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Paira no imaginário do cotidiano ou no cotidiano do imaginário, como queiram definir, uma ideia de “sebastianismo” – quando se espera a chegada/vinda de alguém capaz de, travestido de herói, cessar mal injusto e grave conduzindo a nós todos pelos vales da perseverança. Crendice portuguesa que obviamente está enraizada por aqui, afinal, gostemos ou não, é a cultura mais absorvida em termos de país; mesmo nas particularidades do Rio Grande, miscigenado, também não fugimos à luta da esperança de novos e melhores dias.

Enfim, começo com essa baboseira toda para introduzir onde está a lógica do título da coluna de hoje. Tal qual no cotidiano como um todo, o nosso Colorado claramente espera, como num passe de mágica, a chegada do herói no cavalo branco alado que nos levará, novamente, ao caminho dos títulos e glórias do desporto nacional e internacional. O salvador da pátria, em linhas gerais.

Vamos combinar que se o novo técnico (caso surja um mesmo) for o português Marco Silva, especulado nas rodas de redes sociais (saudade de quando a discussão era em botecos da vida), toda tolice descrita nos parágrafos anteriores soaria até melhor, afinal, o sebastianismo vem justamente da terra dele, talvez até incorporado nessa ideia de “o salvador”. Porém, no momento que eu escrevo (e ainda é quarta-feira, antes da partida a que obrigatoriamente falarei na sequência), boatos dão conta de que Diego Aguirre tende a ser o novo treinador. Muitos entusiasmados, a minoria nem tanto.

Desta vez, acompanho a minoria.

Parece-me que há uma espécie de tentativa talvez empírica de criar na figura de Aguirre uma ideia de continuação dum trabalho que vinha dando certo quando fora, abruptamente, rompido no meio do caminho. De fato acontecera e talvez essa ideia exista muito mais em decorrência do que ocorrera depois (inclusive em 2016), do que propriamente em razão do trabalho efetivamente apresentado pelo uruguaio que, na visão deste que vos escreve, fora tão somente razoável. Chegou nas semifinais da libertadores? Sim. Mas desde quando isso efetivamente pode ser parâmetro de análise de qualidade de um trabalho desenvolvido num clube do tamanho do Internacional? Ou seja, é só pela mística do “portal” a ser fechado mesmo…

Em campo, ontem, efetivamente vimos o time do Internacional? O esquema não foi o propositivo de Ramirez ou o reativo de Abel, mas sim o aleatório do Edenilson e da Pantera Gorda que, fosse um clube sério, estaria afastado e multado pela forma física deprimente. Ambos até o último minuto em campo, afinal escolheram o atual comandante; zombando da torcida nas entrevistas pós jogos. Internacional virou clube passivo, terra de ninguém. Um amontoado em campo… Perdemos um monte de gols e também a partida. E Taison. Além que o Beira Rio virou campo neutro, não assusta mais ninguém. Quadro preocupante que já beira o assustador.

Por fim, para que não me furte de falar sobre quem penso que seria o treinador ideal, vos digo que estou num raro momento de “tanto faz”. Honestamente, depositei fé nessa nova gestão e ações (ou falta de) deliberadas vem me impondo um sentimento de indiferença preocupante. E tem muitos assim como eu. Entretanto vos digo que o salvador da pátria já foi Sassá Mutema: humilde, tosco e singelo. Ficcional, é bem verdade, mas será mesmo que o Sport Club Internacional (e sua torcida) vivem mesmo a lógica da realidade?

A ver.

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