Scuderia
Ao que tudo indica o espanhol Miguel Ángel Ramírez é o primeiro técnico europeu a dirigir o Sport Club Internacional (a ideia que seria o terceiro foi corrigida pelo historiador Prof. Raul Pons, o primeiro seria nascido no Brasil – o pai de mesmo nome é que era estrangeiro; o segundo não há registro de que teria sido treinador, mas sim, possivelmente, auxiliar técnico) e, tanto por isso, precisamos entender que este é um processo novo até para nós Colorados. Ou seja: teremos de ter muita paciência para compreender e aceitar as mudanças que serão impostas pelo novo treinador.
Antes de falar um pouco de como enxerga futebol o MAR, como estão chamando, ou Miguelito como eu até prefiro, resta muito claro uma coisa: estamos sozinhos nessa empreitada nova. Refiro-me ao fogo (nada) amigo que já começou na imprensa velha, cansada e esclerosada gaudéria, daqueles que não conhecem do técnico ou de suas técnicas, não buscam fazer isso e já dizem que não gostam. O principal grupo de imprensa do Rio Grande já há dias vem fazendo uma séria de reportagens para tumultuar o ambiente e fazer parte da torcida (aquela que adora ser vítima de tudo) criar uma animosidade ao novo, assim, já de arrancada. Incrível! Mas sejamos realistas: trabalham a favor do nosso rival. Toda ou qualquer chance de virar a gangorra a nosso favor, para eles, deve ser combatida mesmo que da maneira mais nefasta possível. Nefasta, hipócrita e cretina!
Ou seja, amigo e amiga do BV, teremos nós que defender o projeto, ainda que ele não nos faça campeões de tudo duma hora para outra. Ora, todos aqui somos crescidinhos. O novo assusta a imensa maioria, mas ficar em cima do muro para o resto da vida também não dá. Em algum momento teríamos de pular para conhecer e desbravar o outro lado. Que seja agora, pois.
Jogo de posição é o lema do Miguelito. Adianto que é diferente de tudo que já vimos. Um abismo se compararmos ao jogo reativo de Abel e Odair; um salto grande se o exemplo for Coudet. Na prática, a julgar esse último, voltaremos a ver o jogo iniciando com a defesa, ainda que o posicionamento não seja totalmente igual; jogadores não terão liberdade plena para zanzar em todos os lados do campo: entrarão sabendo alguns limites dentro das quatro linhas (o que não significa, contudo, existência de balizas: a ideia é ter sempre superioridade numérica em relação ao adversário). Nunca precisamos tanto de jogadores com capacidade cognitiva apurada como será a partir de agora. O boleiro terá de antever dentro do seu limite de espaço a jogada do companheiro, ao mesmo tempo que precisamente terá de se dirigir à posição pré determinada justamente para que o companheiro tenha a possibilidade de jogada. Eu sei que parece um pouco confuso de arrancada, mas AQUI tem um bom artigo de Rodrigo Coutinho explicando (leia atentamente).
Voltaremos a ver o velho 4-3-3 em campo. O jogo do MAR, portanto, é bastante ofensivo. Mais que do argentino citado acima. O bom disso é que veremos um time propondo jogo, com posse de bola, valorização do passe e de jogadas ensaiadas. O ruim é que vamos ser tomados por algo próximo do pavor em muitos momentos com as saídas de bola na linha da defesa. Adianto que a coisa é meio tipo “no limite”. Só que Miguel Ángel Ramírez é um estudioso do futebol. Se lhe falta experiência prática, não lhe faltam horas de erudição. E isso é que precisamos reconhecer e, para tanto, dar um voto de confiança. Não lhe falta, também, entusiasmo como se viu na chegada, tampouco reconhecimento do tamanho que tem o Inter.
Ou seja, é tudo com a gente meu povo Colorado. Já vimos que a imprensa vai querer esculhambar; o ‘influencer’ aquele que perdeu a ‘boca’ também; e parte da torcida que gosta de acreditar nessa gentalha. Nós, todavia, podemos e devemos pensar diferente, dar um voto de confiança, acreditar que mudar é preciso e que o projeto de sucesso precisa passar por algumas etapas que nem sempre são tão rápidas.
Eu não sei vocês, mas acho que essa Scuderia Ferrari Colorada vai acelerar e brigar pelos pódios. E vermelhar por aí.