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Certa feita eu estava num fandango em algum lugar desse Rio Grande quando avistei meu primo, o Armando, também por lá. Ao rigor da lei nunca fomos primos, mas sim nossos avós ou ainda mais longe, contudo, nós nos tratávamos como parentes. Os laços acabam se reforçando quando estamos longe da nossa querência e da nossa gente. O mínimo sinal de parentesco dentre nós, tão longe de casa, já bastava para assegurar a relação familiar. Era o mais próximo que eu tinha por perto, afinal. E ele também.

Naquele baile o Armando remoía o desprezo que a Dalva lhe impunha. Ele era apaixonado pela Dalva, porém achou que podia viver como solteiro enquanto a moça tivera de acudir a mãe lá pra fora, coisa de um mês ou dois. Não contava o vivente que mesmo naquele tempo já havia carta, aviso pela rádio e gente fofoqueira. Ou seja, a guria descobriu das noitadas do Armando e terminou o noivado. E naquele baile o Armando tentava esquecer do doce amor da Dalva nos braços de outra.

Só que lhe faltava coragem de tirar uma prenda pra dançar, quiçá um freio moral, afinal, ele sabia que a paixão pela Dalva não ia passar e dançar com outra não faria sua prenda amada voltar correndo para seus braços.  Pois pensei no meu primo quando vi o Internacional tentando retomar seu caminho de glórias achando que não precisava entrar em campo. Falta coragem para deixar de ser coadjuvante, mero participe de competições e, enfim, deixar de ser bunda mole.

Internacional até mesmo na copinha Sudamericana é bunda mole.

Mas voltando a história do primo velho, quando me viu já foi pagando a cerveja e fazendo proposta: se eu tirasse para dançar a amiga da moça que cortejava, ele abandonaria qualquer receio e ia para sala também. Empreitada “fácil” a minha: a dita amiga era só a prenda mais bonita do fandango, uma morena muy guapa, todos lhe queriam pero não dava vaza pra ninguém, só carão. Minha chance, eu que não tinha nada demais para oferecer, era quase inexistente. Tentei igual e sabe-se lá de onde surgiu toda aquela fé em mim mesmo.

Pois fui eu o único a dançar com aquela morena naquele baile e, por uma noite apenas, o gaudério mais invejado dum CTG inteiro. Não porque eu era o mais bonito ou mais elegante, mas sim, o mais corajoso. A verdade é que todos queriam a morena, mas somente eu fui buscá-la pela mão.

Vejam, Colorados e Coloradas, que não seremos nunca mais campeões de nada enquanto acharmos que vamos vencer na mística do “campeão de tudo”. O Internacional nunca vai ganhar mais nada sempre que achar que suas vitórias se bastam na ação ou omissão dos outros. Não tem como levar para casa a moça mais bonita do fandango – a taça – sem ter a coragem e entrar no baile pra vencer a partida. Sem ter coragem de buscar o título pela mão…

Os de coragem tiram a morena mais linda do baile para dançar. Os demais ficam chupando dedo. E por falar nisso, o primo Armando daquele fandango em diante teve coragem para admitir que a Dalva era o grande amor da sua vida. Demorou um pouco, mas o destino foi bom com esse casal que até hoje vive feliz e construiu uma bela família com três filhos. A sorte, afinal, sorriu para o Armando.

Os de coragem entram em campo para vencer em qualquer lugar, mesmo na casa do adversário. Os demais ficam chupando o dedo. O Internacional há muito só sabe é ficar chupando o dedo.

A sorte, enfim, sorri mesmo é para os de coragem. Coragem, pois, meu Colorado. Coragem!

 

CURTAS                                                                              

– Não se faz um omelete sem quebrar alguns ovos. Da mesma forma que não se vai adiante numa competição no futebol sem jogar… futebol;

– Uma semana atrás eu dizia que era nós ou eles. Não levou nem 7 dias para o Edenilson provar que tenho razão;

– Internacional em campo parecia um bando de juniôr contra um time profissional;

– Me repetindo: diariamente notícias sem sentido rondam o Internacional. Mas essa da renovação do Heitor parece superar todas as (baixas) expectativas”. Bingo (!);

– Apostem tudo num centroavante de verdade. Alemão pode ser voluntarioso mas não para em pé. Não chegaremos a lugar nenhum só com ele;

– Não há coincidência no fracasso quando Edenilson não sai de modo algum do time. E Moisés a tira colo;

– Nossa direção que não se impõe e consegue ver o time ser afanado em qualquer campeonato, ficando por isso, vai conseguir a façanha de terminar a temporada em junho uma vez mais. Heróis!

 

PERGUNTINHA

Até onde vai a tua fé, Colorado(a)?

 

O que nos resta é ter coragem pelo Internacional!

PACHECO

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