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No meu tempo de guri a lida de fora era quase que uma ‘brincadeira’ imposta. Não se tinha muita opção senão ajudar quando não estava estudando. Vez ou outra eu, meus irmãos e primos, criávamos uma fazendinha com gado de osso, cerca com galhos de pinheiro ou o que estivesse pelo chão; com um pouco mais de tempo até uma cerca de taipa surgia das mãos habilidosas de um de nós, com pedras tomadas do regato atrás de casa. Tentava-se fazer carrinho com algum caixote que trazia as compras do bolicho, mas se empacava nas rodas e num eixo mais sólido. Só que desde sempre minha paixão foi a bola. Ao mesmo tempo que o maior desalento, já que nunca tive a chance de sequer tentar pôr em prática o sonho de jogar futebol e fazer dele um meio de vida e desta a minha história.

Da década de 1970 em diante, principalmente, o futebol se consolidou como uma paixão enraizada em qualquer guri que já nascia querendo uma bola. Era a bola o arrebatamento de todos e a bicicleta o sonho, visto que muitos sequer conseguiam ter uma. Como a bola era universal e com uma apenas todos se divertiam, num tempo em que a vida realmente tinha algum romantismo e valor, e viver era efetivamente possível, não fica difícil entender porque o futebol encantou tantas gerações.

Seguiu assim na década de 1980 e, apesar do videogame, na década de 1990. Algum suspiro na primeira metade desse século. Só que o futebol nos últimos 10 anos está perdendo seu fôlego. Primeiro veio a safra que entende no futebol europeu o único que presta. Ora, no meu tempo de ver futebol de fora, sábado à tarde na Bandeirantes, se salvava o futebol italiano que tinha grandes craques e ficava meio por isso. Lampejos de futebol vistoso na Holanda, talvez. Hoje, o bom futebol é jogado na Inglaterra. E pensar que não vai muito futebol inglês era um campeonato gaúcho com grife e, por vezes, sangrava os olhos ver aquele monte de perna dura em campo. Mas o tempo mudou, o futebol italiano é que hoje parece um gauchão gourmet e, de fato, talvez esteja no futebol inglês o melhor desempenhado da Europa mesmo.

Futebol brasileiro definha.

Talvez seja essa justificação, o da geração que só quer saber de computador, celular e vida artificial, que explique a falta de futebol do time do Internacional. Quem sabe temos gurizada demais… Jogadores que passaram a infância e juventude já sob égide desse mundo de bosta, cheio de piá de bosta, que chora e sofre por qualquer coisa.

E se é assim não dá para empolgar muito, mesmo um velho bobão e babão como eu, com muita coisa. Ora, se estes guris que entram em campo não nasceram com a bola como principal paixão, não será depois de homens (ou quase) feitos que haverão de casar com ela. Atletas não faltam, jogadores de bola sim.

Guri que nasce boleiro, não manda no seu destino. Esses que vestem o fardamento alvirrubro, nasceram pra bola mesmo?

 

CURTAS                                                                              

– Quanto mais fico sabendo das “opiniões” dos tais “influencers”, mais dou razão para o Edenilson: os identificados são os piores;

– Quando não se ganha título é fácil parte da torcida se apegar a qualquer falácia. Ora, essa paixão por Gustavo Maia tá ficando chata. Outro vigário da bola;

– Johnny pode até ser um bom jogador de soccer. Futebol são outros 500;

– Não gosto nem desgosto da ideia de Alexandre Mattos no Colorado. Mas, ao menos, não será uma freira no comando do puteiro;

– Inter contratando jogador do Floriano no entrevero rural, só porque deitou e rolou pra cima do Cuesta, diz pouco sobre as virtudes de Alemão; porém, diz muito do que virou o Internacional. Ainda vão mandar jogador pro Avaí no “negócio”;

– Comemorar gol de empate contra o poderoso rebaixado Guarany de Bagé feito pelo vigário Caio Vidal: a que ponto chegamos!

 

PERGUNTINHA

Repiso-me: esses que vestem o fardamento alvirrubro, nasceram pra bola mesmo?

 

Não te entrega, Nação Colorada!

PACHECO

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