4.7
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Fui goleiro no auge da minha juventude; não com grande sucesso no futebol de campo mas com relativo destaque no futsal. Depois, sucessivas lesões de joelho me afastaram em definitivo de competições de qualquer gênero. Quando parti para as peladas de fim de semana, pulando o portão para jogar na quadra já coberta da minha velha escola em São Francisco de Paula, passei a me apresentar como um centroavante, jogador agudo; se me faltava habilidade com os pés, sobrava para fazer gols de cabeça cujo talento nem eu sei de onde surgiu; com minha força, ademais, ia empurrando os adversários até o gol e a cada um que eu fazia, no melhor estilo Romário, recorria ao sinal da cruz em agradecimento. Mas a maior felicidade mesmo era quando eu servia um amigo e este empurrava a bola pro gol.

Lembrei, pois, desta felicidade, quando vi Edenilson comemorando o primeiro gol no Maracanã, depois de ter servido Yuri Alberto para tal. Reparem: parecia uma criança feliz cerrando braços e punhos pra cima; uma criança tal qual todos nós aqui já fomos, e muito, comemorando gols históricos e antológicos do Internacional. Vos disse tudo isso para concluir que, talvez, repiso, talvez, Edenilson de fato possa ter sofrido um pré-conceito exacerbado por aqui deste que vos escreve. Até bateu uma pontinha de remorso. Mas já passou.

Veremos se morderei minha língua daqui para frente, ou não. Veremos.

Sem medo, todavia, de cometer quem sabe mais uma iniquidade, afirmo que o ciclo de Rodrigo Dourado como jogador do Internacional já acabou e, o pior, está fazendo hora extra não só no time, mas também no grupo de jogadores. Tudo na vida tem começo, meio e fim; e isso não pode ser diferente em matéria de jogadores de futebol e suas relações com clubes. Alçado aos profissionais por Fernandão no longínquo ano de 2012, mas ganhando lugar ao sol em 2015 – com o próprio Aguirre, lá se vão sete temporadas com dois míseros gauchões. E não afirmo que o ciclo encerrou tão somente pela falta de títulos de real envergadura, mas por todo o contexto anímico e emocional que envolve sua relação com Clube e torcida. Agrava-se a questão física que talvez impeça Dourado de voltar a jogar um futebol de alto nível quando, pela idade, deveria estar nele justamente neste momento.

Não obstante, veja-se que o último lastro de relação quem sabe inconteste (digo pela importância da função e não pela sua contribuição para com ela), justificando sua permanência no time e no próprio Internacional, findara-se quase que melancolicamente: falo-lhes da braçadeira de capitão que ele, num ato de grandeza – de se reconhecer, entregou a Taison abrindo mão, inclusive, de voltar a ser na ausência do camisa 10. Domingo, quem assumira fora Victor Cuesta e antes disso até mesmo Edenilson já passara a frente no grau de importância para tanto. Num futuro próximo, a tendência ainda é que Gabriel Mercado seja o novo e definitivo capitão, relegando o período de função exercida pelo camisa 13, um mero traçado de linha na história recente.

Veja-se que falo isso depois de uma goleada acachapante em pleno Maracanã, tendo Dourado participado ativamente do gol mais bonito da noite. Ou seja, seria esta uma forma derradeira e bonita de encerrar uma história, se boa ou não, mais ainda uma história. Tal qual Odair que não fez sucesso no campo e depois virou até treinador, talvez o nome de Rodrigo Dourado fique marcado em outra função dentro do clube, num novo tempo a começar futuramente. Mas não agora.

 

PS.: Quanto ao novo Vice de Futebol e sua relação com o MIG, vos digo que dificilmente qualquer nome que seja não a terá, afinal, a maciça maioria dos grupo políticos hoje existentes dentro do Inter são braços do MIG que surgiram por ego, busca de espaço e poder. Não sejamos inocentes: o jeito MIG de governar ainda existirá por um bom tempo até ser sepultado definitivamente. Se é que vai mesmo. Do novo Vice de Futebol  eu só espero mesmo uma coisa: que não atrapalhe.

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