OS CHATOS
Fosse para um torcedor qualquer agir com a razão debaixo do braço, certamente esse indivíduo sequer mais assistiria ou pensaria em futebol. Futebol é feito de pitadas de loucura com doses generosas de falta de lucidez. Redundância? Pode até ser, mas isso é o que é o futebol e ponto final. As vezes mais, as vezes menos, mas sempre assim. Alguns definem como paixão, o que pra mim é outra coisa. Paixão pode ter loucura e falta de lucidez por um tempo; depois vira amor ou ódio (ainda que de si mesmo). Futebol quando nos pega é para sempre.
Aí quando chegamos às cercanias da Torcida Colorada eu sempre me pergunto se somos um pouco diferentes(?). E não para melhor(!). Obviamente tem a loucura e a falta de lucidez, mas tem também muita chatice. Muita gente chata, xarope e, não raro, sem um pingo de razão. Vejam bem, razão já não é o forte de qualquer torcedor de clube de futebol e, na humilde visão deste figurante da terceira idade, ainda é aquém em alguns torcedores do Internacional.
Não são todos, é verdade, mas são muitos. Uma perturbadora quantidade.
Lá atrás, antes das glórias dos anos 70, a Torcida Colorada vaiava o jovem Valdomiro. Eu sei porque vivi aquele tempo ainda que meio à distância, ainda. O rapaz por vezes já era malhado só por botar o topete na boca do túnel. Sorte a do Internacional e daqueles abobados que lhe vaiavam é que o catarina era um abstinado e não vencer com a camisa Colorada não passava por sua cabeça. Fora dos treinos, no seu período de folga, usava uns sapatos de ferro para ganhar força nos membros inferiores. Só parou quando venceu e como venceu… Está na galeria dos maiores de todos os tempos. Que estupendo jogador. Um homem de fibra e coragem.
Não vai muito, embriagados pela falácia da reconstrução, pós 2017, a torcida ia pro Gigante para bater palma até pra empate medonho dentro de casa. Demorou muito para cair a ficha. Demorou muito para Dourado, Edenilson e Cia ganharem do velho Bêra a sonoridade da última vogal do nosso alfabeto. Aí quando tudo parecia que era sem volta, bastou um joguinho mais ou menos aqui ou outro ali, para os heróis passarem incólumes. A culpa do empate do final de semana foi do garoto Estevão.
Com a idade dele eu já era homem feito, pagando aluguel e tudo mais na cidade grande. Na prática deveria ser tratado como adulto, que joga num time de massa como o Inter, cuja pressão é infernal. Não sabe lidar com a pressão, nem entra em campo. O futebol é, contudo, paternalista. É garoto e ponto final.
Tomara que o Estevão tenha na sua mente que desistir não é uma opção. Não vencer com a camisa do Internacional não é uma opção. Bom jogador me parece que é. Que a história assim conte. Tal qual grande jogador Valdomiro sempre foi. E que a história fez questão de nos contar.
É o que espero não deixar fugir da minha memória. Das grandes coisas que vi e dos grandes jogadores que botaram no bolso essa parte chata da torcida.
E os chatos são uma perturbadora quantidade impressionante de muitos. Tantos e tantos…
CURTAS
– Vem cá, se empata com o poderoso Avaí em casa, vai ganhar de quem? Não foi esta pra seção “perguntinha”, pois, reconheço que o time tem evoluído e a bola teimou em não entrar. Mas que bosta de resultado;
– Vou me repetir porque velho sempre conta as mesmas coisas: acredito em redenção no futebol, mas parem de tentar nos atochar Rodrigo Dourado;
– Gabriel está longe de ser meu centromédio dos sonhos. Agora é mal necessário para oxigenar esse time e livrar-nos do mal verdadeiro;
– Me agrada o perfil e o futebol de Carlos de Pena. Pero não gostei das duas últimas atuações do uruguayo;
– Da outra vez minha suerte guaraní só serviu pra derrubar o velho treinador. Não foi de toda perdida, é verdade. Menos mal que o Internacional parece ter muito mais suerte nas polcas paraguaias que eu já tive outrora.
PERGUNTINHA
Taison não joga por estar servindo na Ucrânia?
Vaiamos os que merecem, Torcida Colorada!
PACHECO