NOSSA BASE ou DESFOCANDO
O assunto que domina a mídia, como não poderia deixar de ser, é o mundial das arábias.
Desfocando, vou falar da nossa base, novamente.
Olhando nossos jogos, tanto sub-20 como aspirantes (lembrando que boa parte é sub-20) e até o jogo das seleções estaduais, ontem, não se vê grandes coisas. A sensação, Ronald, está muito cai-cai, reclamão e pedinchão, coisas que afastam um jogador do sucesso, inclusive cada vez mais analisadas antes de uma negociação com times de ponta da Europa. Não basta ter técnica e preparo físico, tem que ser esportista. Neymar sofre com isso, e acho que vai sofrer mais ainda.
Apesar de tudo isso, somos campeões brasileiros do torneio dos aspirantes, somos semifinalistas, hoje, contra o Palmeiras, no torneio sub-20, e temos bons resultados nas categorias menores, que não vou relatar.
Nos aspirantes, ganhamos do Santos, que até enfrentar o Inter, era 100% na competição, e ainda acho que tem um time e individualidades melhores que os nossos, mas foram dois jogos, e ganhamos um e empatamos o outro.
No sub-20, após quase eliminados, e ajudados por resultados paralelos, depois ganhamos do Galo, favorito ao título, e que tem um time muito bom também.
Quando falo muito bom, ou em bons resultados da base, dou o desconto de tratarmos de guris, normalmente afoitos, ansiosos, individualistas e imediatistas; na maioria deles, fominhas e que querem resolver tudo sozinho. Essa análise é necessária, pois o amadurecimento vem um pouco depois, com o tempo, com os experientes. Jogador pronto aos 19 é peça rara, raríssima. Ganso era assim, e hoje está no ostracismo, ainda que por lesão. Outro destaque, não muito querido entre nós, é Giuliano, que pouco mudou de seu bom futebol, e já se apresentava muito bem com pouca idade.
A discussão de sempre, com a base, é se deveria buscar títulos ou preparar jogadores. Treinar guris é muito difícil, pois se os egos dos craques são difíceis de administrar quando adultos e maduros, imaginem quando acham que podem ser o melhor do mundo aos 20, por isso acho muito bom o trabalho do Cobalchini e do Clemer.
Mas o principal ponto que quero chegar é valorizar essas conquistas, pois se olhando por critério técnico, não encontramos nenhum grande jogador, imagine na base dos outros times que não foram adiante nessas competições.
Na minha avaliação, base serve para preparar jogadores, e não para ganhar títulos, mas ganhar esses títulos não é ruim. E não acho que nossa base esteja aquém do esperado. Jogadores como Valdemir, ou Val, que foram trabalhados de atacante à lateral direito, mostra, no mínimo, avaliação, ainda que seja errada. Yan Petter, de meia atacante pela direita, transformado em lateral esquerdo também reflete que há avaliação, há trabalho, há, pelo menos, uma tentativa de aproveitamento do que os guris podem apresentar de melhor.
Arthur, do co-irmão, teve sua chance e a agarrou, mas quem lembra do noticiário anterior, vai rememorar que Renato não o queria como volante, pois com a sua habilidade, era pra jogar mais adiantado, em um erro clássico de avaliação que poderia detonar uma carreira.
Creio que a grande falha do Inter, nestes últimos anos, é a ascensão dos guris para o profissional, mais propriamente, a forma como isso tem sido feita. Acredito que temos talentos sim, não é por acaso que Andrigo foi pretendido aos 15 anos, e há outros exemplos que não vingaram, ou ainda não, mas temos jogadores recentemente vendidos para Liverpool e, acho Juventus.
Contudo, no Inter, são colocados em uma partida como salvadores, tendo, no anos passado, 45 minutos para mostrar que são craques, ou não têm mais chances. Não há sequência, preparação ou planejamento, mas uma busca por resultados imediatos com muito menos chances que jogadores já preparados.
Para os que dizem que aos 18, 19 já deve estar pronto e mostrar serviço, lembro do processo que levou Neymar e Ganso à titularidade, quando Dorival os fez amargar reserva e foi demitido. Não sei se é o ideal, nem tenho a fórmula de ascensão perfeita, mas os últimos que subiram e deram algum resultado, nem que seja financeiro, foi com Aguirre e seu rodízio.