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Valendo-me da linguagem dos jovens de hoje em dia, diria que o Internacional não pode ver um fiasco na Copa do Brasil que logo corre para abraçar. Incrível como ao longo do tempo (nem tão longo assim) conseguimos passar tanta vergonha nessa competição.

Só que hoje não será mais um destes episódios. Não hoje. Assim eu confio, sinceramente.

A querida Vovó (por parte de mãe) foi a pessoa mais doce e gentil que eu conheci. Viveu menos do que merecia e infelizmente padeceu muito no seu derradeiro leito. Desde moça aprendeu a tocar a fazenda, já que nela praticamente viviam somente mulheres. Não eram sete, como no livro que gerou a famosa minissérie, mas era um casarão centenário de mulheres de brio. Tanto por isso, com o passamento precoce de Vovô, não precisou muito para que tomasse as rédeas do sustento da família que era a criação de gado.

Além duma quituteira de mão cheia, Vovó era bastante prática. Ao contrário de seu marido, tinha a mente mais aberta; por exemplo, enquanto para ele era um escárnio tirar espaço do gado, ela entendia que lavrar um pedaço de campo para uma lavoura e o plantio de alguma cultura era bastante producente para além da engorda do gado no inverno. Não chegava a ser uma mente aberta, afinal, naquele tempo modernidade não se conhecia, mas enxergava além dos horizontes da cancela de sua propriedade.

Entretanto, quando o assunto chegava nos cavalos aflorava um pragmatismo em Vovó. Afora o velho Tubiano que virou o xodó dos netos (inclusive e principalmente deste que vos escreve), resguardado encantado por sua mansidão, os demais animais deviam servir e estarem prontos à lida campeira. Cavalo para andar solto no pasto, vagando a esmo pelos campos dobrados da serra, para ela não servia. Ao seu entendimento, antes de tudo, um cavalo deveria ter sua própria valentia para encarar o que viesse pela frente, quer um perau, uma vertente ou, principalmente, um banhado. E estes eram muitos lá pra fora.

Há algum tempo parte da nossa torcida e adjacências andam tratando o Internacional como um cavalo cansado. Não julgo, afinal, o próprio Colorado muitas vezes faz questão de assimilar para si esta pecha. Ao certo é que o Inter é de fato um cavalo amolado, desiludido de algumas carreiras em que esteve tão perto do pódio e, no último quarto, perdeu o fôlego e ficou pelo caminho.

A verdade, contudo, é uma só: o próprio Internacional é que tem que saber que tipo de cavalo ele quer ser neste páreo. Em se tratando de Copa do Brasil tem sido historicamente um animal manso, que até diverte por um tempo, mas não vai longe. Se escolher passar hoje, e é sua obrigação – convenhamos, ao menos vai parecer mostrar que a versão cansada ficou para trás. Evidenciado é que tem que se mostrar um cavalo pronto para a lida, como a saudosa Vovó esperava que fossem os seus.

Tal qual a querida Dona Neuza e os seus cavalos, eu espero que o Internacional, hoje, seja valente. Ter sua própria valentia para encarar o que vier pela frente.

E vencer nas Alagoas. Vencer esta carreira.

 

CURTAS          

– Mano Menezes na última partida mostrou ter evoluído em relação a si mesmo. Teve sucesso em suas substituições, porém muita sorte também;

– Mas, convenhamos, no futebol não são os azarados os premiados;

– Sempre gostei de Maurício, ainda que pareça uma eterna gangorra. Vou dar um desconto pois tem em casa um “belo” motivo para por vezes render menos do que pode;

– Sem empolgação prévia, todavia, com relação a Gustavo Campanharo adiantei aqui minha boa perspectiva;

– Jogamos por dois resultados (empate e vitória) e com jogo à feição do treinador: o contra-ataque. Talvez fosse jogo mesmo para segurar Alan Patrick no banco. Pouparia Renê também;

– Aliás, por falar em Renê, não é um craque mas é um jogador valoroso taticamente;

– Já Tauan Lara que demonstrei aqui não levar fé, tem me surpreendido positivamente;

– Tá fácil fazer jornalismo hoje em dia. Burrice seria do próprio Igor Gomes não querer jogar de lateral por ser zagueiro, quando justamente o que mais falta no futebol mundial é um bom lateral;

– Os mais pessimistas acham que sem zebras até agora na rodada da Copa do Brasil, o fiasco recairá no Colorado. Síndrome de vira-lata aqui não. Vamos vencer e bem. “Printem e me cobrem depois”, como diriam os jovens.

 

PERGUNTINHA

Bastidores do Clube do Povo escondidos do Povo Colorado?

 

Aos poucos as melancias vão se ajeitando na carreta, Nação Colorada.

PACHECO

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