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Respeito e Agradecimento…

Os japoneses ensinam a ter respeito e reverência em todos os momentos, e, em especial, aos feitos passados. Isso fica muito bem pontuado quando observamos o seu respeito e reverência para com os seus ancestrais.

Praticamente todas as comunidades humanas que passaram pela face da terra trouxeram isto como legado: respeito e reverência aos que se foram. Talvez isso possa ser explicado pelo fato de que foram todos que vieram antes de nós são os responsáveis pela nossa vida. Uma ação diferente seria capaz de mudar todo o futuro a frente.

Muitas vezes, envolvidos pelas rotinas e preocupações diárias somos consumidos pelos dias e ao invés de reverência temos o ar de cobrança. O já conhecido “deveria ter sido melhor”.

A geração wifi e bluetooth só sabe reclamar… como crianças mimadas reclamamos porque não temos as oportunidades que desejamos, se tem-se as oportunidades nos queixamos que não temos reconhecimento; Já se temos reconhecimento a queixa recai sobre o dinheiro… já se tem tudo isso, ainda sobra a conta para o tédio e de que tudo o que se alcançou não foi suficiente.

Caralho! Que gente chata da porra!

Nosso software parece que está impregnado com um vírus: o vírus do mimimi. Esse vírus provoca um bug no sistema que torna a criatura uma eterna insatisfeita. Isso nota-se muito claro, por exemplo, quando o time conquista um título e menos de cinco Segundos depois começa os inúmeros “e se”, “e agora…”, “Mas…”.

Caralho! Que gente chata da porra! (2x)

Outro bug no sistema é que achamos sempre estarmos certos e de que o outro está sempre errado. Eu confesso de que se tivesse autoridade e o cofre do Inter nas mãos teria cometido vários erros em contratações. Diego Forlán e Rafael Moura são dois exemplos de atletas que eu contrataria nas condições que o Inter contratou. Pode ser que eu mudasse alguns fatores lá ou aqui… mas quem garante que o resultado não seria o mesmo?

Cada um de nós poderia fazer uma lista bem ampla de suposições furadas. MAS, não é disso que eu quero falar. Eu quero escrever e reverenciar quem foi lá fez e fez muito bem feito. SC Internacional, mundial de clubes 2006, partida final: SC Internacional e FC Barcelona.

O mais gigantesco disso foi que os líderes foram isso no sentido mais completo da palavra. Depois de um treino mal sucedido e, depois do passeio que o futuro adversário fez no jogo anterior, eles pegaram a “caixa-preta” do treino e fizeram os ajustes necessários. O resultado todos sabemos: INTER CAMPEÃO!

Jogaram demais, foi um jogo bacana de dois grandes clubes. Um deles era tido como imbatível e não era o time brasileiro. Grande Feito! Temos de ter orgulho de quem vai lá e faz, com as condições que tem, vai lá e busca o que é seu de direito.

Como escreveu uma vez Luis Fernando Veríssimo: se foi sonho, por favor, não me acorde!

Obrigado! Eternamente, Fernandeus e demais cavalheiros, vocês foram perfeitos!

Se alguém tivesse escrito um roteiro não teria história melhor do que a realidade que vocês fizeram.

 

E lá se foi o imbatível…

 

NÃO ME ACORDE – LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO

O passado é prologo.

Certos acontecimentos dão força a essa frase, transforma tudo que veio antes em preliminar, em mero antecedente, ou para usar outro termo literário, em prefácio.

Você se dá conta de que tudo que houve até ali, toda uma vida, toda uma história foi simplesmente preparação para aquele certo momento, depois do qual, nada será como era.

E o passado ganha uma lógica que não tinha. Você passa a entender tudo em retrospecto, tudo tinha um sentido em que você apenas não percebera, na falta do momento máximo. A vitória do grêmio, em Tókio em 83 nos anos medíocres, o quase rebaixamento, as finais desperdiçadas, os vexames, as desilusões, tudo era prólogo para ontem. Agora ficou claro, agora ficou lógico.

O próprio destaque como melhores do mundo, conquistado pelo Barcelona e pelo Ronaldinho fazia parte da preparação para o nosso 17 de dezembro que não teria o mesmo gosto épico se o adversário fosse outro. Tudo era armação para aumentar o brilho e o drama do nosso momento máximo, tudo se encaixava, ou você pensa que a saída do Pato e do Fernandão foi obra do acaso, esse autor sem imaginação?

O resultado veio sendo construído aos poucos, desde antes da fundação do Internacional, antes de Pedro Alvares Cabral, antes de Homero e das Pirâmides, e eu sabia que havia uma justificativa histórica para o topete do Gabirú!

A dias a leitora Poliana Lopes me lembrou de um texto que eu tinha escrito e esquecido, ela teve a gentileza de me mandar o texto e eu peço licença para repeti-lo agora, era assim:

“Meu caro Colorado, desculpe essa carta a céu aberto, é por que não sei seu nome nem seu endereço. Na verdade, só vi você na rua de mãos dadas com seu pai e cercado pelos seus irmãos que vestiam a camiseta do Grêmio, suponho que fossem seu pai e seus irmãos.

Você estava com a camiseta do Internacional, quase parei o carro para olhar melhor, mas não era miragem. Você tinha uns quatro ou cinco anos e estava de camiseta vermelha, seu pai vestia uma camiseta branca exemplarmente neutra, mas posso imaginar como tem sido a sua vida em casa. As provocações, os petelecos, a flauta, o martírio.

E lá estava você de camiseta vermelha o antigo escudo orgulhosamente no peito, desafiando todas as provações. Não sei se você sabe que vários colorados da sua geração não aguentaram e trocaram de time. Levaram pais e avós ao desespero, mas não suportaram a pressão do sucesso gremista, você aguentou!

Você não sabe, mas é um herói. E fiquei pensando que quando for a nossa vez de novo teremos certamente a torcida mais dedicada, fiel, convicta e feliz do Brasil. Por que será a torcida dos que resistiram! Aguente só mais um pouco, meus respeitos.”

Mas isso tudo também pode ser um sonho, se for, por favor, não me acorde!

 

Essa música foi o toque do meu despertador por um bom tempo

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