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O título não é um alento, está mais para crítica, apesar de nós mesmos, ainda somos líderes, o que deve deixar de acontecer hoje, salvo renascimento do Palmeiras, ou, no caso de contagem de turno com jogos faltando, que São Paulo e Galo façam seus 100% nos jogos atrasados.

Só consegui ver o primeiro tempo, e no primeiro lance espetacular de saída de bola, o erro de Edenílson era um mau presságio de mais um jogo fácil que o Inter deixa escapar pelas mãos.

Na verdade, jogo fácil é aquele em que o time deixa o jogo fácil, com algumas exceções, e o Inter tem oscilado muito nos jogos que eram pra deixar fáceis. Foi assim contra Sport, Vasco e Bragantino, o que deu pistas de amadurecimento contra times mais fracos, depois dos desastres de Goiás e Bahia, mas ontem se repetiu a falta da transformação da imposição em gols. Posso falar do primeiro tempo, em que o Inter teve a bola, rodou, rodou, e não concluiu.

Falta-nos um chutador, ou vontade de chutar mesmo. Em algumas ocasiões, Edenilson e Marcos Guilherme poderiam chutar, mas não o fizeram, e na fase em que está o Corinthians e Cássio, se chutasse, entrava, nem que fosse por fora das redes. Até o VAR validaria.

Aí veio a falha coletiva, do passe errado, no balão não interceptado por Cuesta, com Lomba cravado quase na linha do gol esperando não sei o quê, e de Zé Gabriel, que ficou na dúvida se acompanhava ou parava, e não fez nem um nem outro, e o time especulador conseguiu o que queria para se retrancar todo.

Depois foi o que vimos contra Goiás e Fortaleza, um time tentando fazer um gol, jogando em metade do campo, mas sem saber o que fazer com a bola além dos passes laterais até a linha da grande área. Galhardo, Edenilson e Patrick foram mal, ora tentando enfeitar, ora tentando jogadas individuais meio fajutas, e o fato é que a derrota veio.

Na minha concepção, o campeonato se decide nos jogos de seis pontos, assim considerados aqueles jogos em que o time que quer alguma coisa deve fazer seis pontos contra o adversário, e isso varia de ano para ano, conforme a preparação do adversário, e esse ano, Goiás, Corinthians e Bahia eram jogos de seis pontos.

Mas esse ano, conforme já respondi ao Marcos em um comentário, não tenho grandes expectativas, senão a mudança do modo de jogar e a postura do time, além do aproveitamento dos jovens. Alguma coisa já mudou, principalmente em nossas contratações, com zagueiro jovem, Boschilia, Marcos Guilherme, até mesmo Fernandez e Abel, e agora Maurício. Em outros tempos, teríamos trocado Pottker por Fred.

Aliás, só a notícia de termos nos livrado de Pottker salvou o dia da derrota.

Coudet criou um sistema de jogo e parece ter conseguido que os jogadores o entendam, mas ainda lhe falta criar um sistema de jogo contra times retrancados, que, talvez, passe por abandonar a saída de bola com um volante, e a projeção dos laterais, para um sistema com mais gente na área. Coudet vem de uma escola argentina que se defende bem, mas dificilmente abdica de tentar jogar, e não está conseguindo fazer o time jogar contra retrancas básicas ou contra times que atacam muito, e, se esse ano será difícil impor uma intensidade por mais tempo, precisa criar uma alternativa.

Ainda assim, o Fla perdeu em um jogo totalmente estranho, que poderia, e de certa forma foi, decidido em dois pênaltis perdidos. O SP, com o treinador mais criticado do país, fez os gols na hora certa, e não os levou na hora mais certa ainda. Depois do empate, o SP estava perdido e uma goleada se desenhava, mas o pênalti mal batido e defendido o fez renascer, mais ou menos como se repetiu no segundo pênalti igualmente mal batido. São cinco pênaltis marcados contra o SP no brasileirão, nenhum convertido, três defendidos.

O fato é que a derrota dos dois líderes aproxima os demais e cria uma competição ainda maior. No Inter, já vimos esse filme, em que cada vez que a liderança isolada se oferecia, havia o desperdício, e, neste ano, Fla e Galo seguem a mesma trilha, destruindo as previsões de que apenas os três (ou dois) brigariam pelo título.

Mas é primeiro turno ainda, e temos mais 18 jogos para acertar e projetar 2021, além da Copa do Brasil e Libertadores. Minhas expectativas são apenas de ajustes, para que comecemos o próximo ano sem D’Ale, sem Musto, e com um time rejuvenescido e mais confiante. Não quero dizer que não quero títulos ou não gostaria de brigar por eles, mas prefiro seguir com minhas expectativas baixas e ser surpreendido. Talvez o que falte ao Coudet seja exatamente isso, ser surpreendido.

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