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Penso ser um vocacionado a viver no passado. Lembro com nostalgia do que já passou, reluto muito em aderir à tecnologia atual, a qual respeito, mas não nutro lá eloqüente simpatia; não tenho o tal pix ou aplicativo de banco – ainda que de pouco apreço ao talão de cheque. Reconheço o bem aventurado ‘e-mail’, ao passo que não há nada que possa substituir – a meu ver – o resgatar de lembranças senão pelas folhas amareladas de uma carta. Mas este sou eu e já estou velho demais para mudar tanto assim. Até mesmo para admitir que, provavelmente, não tenha razão.

O sítio aquele de vídeos, todavia, isso sim já poderia ter existido há muito tempo. É lá que eu mato a saudade de ouvir a voz do maior intérprete da nossa música gaúcha, o grande José Cláudio Machado. Ou um verso xucro do cônsul cultural Colorado Mano Lima. Dentre outros tantos que ainda estão aqui e já se foram. Música de verdade, interpretações de verdade e vida, enfim, de verdade.

Pois é também nessa ferramenta da internet que já muito me aproveitei para rever, ainda com emoção – confesso, muitos dos jogos antológicos do Internacional. Cada vez que me sinto meio cabisbaixo e a velhice vem trazendo dias cada vez mais assim, em busca da felicidade eu de arrancada começo com aquela tabela antológica de cabeça dentre Escurinho e Falcão, com o nosso rei e camisa 5 colocando a bola pra dentro do gol do adversário; o mesmo esse que tomou uma sapatada no último domingo, 3 a 0 fora o baile. Se foi em 1976 pouco importa, a tecnologia (num vangloriar meu que soa hipócrita, admito) deixa eu vibrar com aquela pintura ainda hoje.

Foi nessa toada que ontem me apareceu aquele jogo contra os paraguaios do Libertad pela Libertadores de 2006. Eu estava nas sociais do Beira Rio, dessa vez, e pude acompanhar ali um jogo encardido no primeiro tempo, poucas oportunidades eficazes a nosso favor e um placar em branco. Eu vi também o surgimento de um lateral direito que após um primeiro tempo ruim, se transformou no segundo tempo no tal Ceará, que até hoje caminha rengo com o camisa 10 do Barcelona no bolso.

Vejam que a apreensão do placar que não se mexia, em momento algum me atingia, pois eu parecia ter certeza que aquele time estava maduro suficiente para fazer o gol a qualquer momento e, mais ainda, para ser campeão. Aquela altura do campeonato o Internacional não me parecia estar mais ali por acaso, e sim para marcar seu nome na história. Não tardou veio o gol do Alex e quem fechou a conta foi o maestro Fernandão. Tal qual o gol em 76 foi do Falcão e pela história merecia ser dele, aquele segundo gol em 2006, já no segundo tempo, parecia predestinado ao Fernandão.

E o melhor de tudo: quisera Deus ser eu também ser um predestinado por ter visto tudo isso. E seguir vendo e revivendo com o pouco da tecnologia que eu arrisco enfrentar.

Quero ver neste momento um Sport Club Internacional novamente maduro para não se assustar no Peru e construir desde lá e de hoje, a pavimentação para o caminho de uma conquista de título mais uma vez. E o momento tem que ser agora, tanto para o Colorado que tem protelado isso já por bastante tempo, mas principalmente pra mim, afinal, a cada dia que passa é um a menos que me resta para o final.

Entretanto, pensamos mesmo é em momentos felizes. O Inter está ficando maduro para ganhar um título, vamos admitir. E eu, bem, eu estou pronto para estar debaixo desta árvore e colher os frutos disto.

Só te peço mais este campeonato, Internacional!

 

CURTAS                                                                              

– Começo aqui parabenizando o atacante Pedro Henrique, que trouxe 55 crianças de sua terra, Santa Cruz, para ver o Inter no Beira Rio. Com um torcedor de verdade lutando pelo seu Clube dentro do campo, o destino só pode ser a glória;

– No fim das contas não veio um, mas dois centroavantes. E sabe-se lá porque eu até fiquei bem otimista com ambos;

– Se vieram uns, tem pelo menos 3 figurinhas que já deveriam estar de aviso prévio no Beira Rio;

– Precisamos dum quarto zagueiro, camisa 4, titular e de pé esquerdo. Pra ontem;

– Já disse e repito: Gabriel não é um sonho de consumo, mas tem espírito vencedor. Chegaremos lá com a tarja de Capitão no braço certo;

– Para o grau findo do amadurecimento, todavia, este time precisa parecer menos um choque de desfibrilador. Chega de tanto susto.

– Tenho criticado aqui a postura do time que acaba transformando o empate em algo produtivo quando não o é. Mas, admito que dadas as circunstâncias, não vejo como má idéia este resultado hoje.

 

PERGUNTINHA

Hoje será em paz com cerveja ou no pavor do oxigênio?

 

Tenhamos confiança no Inter meu Povo Vermelho!

PACHECO

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