4.6
(10)

Navegava eu por páginas sem sentido na rede mundial de computadores (ainda se diz assim?) quando me deparei com a receita do bom e velho sagu, talvez a sobremesa mais tradicional do Rio Grande do Sul:

INGREDIENTES:

– 2 xícaras de sagu

– 4 xícaras de vinho tinto

– Açúcar a gosto

– 6 xícaras de água.

MODO DE PREPARO

  1. Coloque o sagu em uma travessa com a água e deixe de molho por 15 minutos.
  2. Depois escorra a água do sagu e o coloque para ferver por uns 10 a 15 minutos só com água, sempre mexendo.
  3. Dado estes 15 minutos ou assim que algumas bolinhas começarem a ficar transparentes
  4. Despeje o conteúdo da panela em um escorredor de macarrão e os lave para tirar a gosma resultante do cozimento.
  5. Enquanto fica escorrendo, coloque na panela o vinho, o açúcar e uma xícara de água.
  6. Quando começar a ferver, coloque o sagu e espere cozinhar mais uns 15 minutos, até todas as bolas ficarem transparentes.
  7. Coloque em um recipiente e deixe esfriar.

Notaram a principal característica do doce agauderiado?

É simples e sem mistério. E é bom justamente porque é simples e sem mistério.

Vejamos que o futebol não é lá muito diferente. A rigor a lógica continua a mesma desde que fora inventado. Se não, mudou muito pouco. Dito isso, para uma direção de futebol sequer precisa uma capacidade cognitiva muitao avantajada: basta montar um time para ganhar; aliás, reformulo: que queira ganhar. Se não acontecer, bom, é justamente um vértice da própria essência do jogo, afinal, nem todos poderão ganhar sempre e ao mesmo tempo. Mas o caminho estará traçado e o destino cada vez mais próximo.

Em não sendo a receita do futebol, assim, tão diferente do velho e bom sagu, também é muito fácil entender como deveria funcionar a escalação dentro de campo: ora, jogam sempre os melhores. Entendo, todavia, que o ‘tatiquês’ por vezes obriga abarcar um ou outro que estão ali para fazer o serviço sujo aos demais. Entendo. O que não entendo é como um jogador que tá jogando pouco ou quase nada, que acha que joga e não passa de um peladeiro, que se arrasta (propositalmente?) em campo, segue no time titular; não se dando uma oportunidade para aquele guri que espera sentado no banco, pacientemente, sua vez. Que talvez nunca chegue.

Ao treinador, comparado ao cozinheiro(a), resta seguir a receita da nona. Não inventando moda, o sagu vai sair tal qual o velho e bom sagu já conhecido por todos nós. Pode até não acertar de primeira, mas a prática ajuda a tornar o prato apetitoso com a máxima brevidade. Vez ou outra, até para não se fazer enjoar o degustador, acrescenta-se um creme, ao gosto do freguês, para surpreendê-lo.

É simples e sem mistério. E é bom justamente porque é simples e sem mistério.

Talvez eu possa até estar sendo provocativo com o(a) nobre leitor(a) que tanto me acompanhou por aqui. Pode soar como deboche comparar sagu com futebol. Mas, questiono-lhes: o futebol (ou o arremedo disto) que o Internacional está apresentando não se configura uma bolinha de sagu? Pois é.

Graças a Deus termina hoje esta porcaria de campeonato. Vou tirar umas férias não só do Internacional, mas também do futebol, por tempo indeterminado. Desejo sorte aos que permanecerão nessa encruzilhada do desespero, esperando duma direção amorfa e dum time inqualificável algo que possivelmente não acontecerá. Pobre torcedor Colorado e pobre Internacional, afinal.

O que não muda é o gosto pela receita da nona. Poderia sorver essa alegria TODOS OS DIAS.

T O D O S O S D I A S !

How useful was this post?

Click on a star to rate it!

As you found this post useful...

Follow us on social media!