainda não dei elementos suficientes. Então, continuamos… voltando ao tripé, guardem os 3 pontos no chão e vamos adiante.
Deixa eu dar mais elementos pra vocês. Vamos trabalhar com três dimensões. O que seriam três dimensões? Vocês já devem ter ouvido falar alguma vez na vida dos eixos x e y. Alguns devem lembrar com mais carinho, outros com mais ódio. Esses dois eixos são duas dimensões… Agora imaginem uma folha sobre uma mesa. Se pusermos um lápis lápis de pé ou o dedo mesmo teremos uma outra referência, pra cima, esse eixo “altura” seria o eixo z, nossa terceira dimensão.
Não fujam, vamos chegar a solução. É que eu precisava dar esse ferramental teórico para que vocês me acompanhassem entendendo até o final. É assim que o VAR funciona, ele usa as referências do plano cartesiano.
Assim, a solução cara seria colocar sensores nos jogadores e no campo. Isso tornaria possivel produzir um plano na tal dinensão “de pé”. Todos eles usam chuteiras e aqueles coletes que parecem soutien de adolescente, mas servem para fornecer, dentre outras coisas, o mapa de deslocamento. Com isso, a minha sugestão seria colocar um sensor no colete e outros dois nas chuteiras, um em cada pé. Se quisessem fazer no capricho, seriam necessários seis sensores por jogador: um no peito e outro nas costas do colete e dois em cada pé de chuteira (um no bico e outro no calcanhar). Dessa forma seria possível criar blocos sólidos dos jogadores e o próprio computador diria se foi impedimento ou não, com um percentual de ZERO por cento de interferência humana e ZERO de margem de interpretação, chegando a um resultado matemático e definitivo, ou seja, exatamente como nos foi vendido de como deveria ser com o VAR.