O sonho do tetra
Voltar ao BLOG VERMELHO para falar em sonho de ser campeão de qualquer coisa beira à blasfêmia e falar em ser tetra campeão brasileiro, hoje, véspera da estreia é pura heresia; daquelas de fechar as portas do paraíso inclusive para o ser mais devoto e temente a Deus, em que pese não seja o meu caso.
É verdade que olhando o time em campo parece que estamos mesmo num mato sem cachorro. Inclusive, revisitando meus textos aqui no BV, assinados por mim em momentos difíceis nos quatro anos que por aqui estive como Colunista, enxergo uma repetição de títulos que poderiam agora adjetivar este meu ‘meio retorno’, meio um mero ‘matar de saudade’.
É a rigor a necessidade de externar minhas angústias com o momento atual. Como também, de tentar buscar uma luz no fim do túnel. Ou é isso ou é ficar louco. Quem aqui não está se sentindo assim?
Por muitas e muitas temporadas, condição imposta pela imprensa do centro do país (já que para nossa o Internacional sequer existe como algo efetivamente concreto), estivemos puxando a fila dos candidatos a título nacional (e saindo da fila). Agora soube (tenho assistido futebol e suas coisas cada vez menos) que fomos colocados por um jornalista paulista como candidato novamente, mas desta vez ao rebaixamento.
Vejam bem, em pouco mais de década e meia, talvez, saímos de um time candidato ao título para o rebaixamento. No quesito moral (ao menos para nós torcedores) é quase um golpe fulminante! Entretanto, no quesito prático da coisa, talvez seja uma coisa boa.
Estou cada vez mais louco? Pode ser. Explico-me, sem embargo.
Por mais que realmente o que eu vá dizer pareça sonho; ou até pior, devaneio ou insânia, afinal o time parece não ter nada, a direção se revela amadora dia após dia e o treinador totalmente perdido, esta ‘pecha’ de candidato ao título nunca nos rendeu coisa alguma. No máximo, frustrações para nós mesmos torcedores que compramos a história enquanto o time dentro de campo, na hora do “vamos ver” não segurava o rojão.
Ao final da temporada, após vices amargos (2009 e talvez 2020 – já que não éramos propriamente candidatos) ou terceiros lugares advindos de derrotas para times inexpressivos, só sobrava a expectativa para a temporada seguinte. O imaginar que se havíamos chegado tão perto no ano anterior é porque a coisa ia, enfim, acontecer no ano vindouro.
E nunca aconteceu. Seguimos no quase que já perdura por quarenta e três longos anos.
Esse “olhar 43” que agora parte quase que de uma ideia utópica, visto que até para grande parte da torcida fugir do rebaixamento é o nosso título pode, portanto, ser a tal “coisa boa” a nos acompanhar. A ideia do time azarão, que não é visto por ninguém, quiçá desprezado por sua própria gente (dirigentes, torcida e imprensa) e que não dá qualquer esperança de um futuro sequer razoável, porventura de alegria e festa.
Por mais duro e louco que poça parecer, é justamente em momentos como este, de angústia e aflição, que parece que a luz aquela no fim do túnel aparece. Com a licença poética do artista popular Moacyr Franco, repito seu lema e que se encaixa muito na situação atual do Internacional e sua torcida: “quando a noite estiver mais escura é porque está perto de amanhecer. A vida sempre começa de novo”.
Em meio a esta escuridão retinta que vivemos com o Inter, quero crer que pode amanhecer a qualquer momento. Que sonhar não custa nada, inclusive, com o tetra campeonato brasileiro.
Por fim vos digo que, com a concordância do Boss, voltarei vez ou outra – em finais de semana que estão sem escritores fixos, talvez uma vez por mês. Não como Colunista, mas um parceiro do BV para falar das angústias e quem sabe das alegrias Coloradas. Encerro, parafrasendo o Seu Pacheco, que brilhantemente ocupou meu espaço por aqui: é na hora da fumaça que os parceiros de acuieram!
Se ‘acuieramo’ torcida Colorada!