PORTAS ABERTAS
Numa das cidades do interior que morei, a mais bucólica possivelmente, vivi em mais de um endereço embora a relativa curta estada por lá. Era um lugar bonito, vegetação coberta por pinheiros, cuja idéia do proprietário da área era transformar aquilo num condomínio. Tentativa essa creio nunca alcançada. Tanto que quando vivi por lá, meados da década de 1990, alguns eram moradores, outros veranistas e acredito que tinha até os que se escondiam da polícia e da justiça.
Numa casa muito bonita de tijolo à vista descendo a rua em que vivia, para veraneio, tinha um povo de Novo Hamburgo que finais de semana de quando em vez estava por lá. Meu guri mais velho não tardou a fazer amizade com a gurizada que vinha a reboque da terra da alemoada; todos boa gente. Num determinado dia o guri voltou triste pra casa, dizendo que tinha “perdido o amigo”; logo pensei em briga de criança, mas ele estava até inteiro… Na real o casal, pais do amigo do meu filho, trabalhava no Banco do Brasil e naquele tempo era comum, principalmente gerentes (o caso) viver pulando de agência em agência, de cidade em cidade. E aquele povo foi embora para Bahia e eu nunca mais os vi.
Naquele dia eles se despediram e se foram. Na vida não há muito tempo de ficar olhando pra trás.
É bem provável que a falta de títulos, até mesmo do ruralito, somado alguns tipos que surgiram e espalham o desserviço nestas redes sociais, tenha transformado nossa fiel e apaixonada torcida Colorada em um barril de pólvora. Qualquer bituca de um bom palheiro arranjado em alguma bodega de interior é capaz de transformar um minúsculo tição em uma explosão – fogo incontrolável.
A ardência em chamas da vez diz respeito à dispensa do preparador de goleiros. Nada contra o rapaz e também nada muito a favor. Acredito que seja boa pessoa e um profissional sério e dedicado. Mas fazer do Alisson o melhor goleiro do mundo eu penso que não fez. Ajudou sim, mas não fez. Alisson além da capacidade técnica tem é talento e isso nasceu com ele. Uma jóia polida quem sabe pelo preparador referido, mas a lapidação não me parece ter sido arte sua. Enfim.
A questão nem é o profissional em si, mas o contexto. Qualquer coisa atualmente referente ao Sport Club Internacional vira uma ‘pauleira’ de falsas idéias no tribunal desqualificado da modernidade, onde ninguém debate com argumentos, mas meramente vocifera qualquer bobagem escondido por detrás duma tela de computador. Que será desse mundo dali adiante…
O Internacional, ao que sei, não deve (ou deveria) ser a famosa casa da mãe Joana.
Eu mesmo fiz mais de 30 mudanças, algumas decorrentes da repartição e outras por vontade própria. Sigo vivo (graças a Deus!) e ainda consigo vir aqui incomodar semana após semana. Para quem vive de futebol não é de hoje que tem que deixar sempre uma mala pronta. Hoje é treino no Rio Grande e amanhã pode ser em qualquer lugar do mundo. O futebol, aquele de jogadores de um time só e de toda uma história que se confunde com a própria história da instituição, esse já não existe mais e faz tempo.
No futebol de hoje um clube como o Internacional tem de cruzar seus dias de portas abertas. Para aqueles que precisam ir embora saberem o rumo da saída, mas, principalmente, para poder receber novos e mais qualificados profissionais, novas mentes. Para construir novas vitórias e histórias.
E é assim, de portas abertas, que o futebol vai se renovando e construindo novas realidades. Toda sorte ao profissional, mas sofrer não dá, afinal, o Internacional é muito maior que tudo e todos. É maior que qualquer um.
Por fim, como diria o poeta, “um rancho de porta aberta é cheio de boas vindas…”
CURTAS
– Em se tratando de viúva, a torcida Colorada faz nascer uma por dia. De preparador de goleiros é só a da vez;
– Agora viúva de auxiliar de preparador de goleiros é demais até para um homem velho como eu;
– Moisés e Heitor se foram mesmo. Se for um sonho, não me acordem;
– Não gosto nem desgosto deste tal Braian Romero. Que faça uma ‘romaria’ de gols por aqui;
– O tal lateral sondado se for inteligente não deixa a Cidade Maravilhosa em troca da Cidade Pavorosa, digo, Porto Alegre. Nos poupa da sua ruindade também;
– Essa eu recebi por carta: já tivemos o melhor isso, aquilo e aquele e outro e título que é bom nada. Pois então. Hoje em dia o discurso aceita qualquer retórica. Desconfie da ‘bondade’ dos ‘bons Colorados’;
– Com o perfil dos nomes chegando a alguns times, só restará ao Colorado aquilo que ele nunca pode perder: a coragem!
PERGUNTINHA
Fechamos que esperança mesmo só na Sula?
Vão-se os anéis e só sobra eu e tu torcedor Colorado!
PACHECO