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Numa das minhas passagens pelo Vale um dos meus guris logo se enturmou com a vizinhança. No prédio rosa de esquina já tinha uns quantos, na casa do outro lado da rua mais dois e da oficina à beira do arroio os filhos do Fuscão eram tantos que eu nunca me atrevi a contar. Mas o grosso da gurizada tava naquela ruela de chão batido com saibro, onde todas as tardes um mundaréu de garotos se juntava para falar de futebol e jogar… futebol.

Lembro que eram umas goleirinhas vermelhas, tomadas por ferrugem e com as redes mais remendadas que minha própria vida. Pois naquela rua morava o Beto, figura ímpar que já falei por aqui, e que com toda sua simplicidade arrebanhou muitos jovens para o lado Colorado da força. A ruela logo virara ponto de encontro não só duma porção de guris, mais de adultos como eu que ia lá apreciar o bate bola da galera.

A coisa só acalmava por ali num pequeno intervalo de tempo dentre o natal e meados da segunda semana de janeiro, quando muitos estavam na praia ou visitando suas famílias pelo interior, algo que eu muito fazia naquele tempo. E foi numa dessas jornadas que um sujeito corpulento de nome Conrado, que quase nunca aparecia por lá, mas era parente de algum morador, e que dizia ter 16 anos mas parecia ter muito mais, comprou briga e saiu no soco com um dos moradores da rua, que sem a presença maciça dos mesmos de sempre, pacíficos garotos que só queriam bater uma bola, foi reclamar da poeira que estava sendo formada, adentrava sua casa e prejudicava sua esposa grávida.

Parecendo as tantas vezes que o time do Internacional parecia engrenar e surgia uma bobagem qualquer para querer colocar tudo a perder…

No meu retorno, alguns dias depois, o abatimento tinha acometido a todos. Ninguém se atrevia a cogitar retomar o futebol na rua depois da coisa ter virado caso de polícia. Os garotos estavam tristes e o meu não tardou para se juntar aquela roda de lamentação.

O futebol respirava naquela geração de uma forma que não poderíamos deixar aquilo tudo morrer. Conseguiram o contato do proprietário do terreno da rua de trás. Eu mesmo fui atrás do cidadão, expliquei a questão e voltei da conversa com a autorização para transformar aquilo num campo de futebol para os garotos.

Criou-se ali um mutirão de pessoas ajudando. O Beto doou sofás para se fazer de banco de reservas. Eu ajudei a colocar as goleiras de madeira (em tamanho de futebol de salão); tomado pela culpa o tal Conrado usou daqueles braços fortes para derrubar a machado uma árvore que atrapalhava o esquadro do campo; e o marido contrariado com a poeira, com remorso por todos os demais, usou de sua roçadeira para muitas vezes manter aquele campo com a grama aparada.

O futebol daquela gurizada não morreu.

Tal qual o futebol do Internacional jamais morrerá por ‘este’ ou por ‘aquele’ jogador que veio e foi embora, ou por causa daquele que em verdade não quis vir. Nós, torcedores Colorados que jamais deixamos de abraçar o Clube e o time, estaremos sempre lado a lado para fazer de cada nova temporada um recomeço, uma nova busca às vitórias e conquistas.

E me reprisando por aqui, lembro que a vida é sempre um eterno recomeço. Nunca é tarde para voltar a sorrir. Para montar de novo um time vencedor. Para voltar a ganhar. Para que o Internacional volte a ser o velho Colorado das glórias.

Tu meu bom torcedor Colorado, e eu estarei ao teu lado, esteja preparado para mais uma aventura. Tocando em frente…

Será um grande 2023… Seremos campeões!

 

CURTAS          

– Se é bem verdade que a direção parece lenta na busca por jogadores, não podemos negar que a espera, talvez, nos abra portas que neste momento estão fechadas. Até meados do mês que vem ainda dá tempo de desembarcar bastante gente;

– Sou guloso nas prioridades, todavia: zagueiro, lateral esquerdo, centromédio, volante, um camisa 10, um atacante de lado (não precisa ser ponta) e um centroavante com letra maiúscula;

– Aproveitem o dinheiro da venda de tantos refugos que nos livramos e comprem à vista o Vitão;

– O tal Quintero parece carreta de quitanda. Não quer jogar aqui tem quem queira; sobre o goleiro do Santos, não tenho opinião formada sobre;

– Di Maria eu só conheço a bolacha;

– Os que falam no microfone, é só conversa fiada. Mas se Enner Valencia for verdade, de todas as especulações é quem eu realmente gostaria de ver aqui;

– Minha reverência aqui ao maior de todos que foi Pelé e meu total respeito a Roberto Dinamite;

– Verdade seja dita, entretanto: o time reserva para ficar mais ou menos ainda precisa um pouco e ta nos faltando não só qualidade, mas quantidade. Mal tem jogador para completar dois times. Na ruela eram no mínimo quatro. Paciência até podemos aceitar ter, pero no mucho.

 

PERGUNTINHA

Chegou o ano de ser feliz, torcedor Colorado?

 

Vamos nos preparar para sorrir de novo, Nação Colorada!

PACHECO

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